Características do Exercício do Controle e a Composição dos Conselhos de Administração no Novo Mercado

Authors

  • Filipe Manarte Scaramussa Universidade Federal do Espírito Santo
  • Patricia Maria Bortolon Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v0i0.28007

Keywords:

acionista controlador, conselheiro independente, conselho de administração, estrutura de propriedade, Novo Mercado

Abstract

O presente estudo, de caráter descritivo, analisa como as características de controle, observadas a partir da participação no capital votante e na informação declarada à CVM, se relacionam com as composições dos conselhos de administração das 142 empresas listadas no Novo Mercado. A expectativa com a criação do Novo Mercado era que as exigências deste segmento favoreceriam menor concentração de controle e conselhos de administração mais independentes. A partir dos dados de participação acionária no capital votnte e declaração de acionista controlador nas bases da CVM, foi possível constatar o exercício do controle sem necessariamente haver a detenção da maioria do capital votante. As empresas foram então separadas em diferentes categorias, observando-se a existência de acionista apontado como controlador e se o mesmo detinha, de fato, mais de 50% do capital votante; e de acordo de acionistas que estabelecesse o controle. Os dados apontam uma forte presença de conselheiros, inclusive independentes, eleitos por acionistas controladores; e que 6 empresas estão descumprindo o regulamento do Novo Mercado quanto a exigência mínima de conselheiros independentes. Em relação as características dos conselhos de administração e do controle, os resultados dos testes indicam ausência de diferenças estatisticamente significativas entre empresas com acionistas controladores absolutos (com mais de 50% dos votos) e empresas com controladores autodeclarados, que não possuem maioria absoluta do capital votante. Isto levanta questionamento se considerar como corte para estabelecimento do controle a posse de mais de 50% dos votos, utilizado na maioria das pesquisas nacionais, seria a prática mais recomendável.

O presente estudo, de caráter descritivo, analisa como as características de controle, observadas a partir da participação no capital votante e dna informação declarada à CVM, se relacionam com as composições dos conselhos de administração das 142 empresas listadas no Novo Mercado. A expectativa com a criação do Novo Mercado era que as exigências deste segmento favoreceriam menor concentração de controle e conselhos de administração mais independentes. A partir dos dados de participação acionária no capital votante e declaração de acionista controlador nas bases da CVM, foi possível constatar o exercício do controle sem necessariamente haver a detenção da maioria do capital votante. As empresas foram então separadas em diferentes categorias, observando-se a existência de acionista apontado como controlador e se o mesmoele detinha, de fato, mais de 50% do capital votante; e de acordo de acionistas que estabelecesse o controle. Os dados apontam uma forte presença de conselheiros, inclusive independentes, eleitos por acionistas controladores; e que 6 empresas estão descumprindo o regulamento do Novo Mercado quanto a exigência mínima de conselheiros independentes. Em relação as características dos conselhos de administração e do controle, os resultados dos testes indicam ausência de diferenças estatisticamente significativas entre empresas com acionistas controladores absolutos (com mais de 50% dos votos) e empresas com controladores autodeclarados, que não possuem maioria absoluta do capital votante. Isto levanta questionamento se considerar como corte para estabelecimento do controle a posse de mais de 50% dos votos, utilizado na maioria das pesquisas nacionais, seriaa prática mais recomendável.Em relação as características dos conselhos de administração e do controle, os resultados dos testes estatísticos indicam que a maioria dos votos não parece ser o único fator a definir o controle e as configurações dos conselhos de administração no Novo Mercado, de forma que o controle autodeclarado também é algo a ser considerado.

References

ALDRIGHI, D. M.; MAZZER NETO, R. Estrutura de propriedade e de controle das empresas de capital aberto no Brasil. Revista de Economia Política, v. 25, n. 2, p. 115–137, abr. 2005.

ALDRIGHI, D. M.; MAZZER NETO, R. Evidências sobre as estruturas de propriedade de capital e de voto das empresas de capital aberto no Brasil. Revista Brasileira de Economia, v. 61, n. 2, p. 129–152, 2007.

ALDRIGHI, D. M.; POSTALI, F. A. S.; DIAZ, M. D. M. Corporate Governance and Pyramidal Ownership: The Role of Novo Mercado. Brazilian Review of Finance, v. 16, n. 1, p. 5, 2018.

ALVES, P.; COUTO, E. B.; FRANCISCO, P. M. Board of directors’ composition and capital structure. Research in International Business and Finance, v. 35, p. 1–32, set. 2015.

ANDERSON, R. C.; REEB, D. M. Board Composition: Balancing Family Influence in S&P 500 Firms. Administrative Science Quarterly, v. 49, n. 2, p. 209–237, 2004.

ANDRADE, L. P. D. et al. GOVERNANÇA CORPORATIVA: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COM O VALOR DE MERCADO E DESEMPENHO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS. REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO MACKENZIE, v. 10, n. 4, p. 4–31, 2009.

BORTOLON, P. M. POR QUE AS EMPRESAS BRASILEIRAS ADOTAM ESTRUTURAS PIRAMIDAIS DE CONTROLE. Revista Base (Administração e Contabilidade) da UNISINOS, v. 10, n. 1, p. 2–18, 2013.

BRASIL, BOLSA, BALCÃO [B3]. REGULAMENTO DO NOVO MERCADO. 2017.

BRUGNI, T. V. et al. Corporate governance: A panoramic view of Brazilian boards of directors. International Journal of Disclosure and Governance, v. 10, n. 4, p. 406–421, 2013.

BRUGNI, T. V. et al. CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO BRASILEIROS: UMA ANÁLISE À LUZ DOS FORMULÁRIOS DE REFERÊNCIA. Advances in Scientific and Applied Accounting, v. 11, n. 1, p. 146–165, 2018.

BYRD, J. W.; HICKMAN, K. A. Do outside directors monitor managers? Journal of Financial Economics, v. 32, n. 2, p. 195–221, 1992.

CAIXE, D. F.; KRAUTER, E. A influência da estrutura de propriedade e controle sobre o valor de mercado corporativo no Brasil. Revista Contabilidade & Finanças, v. 24, n. 62, p. 142–153, 2013.

CARVALHAL, A. L. Do shareholder agreements affect market valuation? Evidence from Brazilian listed firms. Journal of Corporate Finance, v. 18, p. 919/933, 2012.

CARVALHAL DA SILVA, A.; LEAL, R. P. C. Corporate Governance, Market Valuation and Dividend Policy in Brazil. Coppead Working Papers Series, v. 390, 2003.

CHAVEZ, G. A.; SILVA, A. C. Brazil’s Experiment with Corporate Governance. Journal of Applied Corporate Finance, v. 21, n. 1, p. 34–44, 2009.

CLAESSENS, S.; DJANKOV, S.; LANG, L. H. P. The Separation of Ownership and Control in East Asian Corporations. Journal of Financial Economics, v. 58, n. 1, p. 81–112, 2000.

CLARKE, D. C. Three Concepts of the Independent Director. Delaware Journal of Corporate Law, v. 32, n. 1, p. 73–111, 2007.

CORBETTA, G.; SALVATO, C. A. The Board of Directors in Family Firms: One Size Fits All? Family Business Review, v. 17, n. 2, p. 119–134, 2004.

DAHYA, J.; DIMITROV, O.; MCCONNELL, J. J. Dominant shareholders, corporate boards, and corporate value: A cross-country analysis. Journal of Financial Economics, v. 87, n. 1, p. 73–100, 2008.

DE ANDRADE, L. P.; BRESSAN, A. A.; IQUIAPAZA, R. A. Estrutura Piramidal de Controle, Emissão de Duas Classes de Ações e Desempenho Financeiro das Empresas Brasileiras. Revista Brasileira de Finanças, v. 12, n. 4, p. 555–595, 2014.

DE OLIVEIRA, G. C.; WOLF, P. J. W. A DINÂMICA DO MERCADO DE CRÉDITO NO BRASIL NO PERÍODO RECENTE (2007-2015). Texto para Discussão: IPEA, n. 2243, 2016.

DUTRA, M. G. L.; SAITO, R. Conselhos de administração: análise de sua composição em um conjunto de companhias abertas brasileiras. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 2, p. 9–27, ago. 2002.

FONTES FILHO, J. R.; PICOLIN, L. M. Governança corporativa em empresas estatais: avanços, propostas e limitações. Revista de Administração Pública, v. 42, n. 6, p. 1163–1188, 2008.

GELMAN, M. O. O CONCEITO DE CONSELHEIRO INDEPENDENTE VIGENTE NA REGULAMENTAÇÃO DOS NÍVEIS DIFERENCIADOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA DA BM&FBOVESPA. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2012.

GORDON, J. N. The Rise of Independent Directors in the United States, 1950-2005: Of Shareholder Value and Stock Market Prices. Stanford Law Review, v. 59, n. 6, p. 1465–1568, 2010.

GORGA, E. Changing the Paradigm of Stock Ownership: From Concentrated Towards Dispersed Ownership? Evidence from Brazil and Consequences for Emerging Countries. Northwestern Journal of International Law & Business, v. 29, n. 2, p. 439–554, 2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA [IBGC]. Código das melhores práticas de governança corporativa. 5ª edição. 2015.

JENSEN, C.; MECKLING, H. THEORY OF THE FIRM: MANAGERIAL BEHAVIOR, AGENCY COSTS AND OWNERSHIP STRUCTURE. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305–360, 1976.

LA PORTA, R.; LOPEZ-DE-SILANES, F.; SHLEIFER, A. Corporate Ownership Around the World. The Journal of Finance, v. 54, n. 2, p. 471–517, abr. 1999.

LEAL, R. P. C.; CARVALHAL, A. L.; IERVOLINO, A. P. One Decade of Evolution of Corporate Governance Practices in Brazil. Brazilian Review of Finance, v. 13, n. 1, p. 134–161, 2015.

LEAL, R. P. C.; SILVA, A. L. C. DA; VALADARES, S. M. Estrutura de controle das companhias brasileiras de capital aberto. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 1, p. 7–18, 2002.

NEVES, A. C. D. et al. DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS DOS CONSELHEIROS DE ADMINISTRAÇÃO. Revista de Administração de Empresas, v. 57, n. 5, p. 453–469, set. 2017.

OKIMURA, R. T.; SILVEIRA, A. DI M. DA; ROCHA, K. C. Estrutura de Propriedade e Desempenho Corporativo no Brasil. RAC - Eletrônica, v. 1, n. 1, p. 119–135, 2007.

PROCIANOY, J. L.; SCHNORRENBERGER, A. A Influência da Estrutura de Controle nas Decisões de Estrutura de Capital das Companhias Brasileiras. Revista Brasileira de Economia, v. 58, n. 1, p. 121–146, 2004.

SHLEIFER, A.; VISHNY, R. W. A Survey of Corporate Governance. The Journal of Finance, v. 52, n. 2, p. 737–783, 1997.

STERNBERG, L.; LEAL, R. P. C.; BORTOLON, P. M. Affinities and agreements among major Brazilian shareholders. International Journal of Disclosure and Governance, v. 8, n. 3, p. 213–228, 2011.

VALADARES, S. M.; LEAL, R. P. C. Ownership and Control Structure of Brazilian Companies. Abante, Escuela de Administracion. Pontificia Universidad Católica de Chile., v. 3, n. 1, p. 29–56, 2000.

VILLALONGA, B. et al. What Are Boards For? Evidence from Closely Held Firms in Colombia: What Are Boards For? Financial Management, v. 48, n. 2, p. 537–573, 2018.

Published

2020-02-10

Issue

Section

Finanças Corporativas e Mercado Financeiro