A Paródia como estratégia seiscentista
Dom Quixote de la Mancha e a tradição medieval
DOI:
https://doi.org/10.55702/medievalis.v12i2.62658Resumen
A crítica literária considera a paródia como uma sentença desviada de seu sentido original, que imita e, em alguns momentos, ridiculariza algo, amplamente utilizada pelos escritores, cabendo principalmente à Retórica estudá-la há séculos. A literatura barroca a utilizou amplamente, visando principalmente um trabalho com a linguagem jamais feito até então. Pode-se tomar o Dom Quixote de la Mancha como uma obra de paródia por excelência, já que no prólogo, Cervantes afirmava que o objetivo central da narrativa era combater os livros de cavalaria mal elaborados. Portanto, Cervantes ridiculariza o anacronismo das novelas de cavalaria, ao criar uma forte tensão entre o ser e o parecer, e lança mão de um protagonista que, nas palavras de Ian Watt, funcionaria como um mito do individualismo moderno. Mas Cervantes vai além, ao publicar a segunda parte do romance e parodiar a primeira, fazendo com que os personagens citem em diversos momentos a primeira parte e zombem da continuidade feita por Alonso de Avellaneda. Essa apresentação pretende, pois, mostrar como Cervantes lança mão da paródia e como essa característica era uma constante na literatura barroca.
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