Finisterra: O autorretrato derridiano de Carlos de Oliveira

Authors

DOI:

https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2021.v18n2a46050

Keywords:

Carlos de Oliveira, Jacques Derrida, autorretrato, ruína, Finisterra

Abstract

Partindo das concepções de Jacques Derrida sobre a ruína como autorretrato, este artigo pretende ensaiar uma análise da obra de Carlos de Oliveira, escritor português que completaria seu centenário no ano de 2021, com ênfase na obra O Aprendiz de Feiticeiro (1971) e em seu último livro Finisterra: paisagem e povoamento (1978). Em um primeiro momento, pretende-se discutir brevemente as definições de autorretrato e autobiografia em Jacques Derrida e Paul de Man, além de pontuar a estética das ruínas de Sophie Lacroix. Posteriormente, recorrendo aos conceitos de reflexão e fragmento de Walter Benjamin, procurar-se-á aplicar essas ideias às obras de Oliveira, associando o trabalho incessante de representação da gândara, sob a perseguição política do regime salazarista, a uma tentativa de autorrepresentação e resistência através da ruína da paisagem de sua infância.

Author Biography

Thalles Candal, Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Bolsista Capes de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ. Pela mesma instituição possui Graduação em Letras: Português e Literaturas de Língua Portuguesa (2019) e Mestrado em Letras Vernáculas, com ênfase em Literaturas Portuguesa e Africanas (2022), com a Dissertação: O jogo de cena da escrita: os espelhos do lúdico e do literário em Finisterra de Carlos de Oliveira.

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Published

2023-03-16