ALÉM DO ESPÍRITO DE XANGAI? AS POLÍTICAS EXTERNAS DA RÚSSIA E DA CHINA E O BALANCEAMENTO BRANDO

Autores

  • Diego Santos Vieira de Jesus PUC-Rio

Palavras-chave:

Rússia, China, Organização de Cooperação de Xangai, balanceamento brando

Resumo

Os objetivos do artigo são analisar os principais fatores que orientam as políticas externas da Rússia e da China na contemporaneidade e explicar porque ambas decidiram apoiar a criação e o desenvolvimento da Organização de Cooperação de Xangai. Argumenta-se que uma das principais orientações da política externa da Rússia é a busca de contratos exclusivos para as exportações na área energética a preços altos, além de acordos para o controle sobre dutos estratégicos e arranjos de investimento para companhias russas no exterior. Ademais, a Rússia se opôs a políticas ocidentais de democratização nos Estados pós-soviéticos e procurou desenvolver parcerias com líderes de Estados vizinhos estrategicamente importantes na construção de suas áreas de interesse. As principais orientações da política externa da China são a sobrevivência do regime comunista; a consolidação de territórios contestados sob o firme controle chinês; e a prevenção de conflitos que criariam obstáculos na busca de modernização econômica. A política externa chinesa opera para uma participação mais ativa do Estado nas instituições internacionais, essencial para a manutenção do crescimento econômico robusto e importante para a estabilidade social e a legitimidade política do Partido Comunista Chinês. Ainda que a convergência de posições entre a China e a Rússia não seja total, e que ambas pretendam garantir seus interesses próprios na Ásia Central, a principal força que explica a criação e o desenvolvimento da Organização de Cooperação de Xangai é a implementação de uma estratégia de balanceamento brando por ambas ao poder e à influência regionais e mundiais dos EUA quando ameacem seus objetivos. Porém, nem sempre tal balanceamento mostrou-se bem sucedido em face da dificuldade de Rússia e China em resolver seus problemas de ação coletiva.

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Publicado

2014-09-11

Edição

Seção

Artigos e Ensaios