O museu dos “objectos mortos” e a “procura de novas formas de ficção”: Afonso Cruz e a ressureição de cadáveres pela linguagem artística
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2020.v17n1a35263Palavras-chave:
Afonso Cruz, conto português contemporâneo, Síndrome de Diógenes, morte.Resumo
O presente artigo tem por finalidade apresentar uma leitura crítica do conto “Síndrome de Diógenes”, inserido na coletânea Uma dor tão desigual, de autoria do escritor português contemporâneo Afonso Cruz. A partir da análise das personagens, serão destacadas as características de personalidade pertencentes à síndrome citada, as relações entre a vida e a morte, e a ressignificação do vazio existencial por meio da ficcionalização da memória e do processo de criação. Ao identificarmos algumas estratégias inerentes à filosofia de composição do autor, apontaremos a recorrência de personagens excêntricos, capazes de criarem “museus imaginários” ou “museus de coisas desinteressantes”, o que se refletirá, na estrutura narrativa, através do paradoxo e da ambiguidade. Como apoio para determinadas reflexões críticas, surgem, no decorrer do texto, alusões a Georges Bataille, Jean Starobinsky e Georges Didi-Huberman, entre outros.
Referências
BATAILLE, Georges. O erotismo. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas III: Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989, p. 33-65.
______. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
CRUZ, Afonso. Síndrome de Diógenes. In: CAMARNEIRO, Nuno. & PEDREIRA, Maria do Rosário. (Org.). Uma dor tão desigual. Portugal: Leya, 2016. Epub.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Cascas. Trad. André Telles. São Paulo: Editora 34, 2017.
______. O que vemos, o que nos olha. Trad. Paulo Neves. 2º ed. São Paulo: Editora 34, 2018.
FLORES-JÚNIOR, Olimar. Usos e abusos da antiguidade clássica: sobre a apropriação do cinismo grego na descrição contemporânea de distúrbios psíquicos. Aletria, jan-jun., 2006, p. 175-191.
PAZ, Octavio. O labirinto da solidão e Post. Scriptum. Trad. Eliane Zagury. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
PEREZ, Daniel Omar. A loucura como questão semântica: uma interpretação kantiana. Trans/Form/Ação. São Paulo, nº 32.1, 2009. p. 95-117.
PIGLIA, Ricardo. O laboratório do escritor. Trad. Josely Vianna Baptista. São Paulo: Iluminuras, 1994.
RANCIÈRE, Jaques. A partilha do sensível: estética e política. Trad. Mônica Costa Neto. São Paulo: Editora 34, 2005.
REAL, Miguel. O romance português contemporâneo 1950-2010. 2º ed. Portugal: Caminho, 2012.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Trad. Vergílio Ferreira. Lisboa: Presença, 1978.
STAROBINSKI, Jean. A melancolia diante do espelho. Três leituras de Baudelaire. Trad. Samuel Titan Jr. São Paulo: Editora 34, 2014.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).