Considerações a Respeito Evolução das Vertentes
DOI:
https://doi.org/10.36403/espacoaberto.2021.48162Palavras-chave:
Nível de Base, Pediplanos, Pedimentos, Evolução da PaisagemResumo
Trabalho publicado originalmente no Boletim Paranaense de Geografia, n. 16/17, em julho de 1965, p. 85-116. Sendo a pesquisa realizada sob os auspícios da Universidade do Paraná e do Conselho Nacional de Pesquisas.
Neste artigo, discutimos a nova interpretação da morfologia das áreas tropicais e subtropicais da parte oriental do Brasil. A evolução da encosta é considerada principalmente como consequência das mudanças climáticas pleistocênicas. Durante épocas de clima úmido (estágios interglaciais) a paisagem foi dissecada. Nessa época, o declive evoluía por meio de profunda decomposição química e desnudação e, principalmente, por movimento gravitacional de massa. Durante períodos de semiaridez, correlacionados com as glaciações pleistocênicas, a paisagem foi desenvolvida por morfogênese mecânica, degradação lateral e recuo paralelo das encostas por processos de pedimentação. A ciclicidade das mudanças climáticas ocasionou o aparecimento cíclico de formas degradacionais e de agressão características de cada um dos tipos climáticos. O levantamento crustal desempenhou um papel secundário no desenvolvimento das formas cíclicas. Essas feições originaram-se simultaneamente nos segmentos mais elevados do sistema de drenagem. Seriam essencialmente o resultado de dois fatores: mudanças climáticas e variações do nível de base local em diferentes segmentos elevados do sistema de drenagem. Deste modo é explicada a origem dos pediplanos e seus depósitos correlativos desenvolvidos durante condições climáticas semiáridas. As formas e depósitos deste tipo são recorrentes em toda a paisagem, estando mais bem preservados do que as feições desenvolvidas em condições climáticas úmidas. Estes últimos são responsáveis pela sucessão dos níveis erosivos e pela dissecação da paisagem.