Maria Quitéria da Bahia. Pisar e cultuar o chão: territorialidades de uma preta-velha
Resumo
A partir do relato de Maria Quitéria da Bahia, preta-velha manifestada no terreiro de umbanda Ègbé de Oxalá, transformo a escuta em escrita para compreender o processo de des/reterritorialização vivenciado pelos povos da diáspora africana que ao serem arrancados de seus territórios perderam o chão e sua relação com ele. A partir do processo de apropriação da nova terra que lhes foi imposta, esses povos fortaleceram suas identidades a partir de práticas e ritos cultivando o chão. Olho para os pontos riscados dessas entidades como possibilidade de superação da colonialidade a partir da perspectiva de prática e saberes de povos que resistiram ao projeto colonial garantindo a permanência da vida. Com isso, essas grafias ancestrais riscadas com pemba branca, uma espécie de giz utilizada em terreiros, podem transformar nosso estar no mundo nos conectando com outras cosmologias.