Tom 4 Nr 5 (2022)
Artigos

DEVER DE FALAR VERSUS VONTADE DE CALAR: APONTAMENTOS SOBRE A OBRA DE SVETLANA ALEKSIÉVITCH E APROXIMAÇÕES COM A OBRA DE PRIMO LEVI

Vitor Bourguignon Vogas
Universidade Federal do Espírito Santo
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Opublikowane 2022-12-23

Abstrakt

Este artigo objetiva discutir alguns aspectos marcantes de dois livros da escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch: A guerra não tem rosto de mulher e As últimas testemunhas. Pretende-se demonstrar que, muito além da categoria “jornalismo literário”, essas duas obras também podem ser compreendidas como “literatura de testemunho”, na medida em que viabilizam, solidariamente, o testemunho indireto de múltiplas vozes até então silenciadas no debate público. A partir de larga exemplificação – com citações extraídas dos depoimentos encontrados nos dois livros –, propor-se-ão aproximações entre a literatura da bielorrussa e a canônica obra testemunhal de Primo Levi, sobretudo no que se refere ao exercício do testemunho de experiências coletivas traumáticas como compromisso ético e histórico de quantos se encontrem em condições de fazê-lo, enfatizando-se a tensão e o dualismo entre a vontade de esquecer e silenciar (“os que calam”) e o desejo de lembrar e testemunhar (“os que falam”).

Bibliografia

  1. ALEKSIÉVITCH, Svetlana. A guerra não tem rosto de mulher. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
  2. ALEKSIÉVITCH, Svetlana. As últimas testemunhas. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
  3. AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz. São Paulo: Boitempo, 2008.
  4. CAPOTE, Truman. A sangue frio. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
  5. GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
  6. GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas: Autores Associados, 2013.
  7. HELLER, Barbara; MARTINEZ, Monica; “A guerra não tem rosto de mulher”: Svetlana Aleksiévitch reescreve a Segunda Guerra Mundial. In: E-compós (Revista da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação), v. 23, jan–dez, 2020, p. 1-16.
  8. HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela Memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
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  11. LEVI, Primo. A trégua. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
  12. LEVI, Primo. Conversazioni e interviste 1963-1987. Organização: M. Belpoliti. Torino: Einaudi, 1997.
  13. LEVI, Primo. É isto um homem?. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
  14. LEVI, Primo. Os afogados e os sobreviventes. São Paulo/Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
  15. LEVI, Primo. Se questo è un uomo. Torino: Einaudi, 1989.
  16. SELIGMANN-SILVA, Márcio. Narrar o trauma: escrituras híbridas das catástrofes. Revista Gragoatá, Universidade Federal Fluminense, nº 24, 1º semestre de 2008.