“Perfume”, de Lídia Jorge: é possível dar corpo a um passado retido na memória?
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2020.v17n1a35732Palavras-chave:
“Perfume”, Lídia Jorge, Ficção Portuguesa Contemporânea, Século XXI, Imagem, Memória.Resumo
A partir das reflexões de Lídia Jorge, presentes no ensaio “Para um destinatário ignorado” e na entrevista concedida a Ana Paula Ferreira e a Amélia Hurchinson, em “Para um leitor ignorado, pretende-se analisar o conto “Perfume”, inserido em Praça de Londres (cinco contos situados). O viés filosófico de Didi-Huberman, relacionado à imagem sobrevivente e à possibilidade de dar corpo a um passado retido na memória, e as reflexões sobre “o destino das imagens” de Jacques Rancière, passíveis de ratificarem a temática básica do conto, serão utilizados como base teórico-conceitual. O processo de interpretação literária buscará ressaltar as seguintes questões, inerentes à gênese da escrita da autora portuguesa contemporânea: a) a imagem, retida na memória do narrador-personagem, “continuará a brilhar no escuro da sua imaginação e alimentará um território de tal forma carregado de beleza e violência, que resultará numa espécie de obstinação tão sedutora quanto incontrolável”; b) a apreensão do “espaço como um intervalo que age” e a constatação de “ atos passionais que habitam os seres humanos e que se revelam em todo o seu esplendor”; c) a revivescência da questão ontológica de raiz pessoana, capaz de declinar “ até ao infinito não só a impossibilidade de definir, como a própria impossibilidade de ser”; d) as estratégias discursivas passíveis de “representar o irrepresentável, o indizível e o inelutável” e e)a questão recorrente na estética da modernidade: o desejo e a (im) possibilidade da fala.Referências
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