O PATRIARCADO NA CONTEMPORANEIDADE E A QUESTÃO DE GÊNERO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE CANÇÕES BRASILEIRAS

Autores

Palavras-chave:

Patriarcado, Gênero, Análise do Discurso, Canções brasileiras

Resumo

Considerando as questões relativas ao Patriarcado na contemporaneidade – em declínio ou em atuação? –, este artigo pretende trazer para análise esse debate a partir de um olhar de gênero, lastreado no dispositivo teórico-metodológico da Análise do Discurso/AD de Michel Pêcheux. Tomando como corpus as canções brasileiras O surdo e O cravo brigou com a rosa, a análise consiste em compreender como os dizeres de compositores significam, particularmente no que se refere às relações de gênero, bem como os sujeitos, que produzem os discursos, são afetados pelos sentidos presentes na historicidade da palavra em seu aspecto ideológico. Inicialmente, analisa-se como o Patriarcado é apreendido a partir de um olhar de gênero sob a perspectiva da AD; em seguida, analisam-se discursivamente as canções à luz da memória discursiva e da metáfora; enfim, apresentam-se as considerações a partir da análise realizada.

Biografia do Autor

Nadia Regina Loureiro de Barros Lima, Universidade Federal de Alagoas

Possui Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal de Alagoas (1973), Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas (2000), Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1985),Doutorado em Psicologia Social pela Universidade do Minho/Portugal (2009), Doutorado em Letras e Lingüística pela Universidade Federal de Alagoas (2011). Desenvolve atividades nas áreas de Ensino, Pesquisa e Extensão na UFAL (NTMC), Psicoterapia grupal e Clínica psicanalítica. Atuação nas seguintes áreas temáticas: Análise do Discurso, Psicanálise, Gênero (Ciência, Educação, Saúde) e Psicossomática. Principais artigos e livros publicados: (1) Mulher e Ciência: a hegemonia do código patriarcal. (2) A cientista e sua identidade de gênero. (3) O Feminino na Psicanálise. (4) Lúpus: o que dizem as mulheres? O adoecer feminino como uma inscrição dos afetos no corpo. (5) Quando as meninas não contam: gênero e ensino da matemática.

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2022-12-23

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Artigos