Paisagem com a queda de Celestino: sobre A visão das plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2022.v19n1a55387Keywords:
Djaimilia Pereira de Almeida, A Visão das plantas, Narrativa portuguesa contemporânea, JardimAbstract
Este artigo propõe uma leitura do romance A visão das plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida, posto em diálogo com o ensaio “A Nau de Ícaro”, de Eduardo Lourenço, e com a tela de Pieter Bruegel que o inspira: Paisagem com a queda de Ícaro. A questão central da análise é a relação que a narrativa ficcional estabelece, por meio do tema do duplo e da estrutura do sintoma, entre duas fases da vida de seu protagonista, que são também metonímia de dois momentos da história portuguesa: o passado, tempo do mar, em que o Capitão Celestino comandava um navio negreiro, e o presente, tempo da terra, em que retorna à casa e se dedica a cultivar um jardim. Discutem-se os sentidos de oposição ou correspondência, reparação ou representação que articulam esses tempos, bem como o estatuto ético que lhes é conferido. Contribuem para a leitura reflexões de Emanuele Coccia, Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben e Walter Benjamin, que de diversos modos investigam vínculos entre natureza, história, testemunho e narração, fundamentais no romance estudado.
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