Posicionamento Crítico e Social acerca do Índice ICO2 da B3
DOI:
https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v18i3.61017Palavras-chave:
ICO2, Indicadores Econômico-Financeiros, Governança Corporativa, Riscos Climáticos, Métodos Mistos.Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir acerca das possibilidades de aprimoramento da representação dos interesses da sociedade frente aos desafios das mudanças climáticas a partir da análise do índice ICO2 da B3. Para ensejar a discussão as análises foram conduzidas em três dimensões: a dimensão da metodologia do índice, englobando os aspectos metodológicos do indicador; a dimensão dos elementos capturados pelo indicador em relação às emissões do GEE, a partir de uma regressão logística; e a dimensão dos marcos políticos. As informações quantitativas referentes ao índice ICO2 foram obtidas da B3, enquanto informações financeiras foram coletadas na Economática®, ambas para um quantitativo de 68 empresas, referente ao ano de 2021, tendo como suporte o emprego do método de regressão múltipla linear. Ao confrontar a estrutura metodológica do indicador, os dados resultantes do modelo econométrico e as recomendações de organismos oficiais a luz da teoria proposta, sugerimos aprimoramentos situados em duas dimensões. A primeira vertente se dirige à condução do processo de elaboração e monitoramento do índice, os quais poderiam instar a participação democrática de segmentos como a academia para auxiliar na proposição da métrica e a segunda vertente é informada pelo conjunto de critérios metodológicos com potencial de aprimoramento da métrica considerando as vulnerabilidades e riscos socioambientais do sul global. São levantados aspectos concernentes as condições dos países emergentes e a exposição a múltiplos riscos frente a mensuração do índice de carbono, sinalizando a necessidade de criação de uma nova forma de evidenciação relevante para a sociedade ao incorporar aspectos relacionado ao compliance social e ambiental mais robustos. Esta pesquisa visa oferecer uma dupla contribuição: inspirar a área com o uso de métodos mistos e propõe ampliar a representação social no índice, além de lançar discussões sobre as possibilidades de aprimoramento do indicador.
Referências
Al-Tuwaijri S.A, Christensen T.E, Hughes K.E. (2004). The relations among environmental disclosure, environmental performance and economic performance: a simultaneous equations approach. Accounting, Organizations and Society, 29(5–6), 447–471. https://doi.org/10.1016/S0361-3682(03)00032-1
B3. (2020). Metodologia Do Índice Carbono Eficiente (Ico2). São Paulo.
Banco Central do Brasil. (2023). Annual Conference of the Banco Central do Brasil. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=X-8thq-XLjI&t=3774s
Bebbington, J., Gray, R., & Owen, D. (1999). Seeing the wood for the trees Seeing the wood for the trees Taking the pulse of social and environmental accounting. Accounting Auditing & Accountability Journal, 12(1). https://doi.org/10.1108/09513579910259906
Bingler, J. A., Kraus, M., Leippold, M., & Webersinke, N. (2022). Cheap talk and cherry-picking: What climatebert has to say on corporate climate risk disclosures. Finance Research Letters, 47, 102776. https://doi.org/10.1016/j.frl.2022.102776
Bingler, J. A., Kraus, M., Leippold, M., & Webersinke, N. (2023). Cheap Talk and Cherry-Picking: What ClimateBert has to say on Corporate Climate Risk Disclosures. Recuperado de: https://www.fsb-tcfd.org/supporters
BM&FBOVESPA. (2014). Manual de Definições e Procedimentos dos Índices Da BM&FBOVESPA. Recuperado de https://bvmf.bmfbovespa.com.br/indices/download/Manual-de-procedimentos-pt-br
Brown, J. (2009). Democracy, sustainability and dialogic accounting technologies: Taking pluralism seriously. Critical Perspectives on Accounting, 20(3), 313-342. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2008.08.002
Carvalho, F. P. D., & Maia, V. M. (2017). Perfi l do ICO2: sua Evolução ao Longo do Tempo. Pensar Contábil, 19(68). Recuperado de http://atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/pensarcontabil/article/view/3050
Cavanagh, C., & Benjaminsen, T. A. (2014). Virtual nature, violent accumulation: The ‘spectacular failure’ of carbon offsetting at a Ugandan National Park. Geoforum, 56, p. 55-65. https://doi.org/10.1016/j.geoforum.2014.06.013
Chancel, L., Piketty, T., Saez, E., & Zucman, G. (Eds.). (2022). World inequality report 2022. Harvard University Press. https://wir2022.wid.world/www-site/uploads/2022/03/0098-21_WIL_RIM_RAPPORT_A4.pdf
Clarkson, P. M., Li, Y., Richardson, G. D., & Vasvari, F. P. (2008). Revisiting the relation between environmental performance and environmental disclosure: An empirical analysis. Accounting, Organizations and Society, 33(4-5), p. 303-327. https://doi.org/10.1016/j.aos.2007.05.003
Conselho Federal de Contabilidade - CFC. (2019). Norma Brasileira de Contabilidade (NBC): NBC PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCPG01&arquivo=NBCPG01.doc
Creswell, J.W. (2015), A Concise Introduction to MixedMethods Research, Sage, Oaks, CA.
Deegan, C., Rankin, M., & Tobin, J. (2002). An examination of the corporate social and environmental disclosures of BHP from 1983-1997: A test of legitimacy theory. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 15(3), 312-343. https://doi.org/10.1108/09513570210435861
Dillard, J., & Vinnari, E. (2019). Critical dialogical accountability: From accounting-based accountability to accountability-based accounting. Critical Perspectives on Accounting, 62, 16-38. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2018.10.003
Faria, J. A., Andrade, J. C. S., & Gomes, S. M. da S. (2020). Evidenciação das Ações diante das Mudanças Climáticas Nos Relatórios Das Empresas Participantes do Carbon Disclosure Project (CDP) BRASIL. Contabilidade Vista & Revista, 31(2). https://doi.org/10.22561/cvr.v31i2.5276
Gonzalez-Gonzalez, J. M., & Zamora Ramírez, C. (2016). Voluntary carbon disclosure by Spanish companies: An empirical analysis. International Journal of Climate Change Strategies and Management, 8(1). https://doi.org/10.1108/IJCCSM-09-2014-0114
Gray, R. (2002). The social accounting project and Accounting Organizations and Society Privileging engagement, imaginings, new accountings and pragmatism over critique? Accounting, Organization and Society, 27, 687–708. https://doi.org/10.1016/S0361-3682(00)00003-9
Gray, R. (2006). Social, environmental and sustainability reporting and organisational value creation?: Whose value? Whose creation? Accounting, Auditing and Accountability Journal, 19(6), 793–819. https://doi.org/10.1108/09513570610709872
Gray, R., Dey, C., Owen, D., Evans, R., & Zadek, S. (1997). Struggling with the praxis of social accounting: Stakeholders, accountability, audits and procedures. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 10(3), 325–364. https://doi.org/10.1108/09513579710178106
Greene, J. C., Caracelli, V. J., & Graham, W. F. (1989). Toward a conceptual framework for mixed-method evaluation designs. Educational Evaluation and Policy Analysis, 11(3), 255-274. https://doi.org/10.3102/01623737011003255
Hines, R. D. (1988). Financial accounting: In communicating reality, we construct reality. Accounting, Organizations and Society, 13(3), 251–261. https://doi.org/10.1016/0361-3682(88)90003-7
IPCC, 2022: Climate Change 2022: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Contribution of Working Group II to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [H.-O. Pörtner, D.C. Roberts, M. Tignor, E.S. Poloczanska, K. Mintenbeck, A. Alegría, M. Craig, S. Langsdorf, S. Löschke, V. Möller, A. Okem, B. Rama (eds.)]. Cambridge University Press. Cambridge University Press, Cambridge, UK and New York, NY, USA, 3056 pp. https://doi.org/10.1017/9781009325844
Kalu, J. U., Buang, A., Aliagha, G.U. (2016), Determinants of voluntary carbon disclosure in the corporate real estate sector of Malaysia. Journal of Environmental Management, 182, 519-524. https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2016.08.011
Koçak, E., Bulut, U., & Menegaki, A. N. (2022). The resilience of green firms in the twirl of COVID‐19: Evidence from S&P500 Carbon Efficiency Index with a Fourier approach. Business Strategy and the Environment, 31(1), 32-45. https://doi.org/10.1002/bse.2872
Kouloukoui, D., Marinho, M. M. de O., Gomes, S. M. da S., Kiperstok, A., & Torres, E. A. (2019). Corporate climate risk management and the implementation of climate projects by the world’s largest emitters. Journal of Cleaner Production, 238, 117935. https://doi.org/10.1016/J.JCLEPRO.2019.117935
Lamprecht, C., & Guetterman, T. C. (2019). Mixed methods in accounting: a field based analysis. Meditari Accountancy Research, 27(6), 921–938. https://doi.org/10.1108/MEDAR-11-2018-0403
Mazzacurati, J., Guagliano, C., & Spolaore, A. (2021). ESMA. Report on Trends, Risks and Vulnerabilities. Working Paper. Recuperado de https://www.esma.europa.eu/sites/default/files/library/esma_wp-2021-01.pdf
Menezes, R. G., & Kraychete, E. S. (2022). Desigualdade Global E Desenvolvimento. Caderno CRH, 35, e022001. http://dx.doi.org/10.9771/ccrh.v35i0.49040
OECD (2023), Sustainability Policies and Practices for Corporate Governance in Latin America, Corporate Governance, OECD Publishing, Paris. https://doi.org/10.1787/76df2285-en
Pigatto, G., Cinquini, L., Dumay, J., & Tenucci, A. (2022). A critical reflection on voluntary corporate non-financial and sustainability reporting and disclosure lessons learnt from two case studies on integrated reporting. Journal of Accounting and Organizational Change. https://doi.org/10.1108/JAOC-03-2022-0055
Prado‐Lorenzo, J. M., Rodríguez‐Domínguez, L., Gallego‐Álvarez, I., & García‐Sánchez, I. M. (2009). Factors influencing the disclosure of greenhouse gas emissions in companies world‐wide. Management Decision, 47(7), 1133-1157. https://doi.org/10.1108/00251740910978340
Prata, D. A. (2022). ESG e Sustentabilidade Corporativa: estamos no caminho certo? In ESG e Justiça Climática (Vol. 8, pp. 248–272). Titant lo Blanch. Recuperado de www.editorial.tirant.com/br/
Prates, J. C. R., Cabral, A. M. R., Avelino, B. C., & Lamounier, W. M. (2023). Afinal, vale a pena divulgar emissões de carbono no Brasil?. Enfoque: Reflexão Contábil, 42(1), 17-32. https://doi.org/10.4025/enfoque.v42i1.58220
Rufino, M. A., & Monte, P. A. D. (2014). Fatores que explicam a divulgação voluntária das 100 empresas com ações mais negociadas na BM&FBovespa. Sociedade, Contabilidade e Gestão, 9(3). https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v9i3.13332
S&P Dow Jones Indices. (2023a). S&P500 Carbon Efficiency. Recuperado de: https://www.spglobal.com/spdji/en/idsenhancedfactsheet/file.pdf?calcFrequency=M&force_download=true&hostIdentifier=48190c8c-42c4-46af-8d1a-0cd5db894797&indexId=92364883
S&P Dow Jones Indices. (2023b). S&P Paris-Aligned and Climate Transition Index Series Rebalance Schedule Modification. Recuperado de: https://www.spglobal.com/spdji/en/documents/indexnews/announcements/20230517-1464001/1464001_sppactmethodologyupdate5-17-2023.pdf
Sarmiento Barletti, J. P., & Larson, A. M. (2017). Rights abuse allegations in the context of REDD+ readiness and implementation: A preliminary review and proposal for moving forward. https://doi.org/10.17528/cifor/006630
Shannon-Baker, P. (2016). Making Paradigms Meaningful in Mixed Methods Research. Journal of Mixed Methods Research, 10(4), 319–334. https://doi.org/10.1177/1558689815575861
Shue, H. (2015). Historical responsibility, harm prohibition, and preservation requirement: Core practical convergence on climate change. Moral Philosophy and Politics, 2(1), 7-31. https://doi.org/10.1515/mopp-2013-0009
Sousa, F. S., & Zucco, A. (2020). Indicador de desenvolvimento de ecoeficiência das empresas listadas no índice de carbono eficiente da bolsa de valores, mercadorias e futuros de São Paulo. Brazilian Journal of Business, 2(2), 1115-1139. https://doi.org/10.34140/bjbv2n2-020
Stanny, E., & Ely, K. (2008). Corporate environmental disclosures about the effects of climate change. Corporate social responsibility and environmental management, 15(6), 338-348. https://doi.org/10.1002/csr.175
UN. (2015). Paris Agreement. In: UNFCCC, COP Report.
UNEP Finance Initiative and UN Global Compact. (2017). Managing ESG risk in the Supply chains of private Companies and assets.
Vaismoradi, M., Turunen, H., & Bondas, T. (2013). Content analysis and thematic analysis: Implications for conducting a qualitative descriptive study. Nursing & Health Sciences, 15(3), 398-405. https://doi.org/10.1111/nhs.12048
Velte, P., Stawinoga, M., & Lueg, R. (2020). Carbon performance and disclosure: A systematic review of governance-related determinants and financial consequences. Journal of Cleaner Production, 254, 120063. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.120063
WRI Brasil. (2022). Em avanço histórico, COP27 estabelece fundo para ajudar países vulneráveis a enfrentar impactos climáticos. Recuperado de: https://www.wribrasil.org.br/imprensa/posicionamento-cop27-fundo-perdas-danos
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Luciana da Silva Moraes Sardeiro, Paulo Vitor Souza de Souza, João Abreu de Faria Bilhim
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DIREITOS DE AUTOR: O autor retém, sem restrições dos direitos sobre sua obra.
DIREITOS DE REUTILIZAÇÃO: O Periódico SCG adota a Licença Creative Commons, CC BY-NC atribuição não comercial conforme a Política de Acesso Aberto ao conhecimento adotado pelo Portal de Periódicos da UFRJ. Com essa licença é permitido acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos, desde que para uso não comercial e com a citação da fonte, conferindo os devidos créditos de autoria e menção à SCG. Nesses casos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou dos editores.
DIREITOS DE DEPÓSITO DOS AUTORES/AUTOARQUIVAMENTO: Os autores são estimulados a realizarem o depósito em repositórios institucionais da versão publicada com o link do seu artigo na SCG.