A MÁSCARA MORTUÁRIA NO EGITO ROMANO:

EMARANHAMENTOS E ESPACIALIDADES.

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.26770/phoinix.v30n2a4

Mots-clés :

Egito Romano, Espacialidade, Emaranhamento, Máscaras mortuárias

Résumé

As máscaras mortuárias produzidas no Egito Romano variaram de formato e estilo conforme a região, tanto em relação à temporalidade quanto à sua localização.  Uma das transformações mais notáveis na sua confecção foi a inserção da face do morto como se fosse uma escultura, feita de gesso, uma forma de representação do morto diferenciada daquela do Egito faraônico e mesmo ptolomaico. Seguindo a teoria do emaranhamento de Philipp Stockhammer, podemos conceber que as trocas culturais entre a cultura egípcia, a grega e a romana, propiciaram estas simbioses vistas no material funerário. No entanto, ainda resta explicar o porquê desta variação regional e local. Tendo como base as discussões sobre as espacialidades, propomos duas vertentes complementares como suporte de análise. A primeira diz respeito aos estudos na perspectiva da história global e local e o conceito de glocalização de Richard Hingley. A segunda, com base nas ideias de Jörg Rüpke, trata da religião urbana e do agenciamento do espaço. Defendemos a hipótese de que a divisão territorial do Egito e as possibilidades de conectividade com a área do Mediterrâneo (e outras áreas marítimas), juntamente ao fenômeno da urbanização, que ocorreu no Egito no período de domínio romano, propiciou a propagação de motivos iconográficos greco-romanos que, no caso das máscaras, foram incorporados aos elementos materiais do âmbito funerário. Esses motivos iconográficos espelhariam, de certa forma, o modo de vida urbanizado da época imperial romana em território egípcio, ainda que adaptado à cultura local.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Marcia Severina Vasques, UFRN

Professora de História Antiga no Dep. de História do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atua nas áreas de História Antiga, Arqueolologia Clássica e Egiptologia, com ênfase nos estudos sobre o Egito Romano.

Références

ACKERMANN, A. Cultural hybridity: between metaphor and empiricism. In: STOCKHAMMER, P. W. (ed.). Conceptualizing cultural hybridization. A transdisciplinar approach. Heidelberg: Springer, 2012. p. 5-25.

ALSTON, R.; ALSTON, R. D. Urbanism and the urban community in Roman Egypt. The Journal of Egyptian Archaeology, London, v. 83, p. 199-216, 1997.

AUBERT, M. F.; CORTOPASSI, R. Portraits funéraires de l’Égypte Romaine. I. Masques en Stuc. Musée du Louvre. Département des Antiquités Égyptiennes. Catalogue. Paris: Réunion des Musées Nationaux, 2004.

BAGNALL, R. S.; FRIER, B. W. The demography of Roman Egypt. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.

BORG, B. Portraits. In: RIGGS, Ch. (ed.). The Oxford Handbook of Roman Egypt. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 828-850.

BOWMAN, A. K. Egypt after the Pharaohs 332 BC- AD 642: from Alexander to the Arab Conquest. Berkeley; Los Angeles: University of California Press, 1996.

BOWMAN, A.; RATHBONE, D. Cities and Administration in Roman Egypt, Journal of Roman Studies, Cambridge, v. 82, p. 107-127, 1982.

CAPPONI, L. Augustan Egypt. The Creation of a Roman Province. New York; London: Routledge, 2005.

CONRAD, S. What is Global History? Princeton: Princeton University Press, 2016.

CORBELLI, J. A. The Art of Death in Graeco-Roman Egypt. Buckinghamshire: Shire Publications, 2006. (Shire Egyptology).

DOXIADES, E. The mysterious Fayum portraits: faces from Ancient Egypt. London: Thames & Hudson, 2000.

GATES-FOSTER, J. The Eastern Desert and the Red Sea Ports. In: RIGGS, Ch. (ed.). The Oxford Handbook of Roman Egypt. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 991-1007.

GRIMM, G. Die Römischen Mumienmasken aus Ägypten. Wiesbaden: Franz Steiner Verlag GMBH, 1974.

HINGLEY, R. Imperialismo Romano: novas perspectivas a partir da Bretanha. São Paulo: Annablume, 2010.

HINGLEY, R. Globalizing Roman Culture. Unity, diversity, and empire. New York: Routledge, 2005.

HODDER, I.; HUTSON, S. Reading the past: current approaches to interpretation in Archaeology. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

HORDEN, P.; PURCELL, N. The Corrupting Sea: a study of Mediterranean History. Oxford: Blackwell, 2000.

MATTINGLY, D. Imperialism, power, and identity. Experiencing the Roman Empire. Princeton: Princeton University Press, 2011.

MONTSERRAT, D. Sex and Society in Graeco-Roman Egypt. London: Columbia University Press, 1996.

PENSABENE, P. Elementi Architettonici di Alessandria e di Altri siti Egiziani. Repertorio d’Arte Dell’Egitto Greco-Romano. Serie C – Volume III. Roma: “L’ERMA” di BRETSCHNEIDER, 1993.

REVELL, L. Roman Imperialism and Local Identities. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

RIGGS, Ch. The Beautiful Burial in Roman Egypt. Art, Identity, and Funerary Religion. Oxford: Oxford University Press, 2005.

ROWLANDS, M. Centre and periphery: a review of a concept. In: ROWLANDS, M.; LARSEN, M.; KRISTIANSEN, K. (ed.). Centre and periphery in the Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press, 1987. (New Directions in Archaeology). p. 1- 11.

RÜPKE, J. Urban Religion. A historical approach to urban growth and religious change. Berlin; Boston: De Gruyter, 2020.

SALES, J. das C. A Pedra de Roseta – pedra angular da ciência egiptológica. In: SALES, J. das C. Estudos de Egiptologia: temáticas e problemáticas. Lisboa: Livros Horizonte, 2007. p. 37-66.

SCHEIDEL, W. Death on the Nile. Disease and the demography of Roman Egypt. Leiden: Brill, 2001.

STOCKHAMMER, P. W. Conceptualizing cultural hybridization in Archaeology. In: STOCKHAMMER, P. W. (ed.). Conceptualizing cultural hybridization. A transdisciplinar approach. Heidelberg: Springer, 2012. p. 43-58.

STRABON. Géographie (Livre XVII 1ª partie. L’Égypte et l’Éthiopie nilotique). Paris: Les Belles Lettres, 2015.

TACOMA, L. E. Settlement and Population. In: RIGGS, Ch. (ed.). The Oxford Handbook of Roman Egypt. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 187-205.

VASQUES, M.S. Propaganda e resistência no Egito Romano: a estela de Cornélio Galo. Mare Nostrum, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 31-55, 2020.

VASQUES, M. S. Máscaras funerárias do Egito Romano: crenças funerárias, etnicidade e identidade cultural. Rio de Janeiro: Publit, 2015.

VASQUES, M. S. Espaços urbanos e relações de poder no Egito Romano. Romanitas – Revista de estudos Grecolatinos, Vitória, v. 3, p. 47-64, 2014.

VASQUES, M. S. Crenças funerárias e identidade cultural no Egito Romano: máscaras de múmia. Tese (Doutorado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. v. 1.

VASQUES, M. S. Crenças funerárias e identidade cultural no Egito Romano: máscaras de múmia. Tese (Doutorado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. v. 2.

VEYNE, P. O Império Romano. In: VEYNE, P. (org.). História da vida privada. 1. Do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Cia das Letras, 2000. p. 19-224.

Téléchargements

Publiée

2024-12-27

Comment citer

VASQUES, Marcia Severina. A MÁSCARA MORTUÁRIA NO EGITO ROMANO:: EMARANHAMENTOS E ESPACIALIDADES. PHOÎNIX, [S. l.], v. 30, n. 2, p. 63–77, 2024. DOI: 10.26770/phoinix.v30n2a4. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/phoinix/article/view/64901. Acesso em: 9 déc. 2025.