A crítica da temporalidade ocidental nas entrevistas de Mário Cesariny

Abstract

Mário Cesariny desenvolveu ao longo das diferentes facetas da sua obra uma ampla intervenção crítica, procurando descrever os propósitos fundamentais do movimento surrealista internacional e a singularidade do Surrealismo português. Neste texto, propõe-se uma reflexão sobre a crítica de Cesariny ao paradigma civilizacional de matriz europeia e a configuração de um enquadramento específico para o caso português. Problematiza-se a especificidade da abordagem do autor ao problema da temporalidade, essencial para a discussão do totalitarismo epistemológico ocidental, de matriz grega e com repercussões globais a partir do século XVI, e para a singularização de Portugal como expoente literário e cultural cujo ocaso coincide com a ascensão da Europa como conceito. Toma-se como suporte da análise uma vertente específica da sua intervenção pública, as entrevistas que foi concedendo ao longo das décadas.