Chamada para Dossiê: "Política Externa, Desenvolvimento e Autonomia: reflexões a partir do legado de Samuel Pinheiro Guimarães"

2024-02-19

Organizadores do Dossiê

Thiago Rodrigues (INEST/UFF)

Cristina S. Pecequilo (Unifesp)

Raphael Padula (PEPI/UFRJ)

 

Ao longo de sua vida, Samuel Pinheiro Guimarães combinou atuação política com reflexão intelectual, atuando como diplomata, professor, em cargos políticos importantes no Brasil e no exterior, colocou suas ideias em ação, deixando um enorme legado político, institucional e intelectual. Vale lembrar que, na posição de Secretário Geral do Ministério das Relações Exteriores (2003-2009), participou da construção e execução da política externa “ativa e altiva”, juntamente com o ex-chanceler Celso Amorim e com o Marco Aurélio Garcia.

Sobretudo, Pinheiro Guimarães foi um pensador sobre o Brasil, sua formação e inserção internacional autônoma, combinando múltiplas dimensões - política, cultural, científico-tecnológica, de segurança e defesa, e de desenvolvimento socioeconômico – dentro de estruturas hierárquicas desiguais e históricas de poder e riqueza. Partindo de tais estruturas, Pinheiro Guimarães identifica desafios, tanto internamente no Brasil, quanto para sua inserção no sistema internacional, mas, ao mesmo tempo, potencialidades e caminhos para o Brasil. Nesse sentido, destaca o papel da integração sul-americana e o papel do Brasil na região e no sistema internacional, em decorrência de suas características peculiares, presentes em poucos países do mundo, combinando grandeza territorial, demográfica, econômica, e, portanto, política. Assim, ao pensar os problemas internos e a condição periférica do Brasil, Pinheiro Guimarães parte em busca da inserção autônoma do Brasil no sistema internacional e, ao mesmo tempo, em busca de um país mais justo, diante de um Sistema Internacional e de um país marcados por estruturas desiguais de poder e riqueza. O exercício de uma Política Externa autônoma e da soberania nacional são elementos centrais em sua reflexão sobre as relações do Brasil com os demais países e sua atuação em organizações internacionais. Sua independência intelectual rendeu livros como Quinhentos Anos de Periferia (1999, Ed. UFRGS/Contraponto) e Desafios brasileiros na era dos gigantes (2006, Ed. Contraponto) –   que são hoje clássicos para aqueles/as que pensam uma postura internacional autônoma para o Brasil.

Em janeiro de 2024, o Brasil perdeu fisicamente Pinheiro Guimarães. Em tempos em que convivem antigas e novas formas de desigualdade entre as nações, com impactos severos principalmente para aos mais pobres e vulneráveis, as provocações e as ações políticas de Samuel Pinheiro Guimarães seguem vivas, e seu legado deve ter continuidade, ser celebrado, homenageado e problematizado. Com esse objetivo, a Oikos lança uma chamada aberta para contribuições originais que pensem o Brasil no mundo e o sistema internacional contemporâneo a partir e/ou em diálogo com a vida e obra de Samuel Pinheiro Guimarães. 

Interessados/as devem submeter os originais, seguindo as diretrizes editoriais da revista, até o dia 31/05/2024, por meio do seguinte link: https://revistas.ufrj.br/index.php/oikos/index