O personagem desarrazoado n'A República, de Platão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25187/codex.v11i2.62408

Palavras-chave:

desrazão, diálogo, emoções

Resumo

Partindo da discussão da Ethica Nicomachea sobre a configuração dos pathe e a intrínseca relação que eles mantêm com as ações humanas, o artigo visa discutir de que modo a personagem Trasímaco, do diálogo platônico A República, pode ser considerada um exemplo paradigmático do caráter cuja razão se encontra inoperante. Com efeito, uma vez que o sofista está arraigado a suas concepções de mundo, sem admitir a hipótese de que suas posições e respostas acerca dos mais diversos assuntos sejam demonstradas incorretas, por incidirem em contradição, toda a possibilidade de diálogo com tal homem fracassa, de antemão. Assim, n’ A República, a ação dialógica, de um lado,  mostra o poder que exerce nas almas dos que estão dispostos a sofrer seus efeitos, mas, de outro lado, aponta para os limites aos quais está submetida. O completo desvio da ordem racional, ou seja, a desrazão, é um obstáculo insuperável ao filósofo socrático na medida em que sinaliza para o fim do discurso e a prevalência da ferocidade bestial. E, certamente, Trasímaco é a besta com a qual não é possível dialogar. 

Biografia do Autor

Cristina de Souza Agostini, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Mestra (2008) e doutora (2013) em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Professora de Filosofia Antiga da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

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Publicado

2024-03-09

Como Citar

de Souza Agostini, C. (2024). O personagem desarrazoado n’A República, de Platão. CODEX - Revista De Estudos Clássicos, 11(2), e112202313. https://doi.org/10.25187/codex.v11i2.62408

Edição

Seção

Dossiê Emoção no drama antigo: comédia e diálogo platônico