CORDIALIDADE: CRÍTICA NIETZSCHIANA E AMBIVALÊNCIA DO HOMEM “MODERNO” BRASILEIRO EM RAÍZES DO BRASIL (1936)

Autores

Resumo

o artigo analisa a noção de cordialidade na obra Raízes do Brasil (1936), de Sérgio B. Holanda. Seguimos as pistas de E. Chaves, ao explorar, no livro de Holanda, a referência a Nietzsche. De modo divergente a Chaves, interpretamos que não seria possível a aproximação entre os valores sociais que orientam o homem cordial e os “dogmas liberais”. Os valores do personalismo, recepcionados da Ibéria, ainda predominavam na cultura brasileira e foram avaliados, por Holanda, incompatíveis com os valores da moral compassiva liberal. Fruto de dois mundos (o antigo e o moderno), a cordialidade brasileira em Holanda apresenta certa ambivalência, sendo o seu caráter mais visível, “lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade”, uma das faces da moeda. Em virtude dessa ambivalência, o autor nutriu expectativas a que cordialidade fosse nossa contribuição à civilização, mas, a via política para a “nossa revolução” estava mais próxima de uma forma política a suplantar as formas liberais.

Biografia do Autor

Damião Duque Farias, Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

Docente do Curso de História da UFGD

Ex- Reitor da UFGD

Pesquisador em História do Brasil e Historiografia Brasileira

Doutorado em História

Pos-Doutorado em Filosofia

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Publicado

2020-12-21

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Artigos