Abstrações computacionais e identidades em arquivos coloniais e pós-coloniais

Autores

Resumo

Neste artigo, investigam-se contradições presentes em plataformas digitais hegemônicas que, simultaneamente, promovem interesses neoliberais e ideologias progressistas de igualdade, liberdade e empoderamento social. Com base em uma revisão de Povinelli (2011; 2023) sobre semiocapitalismo, arquivos coloniais/pós-coloniais e o conceito de “quase evento”, o texto analisa como abstrações (Selbst et al., 2019; Malazita; Resetar, 2019) e affordances computacionais contribuem para a falta de reconhecimento e autonomia de usuários/as. A abstração computacional é abordada aqui como um mecanismo que, ao suprimir aspectos identitários e sociais, restringe a participação de grupos marginalizados e permite a captura, mensuração e comercialização de dados pessoais. Assim, no artigo, evidencia-se que, apesar das promessas de emancipação frequentemente associadas à web, essas permanecem em estado de latência, enquanto interesses de mercado continuam a prevalecer. Em contrapartida, o texto também apresenta formas de resistência, como os softwares indígenas descritos por Povinelli (2011; 2023), que, ao incorporar identidades de usuários/as como entrada no algoritmo, sugerem alternativas às interfaces hegemônicas.

Downloads

Publicado

2024-12-30