Avaliação da vulnerabilidade costeira na costa Moçambicana: Índice de Vulnerabilidade Costeira simplificado

Autores

  • Teodósio das Neves Milisse Nzualo Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Programa de Engenharia Naval e Oceânica Área de Engenharia Costeira e Oceanográfica - COPPE
  • Vanilza Flora Silvestre Universidade Salgado de Oliveira – Universo

Palavras-chave:

Ciclones tropicais, Nível médio do mar, risco de inundações, vulnerabilidade a erosão da costa moçambicana, Índice de Vulnerabilidade Costeira Simplificado (IVCs).

Resumo

A vulnerabilidade da costa moçambicana em razão da ocorrência de inundações nos distritos costeiras associados a elevação do nível médio do mar, efeitos da maré meteorológica e a ciclones tropicais, foi examinada usando o Índice de Vulnerabilidade Costeira Simplificado (IVCs). O IVCs é uma simplificação do tradicional índice (IVC) desenvolvido por Gornitz et al. (1994) e modificado por Thieler e Hammar-Klose (1999). No IVCs se correlaciona a densidade de ocupação populacional (População/km) de cada distrito costeiro em toda a extensão da área de estudo (2123 km de linha de costa) com as cotas altimétricas médias de tais microrregiões, a fim de avaliar a fragilidade à inundações devido aos eventos extremos. Os resultados obtidos do IVCs mostram que os distritos costeiros das províncias de Sofala e Zambézia são os mais vulneráveis a danos causados pela incidência de ciclones e inundações. Se constata que a fragilidade potencial a inundações na região litorânea do centro de Moçambique face aos eventos climáticos extremos advêm do fato de as cotas altimétricas serem inferiores a 10 m e próximos do nível médio relativo do mar. Outro fator de risco que incide sobre os distritos litorâneos das províncias de Sofala e Zambézia resulta do grande  crecimento da densidade populacional (população/km) nos últimos 20 anos (entre 1997 - 2017), sendo superior do que a densidade populacional das províncias de Inhambane e Nampula. A maior pressão populacional nestes distritos contribuirá para que ocorram alterações antrópicas no meio físico e biotico da zona costeira e desse modo agravar a vulnerabilidade dessa região aos eventos extremos.

Biografia do Autor

Teodósio das Neves Milisse Nzualo, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Programa de Engenharia Naval e Oceânica Área de Engenharia Costeira e Oceanográfica - COPPE

Doutorado em Engenharia Costeira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fev. 2015. Possui cerca de 12 anos de experiência (2008 - 2020) com modelagem numérica computacional nas áreas de: hidrodinâmica de rios, estuários, baías, lagoas etc; mecânica fluvial; obras hidráulicas; erosão costeira em decorrência de alterações na dinâmica sedimentar e eventos climáticos extremos; transporte de sedimentos; dragagem; Modelos de qualidade da água e controle da poluição na água.

Referências

ALI, A. Vulnerability of Bangladesh to climate change and sea level rise through tropical cyclones and storm surges. Water, Air, and Soil Pollution, 92, 1996, (171-179). Disponível em: https://doi.org/10.1007/BF00175563. Acesso em: 20/05/2020.

ASANTE, K. et. al. Study on the Impact of Climate Change on Disaster Risk in Mozambqiue. International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA), 2016 (Last Modified). Disponível em: http://pure.iiasa.ac.at/9007. Acesso em: 22/05/2020.

BACKEBERG, B. C.; REASON, C. J. C. A connection between the South Equatorial Current north of Madagascar and Mozambique Channel Eddies. Geophysical Research Letters, 37, L04604, 2010, (1-6). Disponível em: http://doi.org/10.1029/2009GL041950. Acesso em: 20/05/2020.

BIÉ, Alberto J., et. al. Numerical modeling of storm surges in the coast of Mozambique: the cases of tropical cyclones Bonita (1996) and Lisette (1997). Ocean Dynamics, 67, 2017, (1443-1459.

CABRAL, Pedro, et al. Assessing Mozambique's exposure to coastal climate hazards and erosion. International Journal of Disaster Risk Reduction, 23, 2017, (45-52). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.ijdrr.2017.04.002. Acesso em: 20/05/2020.

CHEMANE, David, et. al. Vulnerability of coastal resources to climate changes in Mozambique: a call for integrated coastal zone management. Ocean and Coastal Management, 37, 1997, (66-83). Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0964-5691(97)00073-2. Acesso em: 20/05/2020.

CCPI, Climate Change Performance Index. Results 2020. Germanwatch, NewClimate Institute & Climate Action Network: 2019. Disponível em: https://newclimate.org/wp-content/uploads/2019/12/CCPI-2020-Results_Web_Version.pdf. Acesso em: 22/05/2020

De SCALLY, Fes A. Historical tropical cyclone activity and impacts in the Cook Islands. Pacific Science, 62(4), 2008, (443-459). Disponível em: https://doi.org/10.2984/1534-6188(2008)62[443:HTCAAI]2.0.CO;2 . Acesso em: 21/05/2020.

GOOGLE EARTH. Imagens de 05/2020 da linha de costa da Província de Sofala em Moçambique. Google Earth Pro, 2020. Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/

GORNITZ V.M., et. al. The development of coastal risk assessment database: vulnerability to sea-level rise in the US southeast. J Coast Res. 12, 1994, (327-338).

GRAY, W. M. The formation of tropical cyclones. Meteorology and Atmospheric Physics, 67, 1998, (37-69). Disponível em: https://doi.org/10.1007/BF01277501. Acesso em: 20/05/2020.

HALO, Issufo, et. al. Deep-Sea Research II Eddy properties in the Mozambique Channel : A comparison between observations and two numerical ocean circulation models. Deep Sea Research Part II: Topical Studies in Oceanography, 100, 2014, (38-53). Disponível em: http://doi.org/10.1016/j.dsr2.2013.10.015. Acesso em: 20/05/2020.

HANCKE, Lisa, et. al. Surface drifter trajectories highlight flow pathways in the Mozambique Channel. Deep Sea Research Part II: Topical Studies in Oceanography, 100, 2014, (27–37). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.dsr2.2013.10.014. Acesso em: 20/05/2020.

HOGUANE, Antônio M. Perfil Diagnóstico da Zona Costeira de Moçambique. Revista de Gestão Costeira Integrada, 7(1), 2007, (69-82). Disponível em: https://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci7_8_Hoguane.pdf. Acesso em: 21/05/2020.

HOLLAND, Greg J. The maximum potential intensity of tropical cyclones. Journal of the Atmospheric Sciences, 54, 1997, (2519-2541). Disponível em: https://doi.org/10.1175/1520-0469(1997)054<2519:TMPIOT>2.0.CO;2. Acesso em: 20/05/2020.

INE. Indicadores Sócio Demográficos Província de Sofala 2007. Instituto Nacional de Estatística, 1997. Disponível em: http://www.ine.gov.mz/operacoes-estatisticas/censos/censo-2007/rgph-1997. Acesso em: 19/05/2020.

INE. Indicadores Sócio Demográficos Província de Sofala 2007. Instituto Nacional de Estatística, 2007. Disponível em: http://www.ine.gov.mz/operacoes-estatisticas/censos/censo-2007/rgph-2007. Acesso em: 19/05/2020.

INE. Divulgação dos Resultados Preliminares IV RGPH 2017. Instituto Nacional de Estatística, 2017. Disponível em: http://www.ine.gov.mz/operacoes-estatisticas/censos/censo-2007/censo-2017. Acesso em: 19/05/2020.

INGC. (2019). Avaliação rápida multissectorial pós-ciclone Idai: 14 distritos das províncias de Sofala e Manica Moçambique. Relatorio Final 1-17 de abril de 2019. Disponível em: https://reliefweb.int/sites/reliefweb.int/files/resources/Mozambique_ARM_20190425_final_PT.pdf. Acesso em: 20/05/2020.

IPCC. Climate Change 2007: Climate Change Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, 2007. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar4/wg2/. Acesso em: 20/05/2020.

IPCC. Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Part A: Global and Sectoral Aspects. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, 2014, (1-32). Disponível em: https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/03/ar5_wgII_spm_en-1.pdf. Acesso em: 20/05/2020.

IPCC. Aquecimento Global de 1,5°C: Relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre os impactos do aquecimento global de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e respectivas trajetórias de emissão de gases de efeito estufa, no contexto do fortalecimento da resposta global à ameaça da mudança do clima, do desenvolvimento sustentável e dos esforços para erradicar a pobreza. 2019. Disponível em: https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/2/2019/09/SR15_SPM_Portuguese.pdf. Acesso em: 20/05/2020.

JONES, Sam; TVEDTEN, Inge. What does it mean to be poor? Investigating the qualitative-quantitative divide in Mozambique. World Development, 117, 2019, (153-166). Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.worlddev.2019.01.005. Acesso em: 21/05/2020.

JURY, Mark R. A preliminary study of climatological associations and characteristics of tropical cyclones in the SW Indian Ocean. Meteorology and Atmospheric Physics, 51, 1993, (101-115). Disponível em: https://doi.org/10.1007/BF01080882. Acesso em: 21/05/2020.

KAIRU, Kuria; NYANDWI, Ntahondi (orgs). Guidelines for the study of shoreline change in the Western indian Ocean region. IOC manual and guide no. 40 UNESCO, Paris, 2000. Disponível em: file:///C:/Users/vaflo/Downloads/335464.pdf. Acesso em: 21/05/2020.

MATYAS, Corene J. Tropical cyclone formation and motion in the Mozambique Channel. International Journal of Climatology, 35, 2015, (375-390). http://doi.org/10.1002/joc.3985. Acesso em: 20/05/2020.

MAVUME, Alberto F., et al. Climatology and Landfall of Tropical Cyclones in the South - West Indian Ocean. Western Indian Ocean Journal of Marine Science, 8(1), 2009, (19-39). Disponível em: http://doi.org/10.4314/wiojms.v8i1.56672. Acesso em: 20/05/2020.

Ministério do Meio Ambiente – MMA do Brasil. Programa Nacional para Conservação da Linha de Costa – PROCOSTA [recurso eletrônico] / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental, Departamento de Gestão Ambiental Territorial. – Brasília, DF: MMA, 2018. Disponível em: http://www.mma.gov.br/publicacoes/gestao-territorial/category/198-gestao-costeira-procosta. Acesso em: 30/05/2020.

MUIS, Sanne, et. al. A global reanalysis of storm surges and extreme sea levels. Nature Communications, 7, 11969, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.1038/ncomms11969. Acesso em: 22/05/2020.

NEEDHAM, Hal; KEIM, Barry D. Storm Surge: physical processes and an impact Scale. LUPO, Anthony (Org.). Recent Hurricane Research: climate, dynamics, and societal impacts. Croatia: Intech Open, 2011, (385-406). Disponível em: DOI: 10.5772/15925. Acesso em: 22/05/2020.

NEUMANN, James et. al. (2013). Assessing the risk of cyclone-induced storm surge and sea level rise in Mozambique. WIDER Working Paper, 036, 2013. Disponível em: http://hdl.handle.net/10419/80986. Acesso em: 25/05/2020.

NZUALO, Teodósio N. M. Uma contribuição para o entendimento da formação de bancos arenosos no estuário da Beira, Moçambique, sob a ação de ondas e macro-maré. Tese (Doutorado em Engenharia Costeira). Universidade Federal Do Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

NZUALO, Teodósio N. M., et. al. Short-term tidal asymmetry inversion in a macrotidal estuary (Beira, Mozambique). Geomorphology, 308, 2018, (107–117). Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.geomorph.2018.01.029. Acesso em: 20/05/2020.

PUGH, David T. Tides, surges and mean sea-level. Chichester, UK: John Wiley & Sons. 1987. Disponível em: http://doi.org/10.1016/0264-8172(88)90013-X. Acesso em: 22/05/2020.

RIDDERINKHOF, Herman; DE RUIJTER, Wilhelmus P. M. Moored current observations in the Mozambique Channel. Deep-Sea Research II, 50, 2003, ¬(1933-1955). http://doi.org/10.1016/S0967-0645(03)00041-9. Acesso em: 20/05/2020.

De RUIJTER, Wilhelmus P. M., et. al. Observations of the flow in the Mozambique Channel. Geophysical Research Letters, 29(10), 2002, (3-5). Disponível em: https://doi.org/10.1029/2001GL013714 Acesso em: 20/05/2020.

SEGTNAN, Ole. Simulating the circulation in the Mozambique Channel by use of a numerical ocean model. Master Thesis (Master Thesis in Physical Oceanography). University of Bergen, Bergen, 2006. Disponível em: http://hdl.handle.net/1956/1495. Acesso em: 25/05/2020.

SAETRE, Roald; SILVA, António Jorge da. Water masses and circulation on the Mozambique channel. Revista de Investigação Pesqueira, 3, 1982, (1-83). Disponível em: http://aquaticcommons.org/id/eprint/17106 Acesso em: 20/05/2020.

SAFFIR, H. S. Florida’s approach to hurricane-resistant design and construction. J. Wind Eng. Ind. Aerodyn, 44, 1989, (1041-1052).

Sebastião, Arcénio. Erosão costeira ameaça cidade da Beira. DW África, 2015. Disponível em: https://www.dw.com/pt-002/eros%C3%A3o-costeira-amea%C3%A7a-cidade-da-beira/a-18312313 Acesso em: 22/05/2020.

SETE, Cândida, et. al. Seasonal Variation of Tides, Currents, Salinity and Temperature along the Coast of Mozambique. UNESCO (IOC) – ODINAFRICA, 2002, (01-72).

THERON, André; BARWELL, Laurie. Responding to climate change in Mozambique: Theme 2: Coastal planning and adaptation to mitigate climate change impacts. Stellenbosch: CSIR. 2012

THIÉBLEMONT, Antoine, et. al. Contourite depositional systems along the Mozambique channel: The interplay between bottom currents and sedimentary processes. Deep Sea Research Part I: Oceanographic Research Papers, 147, 2019, (79-99). Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.dsr.2019.03.012. Acesso em: 22/05/2020.

THIELER, E. Robert; Hammar-Klose Erika S. National assessment of coastal vulnerability to sea-level rise, US Atlantic coast. Open-File Report. 99(593), 1999.

UNITED NATIONS. Cartographic map profile Mozambique. Map No. 3706 Rev. 6, 2016. Disponível em: http://www.un.org/Depts/Cartographic/map/profile/mozambiq.pdf. Acesso em: 28/05/2020.

WARREN, Matthew. Why Cyclone Idai is one of the Southern Hemisphere’s most devastating storms. Nature research journal, 2019. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-019-00981-6 Acesso em: 25/05/2020.

World Meteorological Organization – WMO. Guide to Storm Surge Forecasting. WMO-No. 1076, Geneva, 2011. Disponível em: https://library.wmo.int/doc_num.php?explnum_id=7747. Acesso em: 25/05/2020.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

2020-11-27

Edição

Seção

Dossiê