What’s in a name? a sida na narrativa portuguesa contemporânea, entre inscrição e silêncio
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2020.v17n1a34602Palavras-chave:
sida, narrativa portuguesa contemporânea, silêncio, representação literária da doença.Resumo
Pretende-se, neste artigo, analisar a tematização da sida na narrativa portuguesa contemporânea, partindo de uma prospeção não exaustiva da sua inscrição ficcional num corpus selecionado – e que integrará narrativas de Guilherme de Melo, Domingos Lobo, Eduardo Pitta, Teolinda Gersão, Pedro Vieira ou Inês Pedrosa – para, em momento posterior, averiguar as razões explicativas da presença lateral ou rarefeita da doença no romance português contemporâneo. Com efeito, na ficção portuguesa contemporânea, é verdadeiramente excecional a presença de uma (auto)ficção de sentido agónico-testemunhal, consubstanciada num romance da sida, ao invés do que se verifica noutros campos literários. Assim, partindo de uma recolha representativa de narrativas em que a experiência da sida assume variável relevância diegética, nelas se analisará a presença vestigial da doença, tentando justificar a exploração mais assídua do tema em obras excêntricas ou tangenciais ao cânone literário, frequentemente próximas do romance documental.
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