Construções de identidades de si e do outro em narrativas produzidas em entrevistas de pré-mediação familiar judicial

Autores

Palavras-chave:

Narrativa, identidade, entrevista, mediação.

Resumo

P

Partindo do princípio de que as narrativas são fundamentais em nossas vidas (Schiffrin & De Fina, 2010), a partir das quais empregamos diferentes ações, neste trabalho, eu analiso as práticas sociais de construção de identidade (De Fina, 2016) que indivíduos empregam no decorrer de narrativas produzidas em entrevistas de pré-mediação familiar judicial. Os dados são divididos em dois momentos distintos, com vistas a analisar como cada um dos cônjuges narram esses momentos desde sua perspectiva. Para isso, apoio-me em uma abordagem sociointeracionista, que considera o contexto de fala-em-interação (De Fina & Georgakopoulou, 2008; Schegloff, 1997), e me valho do aporte metodológico-analítico da Análise da Conversa (Sacks, Schegloff, Jefferson, 1974). Os resultados preliminares das análises nos mostram que os participantes se orientam para o contexto da fala-em-interação ao narrar e, com isso, constroem sua própria imagem como alguém adequado a cuidar dos filhos, e a imagem da parte oponente como vilã.

Biografia do Autor

Vanderlei Andrade de Paula, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Mestrando no Programa Interdisciplinar de Pós-graduação em Linguística Aplicada (PIPGLA). Integrante do grupo de pesquisa Interações em Contextos Institucionais (ICI).

Referências

AZEVEDO, A. G. 2016. Manual de mediação judicial. Brasília: Ministério da Justiça.

BARKHUIZEN, G. 2016. Introduction. In: BARKHUIZEN, G. (org.) Narrative Research in Applied Linguistics. Cambridge: Cambridge University Press: 1-16.

BASTOS, L. C. & W. S. SANTOS. 2013. A entrevista na Pesquisa Qualitativa – Perspectivas em análise da narrativa e da interação. Rio de Janeiro: Quartet, FAPERJ.

BRASIL. 2015. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Lei da Mediação. Diário Oficial da União, Brasília.

BRENNEIS, D. 1996. Telling troubles: narrative, conflict and experience. In: C. L. BRIGGS, (org.) Disorderly discourse. New York: Oxford University Press: 41-52

BUCHOLTZ, M. & K. HALL. 2005. Identity and Interaction: A sociocultural linguistic approach. Discourse Studies, 7(4-5): 585-614.

COBB, S. 1994. A. Narrative Perspective on Mediation: Toward the Materialization of the “Storytelling” Metaphor. In: FOLGER, P. J. & S. T.JONES (orgs). New Directions in Mediation: Communication Research and Perspectives, London: Sage Publications: 48-66.

DE FINA, A. 2016. Narrative as practices: negotiating identities through storytelling. In: G. BARKHUIZEN (org.) Narrative Research in Applied Linguistics. Cambridge: Cambridge University Press: 154-175.

DE FINA, A. & A. GEORGAKOPOULOU. 2008. Analysing narratives as practices. Qualitative research, 8(3): 379-387.

DENZIN, N. & Y. LINCOLN. 2006. A disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. IN: _____ e col. O Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: ArtMed: 15-41

DEPPERMANN, A. 2011. The Study of Formulations as a Key to an Interactional Semantics. Human Studies, 34(2): 115–128.

GAGO, P. C. 2002. Questões de transcrição em Análise da Conversa. Veredas. (6)2: 89-113.

GAGO, P. C. & A. S. PENNA. 2019. Epistemologias do sul: a Análise da conversa e a reclamação de terceiros ausentes em mediação familiar judicial. In: SZUNDY, P. T. C.; R. TÍLIO; G. C. V. MELO. (Orgs) Inovações e desafios epistemológicos em linguística aplicada: perspectivas sul-americanas.. 1ªed.São Paulo: Pontes, 2019, 1: 143-163.

GARCIA, A. C. 1995. The problematics of representation in community mediation hearings: implications for mediation practice. Journal of Sociology and Social Welfare, (22)4: 23–46.

_____. 2013. An introduction to interaction: understanding talk in formal and informal settings. 1 ed. Londres: Bloomsbury.

GOODWIN, M. H. 1990. He-Said-She-Said: talk as social organization among black children. Indianapolis: Indiana University Press.

JEFFERSON, G. 1978. Sequential Aspects of Storytelling in conversation. In J. SCHENKEIN (org.) Studies in the Organization of Conversational Interaction, New York: Academic Press: 219-248.

LABOV, W. & J. WALETZKY. 1967. “Narrative analysis”. Essays on the Verbal and Visual Arts, Seattle: University of Washington Press: 12-44

LAMOGLIA, C. V. A & M. C. S. MINAYO. 2009. Violência conjugal, um problema social e de saúde pública: Estudo em uma delegacia do interior do Estado do Rio de Janeiro. Ciência & Saúde Coletiva, 14(2): 595-604.

LEE, J. 2019. Scaling as an argumentative resource in television talk shows. Journal of Pragmatics, 150: 133-149.

MENEZES, V.; M. M. SILVA; I. F. GOMES. 2009. Sessenta anos de Lingüística Aplicada: de onde viemos e para onde vamos . In: PEREIRA, R.C & P. ROCA. Linguística aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto.

MISHLER, E. G. 1986. Research Interviewing. Context and Narrative. Cambridge: Harvard University Press.

_____. 1997. .A Matter of Time: When, Since, After Labov and Waletzky. Journal of Narrative and Life History, 7(1-4): 69-73.

_____. 1999. Storylines – Craftartists’ Narratives of Identity. Cambridge, Massachusetts and London: Harvard University Press.

MOORE, C. W. 1998. O processo de mediação. Trad. Magda França Lopes, 2ª ed. Porto Alegre: Artmed.

NORRICK, N. R. 2020. “The Epistemics of narrative performance in conversation”. In: Narrative Inquiry. John Benjamins Publishing Company, 30(2): 211-235.

PEREIRA, Maria de Lourdes; ANDRADE DE PAULA, VANDERLEI. “Reclamações agrupadas na mediação familiar judicial. In: Macabéa – Revista Eletrônica do NETLLI, v. 10, p. 326-352, 2021.

POMERANTZ, A. 1986. Extreme case formulations: a way of legitimating claims. Human Studies, 9: 219-229.

RIBAS, C. L. 2018. Interdisciplinaridade e direito: os novos desafios da esfera jurídica. E-Civitas Revista Científica do Curso do Direito do UNIBH, 11(1): 116-136.

SACKS, H. 1970. Stories take more than one utterance; story prefaces. In: G. JEFFERSON (org.) Harold Sacks: lectures on conversation, 2, Oxford: Blackwell: 222-238.

SACKS, H.; E. SCHEGLOFF; G. JEFFERSON. 1974. Sistemática elementar para a organização da tomada de turnos para a conversa. Revista Veredas de Estudos Linguísticos, 7(12): 01-67. Trad.: A Simplest Systematics for the

Organization of Turn Taking for Conversation. Language, 50(4), 2003: 696-735.

SALES, L. M. M. & C. M. S. RABELO. 2009. Meios consensuais de solução de conflitos: instrumentos de democracia. Revista de Informação Legislativa, 46(182): 75-88.

SAMPAIO, L. R. C. & A. BRAGA NETO. 2007. O que é mediação de conflitos. São Paulo: Editora Brasiliense.

SANGSTER, J. 2008. “Telling Our Stories: Feminist Debates and the Use of Oral History. In: HARRISON, Barbara. Life Story Research. London; Sage: 85-108.

SCHEGLOFF, E. 1997. "Narrative Analysis" Thirty Years Later. Journal of narrative and life story, 7(1-4): 97-106.

SCHIFFRIN, D. & A. DE FINA. 2010. Introduction. In.: SCHIFFRIN, D.; A. DE FINA; A. NYLUND (Orgs.). Telling stories: language, narrative and social life. Washington D.C.: Georgetown University Press: 1-6.

SOARES, B. M. 2005. Enfrentando a violência contra a mulher: orientações práticas para profissionais e voluntários(as). Brasília: Secretaria especial de políticas para as mulheres.

Downloads

Publicado

2021-12-27

Edição

Seção

Artigos