Um café para dois

Authors

  • Guilherme de Sousa Bezerra Gonçalves UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2015.v13n2a5095

Abstract

Porque a poesia lida com abismos, é intrínseco à sua condição literária o estatuto da perda. E talvez essa afirmação -- em iniciática posição, à moda mesmo de uma epígrafe -- soe um tanto ou quanto temerária, na medida em que exclui das formas romanescas mais ortodoxas a potencialidade de também verter em linguagem muitos dos mistérios que nos circundam. Reverberariam, no intuito de provar por circunstâncias e exemplos a mobilidade da prosa quanto ao gênero, um sem fim de referências e citações que, reunidos em um compêndio, apenas atestariam aquilo que, objetivamente, intentamos pôr em relevo. Ao passo em que cada verso poemático encerra em seu próprio cenho
uma realidade -- a imagem, em última instância -- una e particular, transgressora da lógica cartesiana que regula a ordenação gramatical, as linhas de um texto em prosa tendem às amarras aprisionadoras da sintaxe e sujeitam-se, em algum grau, à premência de um sentido mais linear e, portanto, concatenado.

Published

2016-11-10