RELAÇÕES DE GÊNERO, CORPOS E SUBJETIVIDADES EM CONTEXTO DE ESCRAVIDÃO
Resumo
O objetivo deste trabalho é abordar as relações de gênero em um contexto de escravidão, contemplando, também, marcadores como raça, classe e condição jurídica, de forma que o tema seja aprofundado em seu aspecto relacional. Partiremos de três processos criminais envolvendo relacionamentos afetivos em situações de conflito. Tais documentos possuem similaridades e diferenças entre si, a começar pelo espaço geográfico, pois dois deles se passam em São Paulo e outro em Cachoeira do Sul (RS), em meados do século XIX. Estes diferentes lócus nos permitem perceber a presença de agentes históricos muito distintos entre si, que desenvolvem relacionamentos, rivalidades e redes de solidariedade. Nestes cenários plurais, gênero, raça, classe e condição jurídica ganham significados que são construídos ou manejados pelos indivíduos envolvidos e seus interesses, ou seja, de forma relacional.
Referências
ALVES, M. C. Quando falha o controle: crimes de escravos contra senhores. Campinas, 1840-1870. São Paulo, Universidade de São Paulo, Tese de Doutorado, 2010.
BARBOSA, C. A. da S. "José casou com Maroca e Antônio casou-se com Fina": Relações de gênero e violência e afetivo-sexual no Sul do Brasil. (RS, 1889-1930). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Tese (Doutorado em História), 2015.
BASSANEZI, M. S. C. B. et al. São Paulo do passado: dados demográficos. Campinas: Nepo/Unicamp, v. 1, 1998.
BERTIN, E. Uma “preta de caráter feroz” e a resistência ao projeto de emancipação. In: MACHADO, M. H. P. T; CASTILHO, C. T. (orgs). Tornando-se Livre: Agentes Históricos e Lutas Sociais no processo de Abolição. São Paulo: Edusp, 2015, pp. 129-141.
CAMPOS, A. P. Nas Barras dos Tribunais: direito e escravidão no Espírito Santo do século XIX. Rio de Janeiro: Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2003.
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.
CORRÊA, M. Morte em família: representações jurídicas e papéis sexuais. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.
DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
DIAS, M. O. L. da S. Quotidiano e Poder em São Paulo no Século XIX. São Paulo: Brasiliense, 1995.
______. Novas subjetividades na pesquisa histórica feminista: uma hermenêutica das diferenças. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 2, n. 2, jan. 1994, p. 373-382.
______. Resistir e sobreviver. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova história das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012, p. 377.
DIAS, S. M.. Cotidiano em conflito: relações sociais e familiares de mulheres e escravos nos processos de divórcio em São Paulo (1780-1822). São Paulo: PUC-SP, Dissertação de Mestrado, p. 75, 2011.
DODDINGTON, D. Manhood, sex and power. In. BERRY, D.R & HARRY,L.M. Sexuality & Slavery. Reclaiming intimate histories in America. Athens: University of Georgia Press, 2018, pp.145-158.
FERREIRA, R. A. Crimes em Comum: escravidão e liberdade sob a pena do Estado imperial brasileiro (1830-1888), 2011.
HAACK, M. C. Sobre silhuetas negras: Experiências e agências de mulheres escravizadas (Cachoeira do Sul, c. 1850-1888). São Leopoldo (RS): Dissertação de Mestrado, UNISINOS, 2019.
________. Mulheres escravizadas e relacionamentos afetivos: pensando projetos amorosos e as masculinidades negras a partir da interseccionalidade (Cachoeira do Sul, século XIX). Em tempo de Histórias, v. 1, p. 196-218, 2020.
HARTMAN, S. Scenes of subjection. Terror, slavey and self making in nineteenth Century America. New York/Oxford: Oxford University Press, 1997, pp. 3-9.
HOOKS, B. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.
MACHADO, M. H. P. T. Crime e escravidão: trabalho, luta e resistência nas lavouras paulistas (1830-1888). São Paulo: Brasiliense, 1987.
________. Escravizadas, Libertas e Libertandas: Qual liberdade? In: LIMA, I. S.; GRINBERG, K.; REIS, D. A. dos. (Orgs.). Instituições Nefandas: o fim da escravidão e da servidão no Brasil, Estados Unidos e Rússia. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2018, p. 327-377.
________.Mulher, Corpo e Maternidade. In: SCHWARCZ, L.; GOMES, F. (Orgs.). Dicionário da Escravidão e da Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
MATOS, M. I. S. de. Por uma história das sensibilidades em foco - a masculinidade. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 34, 2001, p. 47.
MATTOS, H. Laços de família e direitos no final da escravidão. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe (org.). História da vida privada no Brasil: Império. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 341-343.
MOREIRA, P. R. S. Os cativos e os homens de bem: experiências negras no espaço urbano. Porto Alegre – 1858-1888. Porto Alegre: EST Edições, 2003.
REIS, J. J.; SILVA, E. Negociações e Conflito a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
ROSA, M. V. de F. Além da invisibilidade: história social do racismo em Porto Alegre durante o pós-abolição. Porto Alegre: EST Edições, 2019.
SAMARA, E. de M. As mulheres, o poder e a família: São Paulo, século XIX. São Paulo: Marco Zero, 1989.
SANTOS, B. L. de O. Desejo falar sobre amor. A perspectiva política da ação de mulheres negras no tempo. In. SALATINO, A. C. C. dos S.; ROSA, S. H.D; MONTEIRO, J. de O. Relações Étnico-Raciais: saberes e visibilidades necessárias, 2021 (no prelo).
SANTOS, D. Ogó – encruzilhadas de uma história das masculinidades e sexualidades negras na diáspora atlântica. Universitas Humanas, Brasília, v. 11, n. 1, p. 7-20, jan./jun. 2014.
SOUSA, C. P. Partus sequitur ventrem: reprodução e maternidade no estabelecimento da escravidão e abolição nas Américas até a primeira metade do século XIX. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2021.
TARDIVO, G.; PASSARINI, C.; HAACK, M. Localizando a mulher escravizada nos Mundos do Trabalho. Cantareira, 34ª ed. Jan – Jun., 2021. p. 54 – 75.
TELLES, L. F. da S. Teresa Benguela e Felipa Crioula estavam grávidas: maternidade e escravidão no Rio de Janeiro (século XIX). São Paulo: Universidade de São Paulo, Tese de Doutorado, 2018.
VARGAS, J. M.; MOREIRA, P. R. S. Charqueada Escravista. In: SCHWARTCZ, L. M. GOMES, F. (Orgs.). Dicionário da Escravidão e Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 149-155.
WHITE, D. g. The female slave network. In: ___. Ar’n’t I a woman? Female slaves in the plantation South. Nova York: W. W. Norton & Company, 1999, p. 94-110.
WISSENBACH, M. C. C. Sonhos africanos, vivências ladinas: escravos e forros em São Paulo (1850-1888). São Paulo: Hucitec, 1998.
XAVIER, G.; FARIAS, J. B. e GOMES, F. (orgs.). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro, 2012.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Licença
Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
