MUSEU NACIONAL, HISTÓRIA E POÉTICA DO SABER

Autores

  • Tania Conceição Clemente de Souza Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.v5i3.41974

Resumo

Com o advento do digital, instauram-se outras formas de materialidades discursivas e outras formas de ler e de ver. Recentemente, um incêndio destruiu o Museu Nacional, fundado como Museu Real, em 1818 por D. João VI. Considerado o maior museu de História Natural da América Latina, não só pelo acervo de mais de 20 milhões de itens, como também pela raridade e importância científica que este acevo representava para a história da humanidade. Com viés teórico pautado na Análise de Discurso, traçamos como objetivo discutir, dentro do que seria uma política de acervos (Souza, 2016), o papel de uma memória digitalizada num movimento de uma revolução tecnológica de outra ordem: aquela armazenada em diferentes suportes digitais – fotos, papéis digitalizados, filmes, cds, hds, nuvens. O que sobrou? Como (re)construir o Museu senão através de uma memória-imagem (parafraseando Robin, 2016)? Memória digital em forma de arquivos institucionais e pessoais faz mudar as formas de relação dos sujeitos com o Museu Nacional. Agora, não mais na posição de observadores, mas como aqueles que contribuem à re-circulação do acervo original espelhado digitalmente. Tudo isso nos leva a retomar Davalon (1999) e colocar em jogo a relação entre o registro digital e o trabalho da memória social. Vemos que entre a reprodução de um acontecimento e a função social de instituição/re-instituição do tecido social atribuída à memória, há toda uma distância que separa a "realidade" do "fato de significação". Faria essa distância pensar, em suma, que a memória, como fato social, comportaria uma dimensão semiótica e simbólica? Enfim, é desta relação que re-significa o curso da história que vamos falar.

Referências

ACHARD, P. Memória e produção discursiva do sentido. Papel da Memória. Campinas, SP: Pontes Editores, 1999

DAVALLON, J. A imagem, Uma Arte de Memória. Papel da Memória. Campinas, SP: Pontes Editores, 1999

EWBANK, C. de O. Antropólogos, curadores de museus e museografia durante a gestão de Heloísa Alberto Torres no Museu Nacional (1838-1955). Musas – Revista Brasileira de de Museus e Nuseologia, no. 8, Brasília: IBRAM, 2018.

GADET, F.; PÊCHEUX, M. A língua inatingível: o discurso na história da linguística. Campinas, SP: Pontes, 2004.

HENRIQUES, R. Museus virtuais e cibermuseus: a internet e os museus. (http://www.museudapessoa.net/public/editor Consulta em 15/06/2019 às 19:46).

HENRY, P. Os fundamentos teóricos da “Análise Automática do Discurso” de Michel Pêcheux (1969). In: Gadet, F. E Hak, T. Por uma análise automática do discurso – uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1990.

MILNER, J.C. L’amour de la langue. Paris: Seuil, 1978

ORLANDI, E.P. Língua e conhecimento linguístico. Para uma história das Ideias no Brasil. São Paulo: Cortez Editora, 2002

NORA, P. Entre história e memoria: a problemática dos lugares. Revista Projeto História. São Paulo, v.10, p. 7-28, 1993

PÊCHEUX, M. Papel da Memória. Campinas, SP: Pontes Editores, 1999

RANCIÈRRE, J. Os nomes da história – Ensaio de Poética do saber. São Paulo: Editora UESP, 1. Ed.,2014 [1992]

ROBIN, R. A memória saturada. Campinas, SP: Editora UNICAMP, 2016 [2003]

SOUZA, T.C.C de. Discurso e imagem: perspectivas de análise do não-verbal. Conferência no 2º Colóquio de Analistas del Discurso, Universidad del Plata, Instituto de Linguística da Universidad de Buenos Aires: La Plata e Buenos Aires, 1997

SOUZA, T.C.C de. Discurso e imagem: perspectivas de análise do não-verbal. CIBERLEGENDA, Niteroi, RJ: v.1, p.15 - 32, 1998.

SOUZA, T.C.C de. A análise do não verbal e os usos da imagem nos meios de comunicação. Rua, Campinas: 7, Pontes, 2001

SOUZA, T.C.C de. Gestos de interpretação e olhar(es) nas fotos de Curt Nimuendajú: índios no Brasil. Comunicação, VII Jornadas de Estudos de Linguagem - JEL, UERJ: 2012.

SOUZA, T.C.C de. Discurso e cinema: (i)materialidades discursivas e efeitos metafóricos. CASA (Araraquara), v.11, p.23 - 37, 2013.

SOUZA, T.C.C de. Política de acervos e política de memória. Comunicação, XXXI Encontro Nacional da Anpoll: 2016.

Downloads

Publicado

2021-03-02

Edição

Seção

Artigos