GUERRA, CULTURA E LUDICIDADE: UM DIÁLOGO ENTRE CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE EM CLAUSEWITZ, KEEGAN E HUIZINGA

Autores

  • Marcello José Gomes Loureiro Doutor em História e Civilização - École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS-Paris) Doutor em História Social - Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS-UFRJ) Pós-doutor - Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF) https://orcid.org/0000-0002-4394-340X
  • Pedro Henrique de Souza Ribeiro Graduando em História (UNIRIO) https://orcid.org/0000-0002-5262-9009

Resumo

Este artigo versa sobre a batalha de narrativas em torno da guerra, de sua conceituação, complexidade causal e dinâmica. Seu objetivo mais abrangente é identificar e analisar comparativamente os conceitos e significados de guerra presentes nas obras de Carl von Clausewitz, John Keegan e Johan Huizinga, sem descurar das diferentes historicidades em que se inscreveram. A análise guarda competência distintiva ao se afastar de uma abordagem vinculada a uma história militar tradicional, mais usual, para propor uma aproximação com aspectos afetos a um viés analítico cultural, a exemplo da sugestão de perquirir os sentidos atribuídos às noções de civilização, barbárie e cultura na pena desses autores. Umas das principais conclusões alcançadas, graças à adoção de um método comparativo, é a de que é necessário reverter a tendência cientificista (ou doutrinária) de apreender a teoria de Carl von Clausewitz como universalmente válida.  

Biografia do Autor

Marcello José Gomes Loureiro, Doutor em História e Civilização - École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS-Paris) Doutor em História Social - Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS-UFRJ) Pós-doutor - Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF)

Doutor em Histoire et Civilisation pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS - Paris), com estágio sanduíche de 10 meses no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (2014), e doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS-UFRJ). Realizou estágio de pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (2017-2018). É mestre em História Social também pelo PPGHIS-UFRJ (2010). É bacharel e licenciado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2006) e bacharel em Administração pela Escola Naval (2004). Concluiu cursos de especialização (lato sensu) nas áreas de História do Direito e Ciência Política (Universidade de Lisboa-2014); História da Arte Francesa (Sorbonne-2013); História Militar (UNIRIO-2011); História do Brasil (UFF-2008); e Economia e Administração do Setor Público (Marinha - 2012, 2007 e 2004). É autor do livro "A Gestão no Labirinto. Circulação de informações no Império Ultramarino Português, formação de interesses e construção da política lusa para o Prata (1640-1705)", resultado de sua dissertação de mestrado, publicada pela Editora Apicuri, em 2012. No doutorado, estudou as relações entre os Conselhos Superiores da monarquia portuguesa (Conselho de Estado, Conselho de Guerra, Conselho da Fazenda e Conselho Ultramarino), destacando o papel central desses tribunais na construção de dispositivos de negociação e de coesão entre as partes dessa monarquia. Em suma, a tese explicitou como esses Conselhos contribuíam para a tessitura de pactos entre o rei e as elites locais; o período escolhido foi a conjuntura crítica da Restauração (1640-1668). Mais recentemente, tem-se ocupado também com a questão da incorporação e do estatuto político-jurídico dos territórios americanos, e a edificação de discursos em torno do direito legítimo de resistência dos povos na monarquia portuguesa. Tem interesse especial em História Moderna, História do Brasil, História da Arte, História Militar-Naval, com ênfase no século XVII, atuando principalmente nos seguintes temas: conselhos superiores da monarquia portuguesa e poder polissinodal; Guerra da Restauração portuguesa (1640-1668); discursos e representações político-jurídicas no Antigo Regime; política portuguesa para o Rio da Prata; cultura política da segunda escolástica; representações da guerra e da civilização nos séculos XVI- XIX. Alguns trabalhos publicados podem ser conferidos em https://marcelloloureiro.academia.edu/

Pedro Henrique de Souza Ribeiro, Graduando em História (UNIRIO)

Graduando em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Referências

BONAPARTE, Napoleão. Sobre a Guerra. Organização de Bruno Colson. Rio de Janeiro: Civilização, 2015.

CLAUSEWITZ, Carl. v. Da Guerra. Tradução de Maria Teresa Ramos. 2ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

CLAUSEWITZ, Carl. v. Vom Kriege. Altenmünster: Jazzybee Verlag, s/data.

CERTEAU, Michel. A Escrita da História. São Paulo: Forense Universitária, 2008.

CÔRTES, Norma. Cultura e ludicidade em José Ortega y Gasset e Johan Huizinga. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 456, p. 253-266.

ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Uma História dos Costumes. Vol. I. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

_________. Os alemães: a luta pelo poder e evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

GARLAN, Ivon. Guerra e Economia na Grécia Antiga. Campinas: Papirus, 1997.

GAY, Peter. O cultivo do ódio. A experiência burguesa, da Rainha Vitória a Freud. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

GINZBURG, Carlo. Medo, reverência, terror. Quatro ensaios de iconografia política. São Paulo: Cia das Letras, 2014.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. Kettering: Angelico Press, 2016.

HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1990.

KEEGAN, John. Uma história da guerra. Tradução de Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

KEMP, Tom. A Revolução Industrial na Europa do Século XIX. Trad. José M. Lima. Lisboa, Edições 70, 1985.

MAYER, Arno J. A Força da Tradição. A persistência do Antigo Regime (1848-1914). São Paulo: Cia as Letras, 1987.

MÁXIMO, Mário. Guerra e ética em Aristóteles. In: FIORI, José Luís. Sobre a Guerra. Petrópolis: Vozes, 2018, 103-118.

PARET, Peter. Clausewitz. In: ___. (org.). Os construtores da estratégia moderna. Tradução de Joubert de Oliveira Brízida. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Bibliex, 2015, p. 235-272.

TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos & SCHURSTER, Karl. Apresentação. In: ___ (orgs). Por que a Guerra? Das Batalhas Históricas à ciberguerra: uma história da violência entre os homens. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018, p. 7-18.

TILLY, Charles. Coerção, capital e Estados europeus. Tradução Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Editora da USP, 1996.

TREMONTE, Thiago. Clausewitz e o senso nacional. In: RESTIER, Renato; LOUREIRO, Marcello; CHAGAS, Fabíola; e PAULA, Luiz Carlos (orgs.). A Guerra e a Formação dos Estados Nacionais Contemporâneos. Rio de Janeiro: Multifoco, 2013, p. 13-32.

WERNER, Michael & ZIMMERMANN, Bénédict (dir.). De la comparaison à l’histoire croisée. Paris: Seuil, 2004.

WINTON, R. I. & GARNSEY, Peter. Teoria Política. In: FINLEY, Moses (org.). O Legado da Grécia: uma nova avaliação. Brasília: Editora da UNB, 1998, p. 49-78.

XAVIER, Ângela Barreto & HESPANHA, António Manuel. A representação da sociedade e do poder. In: HESPANHA, António Manuel (org.). História de Portugal, o Antigo Regime. Lisboa: Estampa, 1998, p. 121-145.

Downloads

Publicado

2020-12-21

Edição

Seção

Artigos