IMPERATRIZ NO FIM DO MUNDO: MEMÓRIAS DÚBIAS DE AMÉLIA DE LEUCHTEMBERG (1992), DE IVANIR CALADO: A TRANSIÇÃO DO DESCONSTRUCIONISMO PARA A MEDIALIDADE NA ESCRITA HÍBRIDA DE HISTÓRIA E FICÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.61358/policromias.v3i2.19833Palavras-chave:
Novo romance histórico latino-americano. Metaficção historiográfica. Romance histórico contemporâneo de mediação. Imperatriz no fim do mundo, memórias dúbias de Amélia de Leuchtemberg (1992).Resumo
A obra Imperatriz no fim do mundo: memórias dúbias de Amélia de Leuchtemberg, de Ivanir Calado (1992), narrativa híbrida latino-americana publicada no pós-boom, chama a atenção, pois existem estudos que o classificam em diferentes modalidades do gênero romance histórico. De acordo com as teorias sobre esse gênero (AÍNSA (1991); HUTCHEON (1991), MENTON (1993)), até recentemente havia certa confusão na classificação de obras, especialmente aquelas publicadas a partir de 1980, pois ocorreu, por parte dos escritores, uma reação direta ao desconstrucionismo e ao experimentalismo das modalidades do novo romance produzidas na fase áurea do boom latino-americano. A escrita híbrida do pós-boom não se encontra amplamente contemplada, nem adequadamente discutida, nas produções teóricas até o início do século XXI. Nesse sentido, tomamos como objeto de discussão duas classificações da obra de Calado: Santos (2000) e Silva (2016), que procuram classificar a obra entre o novo romance histórico latino-americano e a metaficção historiográfica -- modalidades da fase crítica, experimentalista e desconstrucionista do gênero. Apoiados na produção teórica mais recente (FLECK, 2017), buscamos evidenciar que a obra de Calado (1992) revela traços de reação às modalidades desconstrucionistas mediando o tradicionalismo acrítico e a ampla desconstrução e experimentação da fase crítica instaurada por Carpentier em 1949.Referências
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