“Job é o homem moderno”: a modernidade, a dúvida e o mal em Agustina Bessa-Luís

Autores

  • Rodrigo Valverde Denubila UNESP/FCLAr

DOI:

https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2019.v16n2a38187

Palavras-chave:

Agustina Bessa-Luís, Contemplação carinhosa da angústia, moderno, modernidade, mal.

Resumo

No ensaio “A educação na fé”, presente em Contemplação carinhosa da angústia, Agustina Bessa-Luís (2000) entende que a personagem bíblica Jó equivale ao homem moderno. Diante dessa percepção aparentemente anacrônica, investigam-se as razões envolvidas nessa aproximação por intermédio dos conceitos de moderno, de modernidade, de pós-moderno e de pós-modernidade, bem como pela temática fomentada pelo texto religioso, como o mal, o sofrimento e a natureza divina. Nesse percurso, ganham contornos aspectos estruturais e temáticos qualificadores da poética da romancista portuguesa, como a valorização da multiplicidade inerente ao romance como enciclopédia aberta, a pulverização de perguntas, a problemática do mal e a presença da angústia. Retoma-se a fortuna crítica acerca da autora pelas reflexões de Silvina Rodrigues Lopes (1992), assim como se vale das meditações sobre o moderno e o pós-moderno, bem como sobre o texto bíblico e sobre o mal com base em Frederico Lourenço (2017), Étienne Borne (2014), Harold Bloom (2005), Sigmund Freud (2011), Clément Rosset (1989), Andreas Huyssen (1991), Octavio Paz (2013) e Gianni Vattimo (1996).

Biografia do Autor

Rodrigo Valverde Denubila, UNESP/FCLAr

Doutor em Estudos Literários (Doutorado Direto) pela UNESP/FCLAr, com uma tese sobre a ficção de Agustina Bessa-Luís, produzida a partir da década de 1980. Foi Professor Substituto na UFTM e, atualmente, é Pós-Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da UNESP/FCLAr, sob a supervisão da Profa. Dra. Maria Lúcia Outeiro Fernandes, com Bolsa CAPES/PNPD.

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Publicado

2020-09-22