REFLEXÕES SOBRE A NARRATIVA ESCRAVA (EM LÍNGUA INGLESA) E OS ESCRITOS DE LUIZ GAMA

Autores

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre alguns dos escritos do abolicionista Luiz Gama (1830-1882) sob a luz do gênero literário na narrativa escrava, (slave narrative) em inglês, existente nos Estados Unidos, no Reino Unido e em outros países com histórico de dominação colonial britânica. Enquanto documento histórico ou literário, as narrativas escravas, entre estudiosos e estudiosas, majoritariamente de língua inglesa, contam com robusto respaldo acadêmico e podem nos oferecer importantes contribuições para a leitura de textos escritos por pessoas escravizadas, libertas e/ou livres que envolvam reflexões sobre as experiências de exclusão e violência no Brasil escravista, bem como auxiliar nos estudos sobre as origens da literatura afro-brasileira.

Biografia do Autor

Maria Clara Sales Sales Carneiro Sampaio, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA)

É professora da Faculdade de História (FAHIST) do Instituto de Ciências Humanas (ICH) e da Faculdade de Direito (FADIR) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e é Vice-Diretora do Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIST-UNIFESSPA).

Referências

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. África, números do tráfico atlântico. In: SCHWARTZ, Lília Moritz e GOMES, Flávio dos Santos (org.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 57-63.

ANDREWS, William. Slave Narratives, 1865-1900. In: ERNEST, J. (org.) The Oxford Handbook of the African American Slave Narrative. Oxford: Oxford University Press, 2014. p. 219-233.

AZEVEDO, Elciene. Orfeu de carapinha: a trajetória de Luiz Gama na imperial cidade de São Paulo. Campinas: Editora da Unicamp, 1999.

BLIGHT, David W. Frederick Douglass: Prophet of Freedom. Nova York: Simon & Shuster, 2018.

BRUCE Jr., Dickson D. Politics, and political philosophy in the slave narrative. In: FISCH, Audrey A. (ed.). The Cambridge Companion to the African American Slave Narrative. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. p. 28-43.

CARRETTA, Vincent. Equiano, the African: Biography of Self-Made Man. Nova York: Penguin, 2007.

CRUZ, Lizandra Júlia Silva. Luiz Gama e a Escrita de Si: aproximações entre teorias da história. In: 31º Simpósio Nacional de História: história, verdade e tecnologia, 2021, virtual. Caderno de resumos do 31º Simpósio Nacional de História [livro eletrônico]: história, verdade e tecnologia. Rio de Janeiro: ANPUH-Brasil, 2021. p. 2.297.

CUTTER, Martha J. The illustrated slave: empathy, graphic narrative, and the visual culture of the transatlantic abolition movement, 1800-1852. Atenas (Estados Unidos): University of Georgia Press, 2017.

ELTIS, David; RICHARDSON, David. Atlas of the Atlantic slave trade. New Haven: Yale University Press, 2015.

ERNEST, John. Liberation Historiography: African American Writers and the Challenge of History, 1794-1861. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2004.

_______. African American literature and the abolitionist movement, 1845 to the Civil War. In: GRAHAM, Maryemma; WARD Jr., Jerry W. (orgs.). The Cambridge History of African American Literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2011. p. 91-115.

_______. Introdução. In: ERNEST, John (org,). The Oxford Handbook of the African American Slave Narrative. Oxford: Oxford University Press, 2014. p. 1-19.

FERREIRA, Lígia Fonseca. Luiz Gama por Luiz Gama: carta a Lúcio de Mendonça. Teresa Revista de Literatura Brasileira, São Paulo, Editora 34, nº 8/9, p. 300-321, 2008.

_______. A voz negra na ‘autobiografia’: o caso de Luiz Gama. In:. GALLE, Helmut; OLMOS, Ana Cecília; KANZEPOLSKY, Adriana; e IZARRA, Laura Zuntini (orgs.). Em primeira pessoa: abordagens de uma teoria da autobiografia. São Paulo: AnnaBlume, Fapesp e FFLCH-USP, 2009.

_______. Com a palavra, Luiz Gama: poemas, artigos, cartas, máximas. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2011. p. 290–298.

_______. Ethos, poética e política nos escritos de Luiz Gama. Revista Crioula. São Paulo: EDUSP. v. 1, p. 1-20, 2012.

_______. Luiz Gama autor, leitor, editor: revisitando as Primeiras Trovas Burlescas de 1859 e 1861. Revista Estudos Avançados. São Paulo: EDUSP, v. 33, n. 96, p. 109-135, 2019.

FIGUEIREDO, Eurídice. Como fazer a autobiografia de um negro... e inovar. In:. GALLE, Helmut; OLMOS, Ana Cecília; KANZEPOLSKY, Adriana; e IZARRA, Laura Zuntini (orgs.). Em primeira pessoa: abordagens de uma teoria da autobiografia. São Paulo: AnnaBlume, Fapesp e FFLCH-USP, 2009.

_______. Introdução. In: Luiz Gama, Primeiras Trovas Burlescas & outros poemas. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. XIII-LXXIII.

GATES Jr., Henry Louis; DAVIS, Charles Twitchell. The Slave´s Narrative. Oxford: Oxford University Press, 1985.

GLEDHILL, Helen Sabrina. Travessias Racialistas no Atlântico Negro: Reflexões Sobre Booker T. Washington e Manuel R. Querino. Salvador, 2014. 302 p. il. Tese de doutorado defendida e aprovada no Programa Multidisciplinar de Estudos Étnicos e Africanos da FFCH/CEAO/UFBA.

GOULD, Philip. The Rise, Development, and Circulation of the Slave Narrative. In: FISCH, Audrey A. (ed.). The Cambridge Companion to the African American Slave Narrative. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. p.11-27.

GRAHAM, Sandra Lauderdale. Caetana diz Não: História de mulheres da sociedade escravista brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

JENSEN, Deborah. Beyond the slave narrative: politics, sex and manuscripts in the Hatian Revolution. Liverpool: Liverpool University Press, 2011.

LOVEJOY, Paul E. Identidade e a Miragem da Etnicidade: a Jornada de Mahommah Gardo Baquaqua para as Américas. Afro-Ásia, Salvador, n. 27, p. 09-39, 2002.

MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo e GOMES, Flávio dos Santos. Eles ficaram ‘embatucados’: seus escravos sabiam ler. In: CORD, Marcelo M.; ARAÚJO, Carlos Eduardo Magalhães Moreira de; GOMES, Flávio do Santos (orgs.). Rascunhos cativos: educação, escolas e ensino no Brasil escravocrata. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017.

_______. Maria Firmina dos Reis: escrita íntima na construção do si mesmo. IN: Revista Estudos Avançados (USP). São Paulo, v. 33, n. 96, p. 93-108, 2019.

_______. Crime e Escravidão. 3ª ed. São Paulo: EDUDSP, 2018.

_______. Maria Firmina dos Reis. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

_______. Entre dois Beneditos: amas de leite escravizadas em meio ao declínio da escravidão no sudeste do Brasil. In: Slavery & Abolition, v. 38, n. 2, p. 320-336, 2017.

_______. Corpo, Gênero e Identidade no Limiar da Abolição: a história de Benedicta Maria Albina da Ilha ou Ovídia, escrava (sudeste, 1880). In: Afro-Ásia, Salvador, v. 42, p. 157-193, 2010.

MOLINA, Diego A. Luiz Gama. A vida como prova inconcussa da história. In: Revista de Estudos Avançados (USP). São Paulo, v. 32, n. 92, p. 147-165, 2018.

MOREL, Marco. Os Primeiros Passos da Palavra Impressa. In: MARTINS, Ana Luiza e DE LUCA, Tânia Regina (orgs.). História da Imprensa no Brasil. 2ª Ed. São Paulo: Editora Contexto, 2013.

MUSHER, Sharon Ann. The Other Slave Narratives: The Works Progress Administration. In: ERNEST, J. (org.). The Oxford Handbook of the African American Slave Narrative (Oxford University Press). Oxford, p. 101-118, 2014.

NORTHUP, Solomon. 12 years a slave. Londres: Penguin Books, 2016.

PIERCE, Yolanda. Redeeming bondage: the captivity narrative and the spiritual autobiography in the African American slave narrative tradition. In: FISCH, Audrey A. The Cambridge Companion to the African American Slave Narrative. Cambridge: Cambridge University Press, 2007, p. 83-98.

PINTO, Ana Flávia Magalhães. Escritos de liberdade: literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista. Campinas: Editora da Unicamp, 2018.

REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos; CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. O Alufá Rufino. Tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico Negro (1822-1853). São Paulo: Cia. das Letras, 2010.

SAMPAIO, Maria Clara Sales Carneiro; ARIZA, Marília Bueno de Araújo. Narrativas de Mulheres Escravizadas nos Estados Unidos do Século XIX. In: Revista de Estudos Avançados (USP). São Paulo, v. 33, n. 96, p. 179-198, 2019.

SCHWARTZ, Marie Jenkins. The WPA Narratives as Historical Sources. In: ERNEST, J. (org.). The Oxford Handbook of the African American Slave Narrative. Oxford: Oxford University Press, 2014, p. 89-100.

SCHWARTZ, Stuart B. Resistance and Accommodation in Eighteenth-Century Brazil: The Slaves ‘View of Slavery’. In: The Hispanic American Historical Review (Duke University). Durham, 57 (1), 69-81, 1977.

STARLING, Marion Wilson. Slave Narrative: its place in American history. Washington: Howard University Press, 1988.

TRANS-ATLANTIC SLAVE TRADE – Estimates. Slave Voyages, 2020. Disponível em: <https://www.slavevoyages.org/assessment/estimates> Acesso em 25 out. 2020.

Downloads

Publicado

2022-06-14

Edição

Seção

Dossiê Temático