Da (im)permanência pessoana
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2021.v1n18a51000Abstract
Com o pressuposto de que há uma recorrente e determinante prática de citação a caracterizar a poesia portuguesa pós-90, buscamos demonstrar, neste artigo, como a poética e a prosa reflexiva de Fernando Pessoa, na sua multiplicidade e fragmentação, além de muitas marcas de leitura de textos alheios, retornam na escrita de alguns poetas portugueses mais recentes. Se, por um lado, na poesia portuguesa pós-90, silencia-se Pessoa como centro exclusivo de atração, como grandeza literária estática, de outro, manifestam-se práticas de deslocamento de suas personas líricas para outra contemporaneidade, a nossa. Entre essas personas, a inclusão de Cesário Verde, que Pessoa leu atentamente e tornou um interlocutor desejado. Com abordagem teórico-crítica sobre citacionalidade (Benjamin e Compagnon), “o gênio não original” (Perloff) e o “interruptor imprevisto” (figura delineada pelo próprio Pessoa), observaremos o que chamamos de (im)permanência pessoana em alguma poesia portuguesa mais recente, partindo, porém, de um escritor anterior, Carlos de Oliveira, que pensou a escrita fragmentária pessoana como espaço propício a recriações alheias.References
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