Nova reação conservadora e contenção da difusão: um estudo da dinâmica global pós-crise de 2008
Palavras-chave:
Crise de 2008, Nova reação conservadora, Semiperiferia, BRICS, HegemoniaResumo
Esse artigo visa a analisar as causas e consequências da “nova reação conservadora” dos países centrais após a crise econômica de 2008. Na primeira seção, apresenta-se o longo processo que levou à ascensão de potências médias semiperiféricas, desde a Guerra Fria. Se em um primeiro momento estes países absorviam benefícios seletivos ofertados pela superpotência norte-americana, em troca do alinhamento a esta e do balancing em relação à União Soviética, no pós-Guerra Fria as potências médias buscam absorver recursos derivados da lógica difusora do sistema capitalista e, ao mesmo tempo, institucionalizar a Cooperação Sul-Sul e a multipolaridade como alternativa à ordem liberal unipolar centrada nos Estados Unidos e Europa (hipótese do Concerto Semiperiférico). Uma semiperiferia unida seria um elemento desestabilizador do sistema, já que tradicionalmente esta compete pela absorção de benefícios seletivos ofertados pelos países centrais em prol de um local privilegiado dentro do sistema, abandonando os custos de manter uma coalizão contra-hegemônica. Diante essa interpretação, o que aqui denominamos “nova reação conservadora” dos países centrais estaria vinculada, por um lado, a uma tentativa de evitar a difusão econômica em direção a novos polos semiperiféricos e, ao mesmo tempo, utilizar da supremacia militar para retomar poder, de modo a compensar a crise de legitimidade e a dificuldade da hegemonia norte-ocidental em gerenciar o sistema através de meios não-coercitivos.