Bibliopegia antropodérmica, ou a encadernação de livros com pele humana

histórico e reflexões

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47681/rca.v10i.65273

Palavras-chave:

bibliopegia antropodérmica, livros antropodérmicos, encadernação, Biblioteconomia de Livros Raros, coleções especiais, história do livro

Resumo

O artigo aborda a prática da bibliopegia antropodérmica, caracterizada pela encadernação de livros com revestimento de pele humana, explorando seu contexto histórico. Considerada rara e controversa, essa prática foi utilizada principalmente por colecionadores, especialmente médicos legistas, refletindo os valores culturais de épocas passadas. O artigo tem como objetivo apresentar definições e relações da prática deste revestimento sob um viés histórico, buscando ampliar os possíveis olhares acadêmicos sobre esses itens, além de apresentar alguns casos e formas de análises científicas utilizadas para testagem e comprovação. A pesquisa adota uma abordagem exploratória e bibliográfica, revisando materiais em diferentes idiomas, embora a literatura sobre o tema seja escassa e, frequentemente, marcada por especulações. O texto apresenta, como considerações finais, reflexões sobre os itens em questão, ressaltando a natureza introdutória do artigo e instigando possíveis reflexões éticas sobre estes e o papel de bibliotecários frente coleções especiais e o tato com materiais do gênero.

Biografia do Autor

Igor Alves Coelho, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutorando em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal Fluminense (UFF) com pesquisa sobre a história do livro no século XXI - Bolsista CAPES. Mestre em Ciência da Informação (2023), também pelo PPGCI-UFF e bacharel em Biblioteconomia e Documentação (2019). Atualmente, concilia os estudos doutorais com graduação em andamento em Estudos de Mídia pelo Departamento de Estudos Culturais e de Mídia (GEC) da mesma Universidade. Tem interesse nas áreas de História do Livro; Conservação e Catalogação, com enfoque em Coleções Raras e Especiais; Livros de artista e Informação em Arte; e Indústria Editorial.

Carlos Henrique Juvêncio, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutor (2016) e mestre (2014) pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCINF) da Universidade de Brasília (UnB). Possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Entre 2014 e 2016 foi professor substituto do Curso de Biblioteconomia da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) da Universidade de Brasília (UnB). Durante o primeiro semestre de 2017 foi professor visitante do Curso de Ciência da Informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal (FLUP). Durante seis anos (2004-2010) foi funcionário da Biblioteca Nacional, trabalhando nas divisões de Manuscritos, Música e Arquivo Sonoro e Publicações Periódicas. Atualmente é professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) e do Departamento de Ciência da Informação (GCI) da Universidade Federal Fluminense (UFF), além de ser professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGB/UNIRIO). Concluiu, em 2019, o projeto de pós-doutorado "O DASP e a organização da informação no Brasil: da Documentação à Ciência da Informação" sob supervisão da professora Georgete Medleg Rodrigues (UnB). Líder do Grupo de Pesquisa "Sociedade, Memória e Poder". Tem como temas de interesse a História da de Ciência da Informação, da Biblioteconomia, da Bibliografia e da Documentação, além de realizar pesquisas e orientações sobre colecionismo, coleções e arquivos pessoais, memória e história do Brasil, história do livro e das bibliotecas, dentre outros.

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Publicado

04-04-2025

Como Citar

Coelho, I. A., & Juvêncio, C. H. (2025). Bibliopegia antropodérmica, ou a encadernação de livros com pele humana: histórico e reflexões. Revista Conhecimento Em Ação, 10, e65273. https://doi.org/10.47681/rca.v10i.65273

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa