Produção de conhecimento, psicologia e pensamento colonial

Magda Dimenstein, Gabriel Nascimento Silva, Candida Dantas, Jader Leite, João Paulo Macedo

Resumo


Esse estudo objetivou fazer um levantamento da produção latinoamericana em psicologia que toma por base o pensamento póscolonial e decolonial. Interessa-nos discutir as contribuições desses estudos e mapear quais críticas fazem aos paradigmas centrais da psicologia enquanto campo de saber e práticas profissionais. Realizamos uma revisão integrativa da produção bibliográfica sobre psicologia articulada ao pensamento decolonial no Portal de Periódicos Capes e Redalyc. Após o crivo de inclusão-exclusão, 30 artigos foram analisados. Os resultados apontam para a crítica à ênfase nos modelos teóricos e práticos advindos dos países centrais do capitalismo, a inadequação de teorias eurocêntricas na América Latina e a invisibilização da produção nacional e/ou latino-americana. Contudo, ainda são escassos os estudos na área que interrogam o racismo epistêmico e os modos de produção do conhecimento que aprofundam as experiências de colonialidade ao invisibilizar grupos destoantes do padrão de normatividade moderna.


Palavras-chave


Psicologia; Pensamento decolonial; América Latina

Texto completo:

PDF

Referências


Alcântara, C. N. (2018, Out. 23). O decolonial na pesquisa em artes no Brasil SciELO em Perspectiva: Humanas. Recuperado de: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/10/23/o-decolonial-na-pesquisa-em-artes-no-brasil/

Alvaran, C. J., & Gomez, P. B. (2012). Trapiche, minga y resistencia: Una experiencia de socializacion política. Eleuthera, 7(2), 167-192.

Alves, C. B., & Delmondez, P. (2015). Contribuições do pensamento pós-colonial à psicologia política. Psicologia Política, 15(34), 647-661.

Ballestrin, L. (2013). América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, (11), 89-117. https://doi.org/10.1590/S0103-33522013000200004

Benício, L. F. S., Barros, J. P. P., Rodrigues, J. S., Silva, D. B., Leonardo, C. S., & Costa, A. F. (2018). Necropolítica e pesquisa-intervenção sobre homicídios de adolescentes e jovens em Fortaleza, CE. Psicologia: Ciência e Profissão, 38(esp. 2), 192-207. https://doi.org/10.1590/1982-3703000212908

Bernardino-Costa, J., & Grosfoguel, R. (2016). Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, 31(1), 15-24. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100002

Carbonieri, D. (2016). Pós-colonialidade e decolonialidade: Rumos e trânsitos. Revista Labirinto, 24(1), 280-300.

Caro, L. M., & Varas, P. R. (2015). Principios orientadores en la intervención psicosocial y comunitaria centrada en infancia, interculturalidad y Buen Vivir. Polis: Revista Latinoamericana, 14(40), 1-14. https://doi.org/10.4067/S0718-65682015000100007

Carvalhaes, F. F. (2019). Clínica extramuros: Decolonizando a psicologia. Revista Espaço Acadêmico, 19(216), 3-13.

Castro, R. D. & Mayorga, C. (2019). Decolonialidade e pesquisas narrativas: Contribuições para a psicologia comunitária. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 14(3), 1-18

Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Universidade Federal da Bahia. (Originalmente publicada em 1952).

Gamboa, A. F. (2016). Fronteras simbólicas entre expertos y víctimas de la guerra en Colombia. Antípoda: Revista de Antropología y Arqueología, 24(1), 35-53. https://doi.org/10.7440/antipoda24.2016.03

Gómez, P. B. (2015). Subjetividades colectivas y prácticas de paz en contextos de guerra: Una perspectiva desde la psicología política decolonial. Prospectiva: Revista de Trabajo Social e Intervención Social, (20), 71-90. https://doi.org/10.25100/prts.v0i20.934

Gonçalves, B. S. (2016). A dupla consciência latino-americana: Contribuições para uma psicologia descolonizada. Revista Psicologia Política, 16(37), 397-413. Gonçalves, B. S. (2019). Nos caminhos da dupla consciência: América Latina, psicologia e descolonização. São Paulo: o autor.

Grosfoguel, R. (2016). A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, 31(1), 25-49. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100003

Grosfoguel, R. (2008). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, (80), 115-147. https://doi.org/10.4000/rccs.697

Lages, S. R. C. (2013). Metodologia de pesquisa em psicossociologia: Estudos sobre o campo religioso afro-brasileiro a partir dos estudos pós-coloniais. Psicologia para América Latina, (24), 83-96.

Lander, E. (2005). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Buenos

Aires: CLACSO.

Lavor Filho, T. L., Barbosa, V. N. M., Almeida Segundo, D. S., Moura Junior, J. F., Jannuzzi, P. M., & Lima, R. S. (2018). Análises interseccionais a partir da raça e da classe: Medo do crime e autoritarismo no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, 38(esp. 2), 223-237. https://doi.org/10.1590/1982-3703000212376

Lucena Filho, E. L., & Silva, I. L. (2018). Processo de colonização e os possíveis impactos na psicologia da atualidade. Revista Psicologia & Saberes, 7(9), 107-117. https://doi.org/10.3333/ps.v7i9.857

Maldonado-Torres, N. (2008). A topologia do ser e a geopolítica do conhecimento: Modernidade, império e colonialidade. Revista Crítica de Ciências Sociais, (80), 71-114. https://doi.org/10.4000/rccs.695

Mancilla, M. R., & Opazo, G. G. (2014). Cartografía epistémica: Hacia una psicología relacional y situada. Sophia: Colección de Filosofía de la Educación, 1(16), 48-70.

Martínez, H. C. P. (2017). De la relación entre la psicología y el trabajo a la luz de sus dimensiones coloniales. Estudos de Psicologia (Campinas), 34(1), 5-14. https://doi.org/10.1590/1982-02752017000100002

Mayorga, C. (2014). Algumas contribuições do feminismo à psicologia social comunitária. Athenea Digital, 14(1), 221-236. https://doi.org/10.5565/rev/athenead/v14n1.1089

Menezes, A. L. T., & Silveira, V. F. (2016). Práticas locais em clínica e educação: Compromissos com a atual América. Educação, 39(2), 271-280. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2016.2.22918

Menezes, J. A., Lins, S. S., & Sampaio, J. V. (2019). Provocações pós-coloniais à formação em psicologia. Psicologia & Sociedade, 31, 1-9. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2019v31191231

Miglievich-Ribeiro, A., & Prazeres, L. L. G. (2015). A produção da subalternidade sob a ótica pós-colonial (e decolonial): Algumas leituras. Temáticas, 23(45-46), 25-52. https://doi.org/10.20396/tematicas.v23i45/46.11100

Mignolo, W. (2017). Desafios decolonais hoje. Revista Epistemologias do Sul, 1(1), 12-32.

Montenegro, M., Pujol, J., & Vargas-Monroy, L. (2015). Miradas, formas de hacer y relaciones en la constitución de una investigacción crítica. Universitas Psychologica, 14(5), 1833-1851.

Mountian, I. (2017). Reflexões sobre metodologias críticas em pesquisa: interseccionalidade, reflexividade e situacionalidade. Revista Psicologia Política, 17(40), 454-469.

Costa, A. G., Neto (2016). A denúncia de Cesáire ao pensamento decolonial. Revista Eixo, 5(2), 46-54. https://doi.org/10.19123/eixo.v5i2.310

Orellano, C. M., & González, S. G. (2015). Acerca de la opción decolonial en el ámbito de la psicología. Perspectivas en Psicología, 12(2), 1-8.

Parra-Valencia, L., & Galindo, D. (2019). Colonialidad y psicología: El desarraigo de la sabiduría. Revista Polis e Psique, 9(1), 186-197

Pavón-Cuéllar, D. (2018). Más allá de la crítica teórica de la psicología: Prácticas políticas anticapitalistas en la confluencia del marxismo con el psicoanálisis. Teoría y Crítica de la Psicología, 11, 61-91.

Pérez, L. T., Valderrama, C. G., & Alvarez, C. (2017). Las producciones narrativas como metodología de investigación feminista en psicología social crítica: Tensiones y desafíos. Psicoperspectivas, 16(2), 20-32. https://doi.org/10.5027/psicoperspectivasvol16-issue2-fulltext-956

Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In E. Lander (Org.). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. (pp. 107-130). Buenos Aires: CLACSO.

Revollo, C. (2018). Deconstruyendo la categoría de mujeres víctimas del desplazamiento en Colombia. Revista Eleuthera, 19, 77-94. https://doi.org/10.17151/eleu.2018.19.5

Schmidt, M. L. S. (2015). Aconselhamento psicológico como área de fronteira. Psicologia USP, 26(3), 407-413. https://doi.org/10.1590/0103-656420140033

Silva, C. V. P. (2013). Psicologia latino-americana: Desafios e possibilidades. Psicologia: Ciência e Profissão, 33(esp.), 32-41.

Silva, F. H. M. (2019). Ocupar a clínica com o desejo: ampliações, implicações e imaginações possíveis. Revista Espaço Acadêmico, 19(216), 29-37.

Souza, M. T., Silva, M. D., & Carvalho, R. (2010). Revisão integrativa: O que é e como fazer. Einstein (São Paulo), 8(1), 102-106. https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134

Spivak, G. C. (2010). Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais.

Tonial, F. A. L., Maheirie, K., Garcia, C. A. S., Jr. (2017). A resistência à colonialidade: definições e fronteiras. Revista de Psicologia da UNESP, 16(1), 18-25.

Valdenegro, B. (2015). Delincuencia, infancia y alteridad: Una propuesta de inteligibilidad. Universitas Psychologica, 14(4), 1473-1484. https://doi.org/10.11144/Javeriana.up14-4.diap

Veiga, L. M. (2019). Descolonizando a psicologia: notas para uma psicologia preta. Fractal: Revista de Psicologia, 31(esp.), 244-248. https://doi.org/10.22409/1984-0292/v31i_esp/29000




DOI: https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP-2022v74.19513

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2022 Arquivos Brasileiros de Psicologia

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Instituto de Psicologia

Av. Pasteur, 250 - Pavilhão Nilton Campos, Praia Vermelha - Urca
CEP: 22290-902 - Rio de Janeiro-RJ - arquivosbrap@psicologia.ufrj.br
Portal Capes
Minerva