Sobre o Comum na Saúde Mental: Clínicas abertas de psicanálise no Brasil e uma ética do estar-junto
Resumo
A história política da psicanálise é marcada por uma tensão entre a reprodução da alienação, já amplamente criticada, e sua capacidade de abrir espaços radicais para repensar a subjetividade e praticar a coletividade. Esta pesquisa foca nos momentos em que clínicas abertas [free clinics] fugitivas são formadas, funcionando em atrito com o establishment psicanalítico e centradas na desindividualização e nas práticas comuns no âmbito clínico. Neste ensaio, as autoras acompanham clínicas abertas no Brasil, desde a década de 1970 até o presente. Estas são clínicas marginais e fronteiriças. Desenvolvendo um vocabulário para explicar o que as autoras chamam de "comum na saúde mental ", elas atendem a cenas de fugitividade, à escuta territorial e a uma "corrupção" criativa da psicanálise e suas práticas convencionais. Em última análise, o que emerge é um conjunto de clínicas abertas autônomas, emancipatórias, onde a criatividade e a imaginação são potentes e os sintomas sociais se transformam em vínculos afetivos, comumente desencadeados.