Le cartésianisme au miroir de l’eucharistie
Abstract
Dentre as temáticas que conheceram um nítido novo interesse nos estudos cartesianos figura a eucaristia: de fato, Descartes se interessou por esse sacramento como parte de sua filosofia, propondo duas explicações baseadas em seus próprios princípios físicos. No entanto, essas explicações também são dignas de interesse em termos de sua recepção: sua distribuição clandestina por meio de C. Clerselier, amigo de Descartes e editor das principais obras do filósofo, foi, de fato, a origem de uma importante querela cartesiana eucarística póstuma, que passou por várias etapas e envolveu vários protagonistas. Este artigo é dedicado a desvendar parte da história dessa querela, a fim de mostrar de que ponto de vista a pluralidade da história da recepção da teoria eucarística cartesiana nos informa sobre a categoria historiográfica do cartesianismo. Voltamo-nos para L. Le Valois (1639-1700), autor de um panfleto anticartesiano, N. Malebranche (1638-1715), que mantém uma atitude ambivalente em sua apreensão da eucaristia, bem como R. Fédé (1645-1716), que cruza Descartes e Malebranche em sua abordagem do sacramento, e A. Arnauld (1612-1694), cuja atitude era uma mistura de apoio aberto a Descartes e afastamento. O objetivo será medir a partir de que ponto de vista essas diferentes posições possuem aspectos filosófico-teológicos que, cristalizando o concerto de vozes na disputa cartesiana eucarística póstuma, servem para especificar os contornos do significado da categoria de cartesianismo, percebendo-a como a história de uma mutação da herança dos conceitos cartesianos.
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