CORPO ESCRAVIZADO E DISCURSO MÉDICO: PARA ALÉM DA ANATOMIA (1830-1850)

Autores

  • Iamara da Silva Viana Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC-Rio Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ

Resumo

Apresentamos, neste artigo, reflexões acerca do corpo escravizado, a partir do discurso médico acadêmico, tendo por base o conceito de discurso proposto por Michel Foucault, entendendo-o da seguinte forma: “todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e poderes que eles trazem consigo”. No cenário construído no século XIX, o discurso médico, como um dos saberes de cura, estava em disputa com as práticas populares. Estas exercidas por escravizados, libertos e brancos pobres. Para tanto, utilizaremos como fonte principal o Manual do Fazendeiro ou Tratado Doméstico sobre as enfermidades dos Negros (1839) de Jean-Baptiste Alban Imbert que será comparado à obra de José Francisco Xavier Sigaud, Do Clima e das doenças do Brasil ou Estatística médica deste império (1844). Ambos médicos franceses que fizeram do Império do Brasil local de trabalho de estudos acerca dos corpos escravizados.

Biografia do Autor

Iamara da Silva Viana, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC-Rio Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ

Professora do Departamento de História da Pontícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC-Rio área Ensino de História e História do Brasil; Pós-dutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ; Doutora em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ; Mestre em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ; Bacharelado e Licenciatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ; Coordenadora da Pós-Graduação Lato Senso em História e Cultura Afrodescendente da PUC-Rio; Coordenadora PIBID da PUC-Rio

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Publicado

2018-07-15

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Artigos