GRAVIDEZ E ESCRAVIDÃO EM PERSPECTIVA COMPARADA: MULHERES AFRICANAS E DESCENDENTES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E NAS FAZENDAS CAFEEIRAS NO SUDESTE (1830-1888)
Resumo
A partir de casos clínicos e textos de autoria de médicos, de anúncios comerciais e de fuga, de relatos de viajantes e obras de memorialistas, o objetivo deste artigo será iluminar as vidas de mulheres africanas e descendentes escravizadas que viveram suas gestações e foram mães no cenário urbano do Rio de Janeiro e nas fazendas cafeeiras para exportação nas províncias do Rio de Janeiro e São Paulo. No contexto ampliado das transformações relativas à escravidão nas conjunturas anteriores e posteriores ao fim do tráfico transatlântico, pretendemos discutir as políticas senhoriais destinadas às mulheres cativas durante a gravidez no contexto urbano e rural no Sudeste no contexto do fim do tráfico africano - quando o futuro e a viabilidade da escravidão passaram a depender da escravização das filhas e filhos das cativas - e suas conexões com as diferentes demandas de trabalho que impactaram as experiências de mulheres africanas e descendentes durante suas gestações nestes diferentes cenários. Visamos, assim, delinear as singularidades das experiências de mulheres escravizadas que foram gestantes nestes diferentes cenários, mapeando as políticas senhoriais com respeito ao trabalho nos diferentes contextos, além de iluminar os desafios enfrentados quando vítimas do sadismo e das torturas senhoriais.
Palavras-chave: maternidade; escravidão; mulheres negras
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