Psicologia e políticas sociais: uma análise marxista
DOI:
https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP-2022v74.19679Resumo
A atuação da Psicologia nas políticas sociais remete às últimas décadas do século XX e tal campo profissional tem se configurado como promissor para a área. Ao passo em que isso representa uma aproximação dos psicólogos a maiores contingentes da população pobre, também revela descompasso entre as práticas realizadas e as demandas que lhes são dirigidas nos serviços. Para contribuir com a superação deste cenário, objetiva-se discutir sobre a necessidade de uma ampla e fundamentada compreensão das determinações macroestruturais que condicionam as políticas sociais para um trabalho efetivo da Psicologia neste campo. Para tanto, a partir da teoria social marxiana e da tradição marxista, é debatida a natureza das políticas sociais, que remete ao Modo de Produção Capitalista, suas características atuais no cenário de crise econômica e o papel da Psicologia nesta conjuntura de retrocesso de direitos sociais e desregulamentação do Estado.Referências
Almeida, R. (2019). Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e a crise brasileira. Novos estudos CEBRAP, 38(1), 185-213. https://doi.org/10.25091/S01013300201900010010
Antunes, R. (2002). Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo.
Augusto, M. H. O. (1989). Políticas públicas, políticas sociais e políticas de saúde: algumas questões para reflexão e debate. Tempo Social, 1(2), 105-119. https://doi.org/10.1590/ts.v1i2.84772
Behring, E. R., & Boschetti, I. (2011). Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez.
Boarini, M. L. (1996). A formação (necessária) do psicólogo para atuar na saúde pública. Psicologia em Estudo, 1(1), 93-132.
Boito Jr., A. (2007). Estado, política e classes sociais: ensaios teóricos e históricos. São Paulo: Universidade Estadual Paulista.
Boschetti, I. (2010). Os custos da crise para a política social. In I. Boschetti, E. R Behring, S. M. M. Santos, & R. C. T. Mioto (Orgs.), Capitalismo em crise, política social e direitos (pp. 64-85). São Paulo: Cortez.
Botomé, S. P. (1979). A quem nós, psicólogos, servimos de fato? Psicologia, 5, 1-15.
Cirilo Neto, M., & Dimenstein, M. (2017). Saúde mental em contextos rurais: o trabalho psicossocial em análise. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(2), 461-474. https://doi.org/10.1590/1982-3703002542016
Cohn, A. (2000). A questão social no Brasil: a difícil construção da cidadania. In C. G. Mota (Org.), Viagem incompleta: a grande transação (pp. 383-403). São Paulo: Serviço Social do Comércio.
Coimbra, M. A. (1987). Abordagens teóricas ao estudo das políticas sociais. In S. H. Abranches, W. G. Santos, & M. A. Coimbra, Política social e combate a pobreza (pp. 65-103). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Conselho Federal de Psicologia. (2012). Muito a comemorar, muito mais a fazer. Jornal do Federal, (104), 4-7
Costa, A. L. F. (2014). A produção científica de psicologia e o debate sobre política social (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN. Recuperado em 23 de novembro de 2022 de https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/19635
Draibe, S. (1993). As políticas sociais e o neoliberalismo: reflexões suscitadas pelas experiências latino-americanas. Revista USP, (17), 86-101.
Engels, F. (2007). A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo. (Originalmente publicado em 1845).
Fleury, S. (1994). Estado sem cidadãos: seguridade social na América Latina. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz.
Giannotti, V. (2007). História das lutas dos trabalhadores no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad.
Gruppi, L. (1996). Tudo começou com Maquiavel. Porto Alegre: L&PM.
Harvey, D. (2011). O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo.
Hashizume, M. (Produtor). Cavechini, C., & Barros, C. J. (Diretores). (2011). Carne e osso [Documentário]. São Paulo: Repórter Brasil.
Hobsbawm, E. (2015). Trabalhadores: estudos sobre a história do operariado. São Paulo: Paz e Terra.
Lacerda Jr., F. (2016). Marxismo, emancipação humana e crítica da Psicologia. In I. F. Oliveira, I. L. Paiva, A. L. F. Costa, F. Coelho-Lima, & K. M. O. Amorim (Orgs.), Marx hoje: pesquisa e transformação social (pp. 255-275). Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Marx, K. (1982). Para a crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural. (Originalmente publicado em 1859).
Marx, K. (2011). O processo de produção do capital (O Capital: crítica da economia política, livro 1). São Paulo: Boitempo. (Originalmente publicado em 1890).
Mascaro, A. L. (2013). Estado e forma política. São Paulo: Boitempo.
Montaño, C. (2002). Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de intervenção social. São Paulo: Cortez.
Moreira, D. J., & Castro, M. G. O. (2009). Núcleo de apoio à saúde da família (NASF) como porta de entrada oficial do psicólogo na atenção básica. TransFormações em Psicologia, 2(2), 51-64.
Netto, J. P. (2001). Capitalismo monopolista e serviço social. São Paulo: Cortez.
Netto, J. P., & Braz, M. (2006). Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez.
Oliveira, I. F., & Amorim, K. M. O. (2012). Psicologia e política social: o trato da pobreza como “sujeito psicológico”. Psicologia Argumento, 30(70), 559-566.
Oliveira, I. F., & Costa, A. L. F. (2018). Psicologia e política social: história e debate. In M. P. Cordeiro, B. Svartman, & L. V. Souza (Orgs.), Psicologia na assistência social: um campo de saberes e práticas (pp. 32-44). São Paulo: Instituto de Psicologia.
Oliveira, I. F., Dantas, C. M. B., Costa, A. L. F., Silva, F. L., Alverga, A. R., Carvalho, D. B., & Yamamoto, O. H. (2004). O psicólogo nas unidades básicas de saúde: formação acadêmica e prática profissional. Interações, 9(17), 71-89.
Pastorini, A. (2004). A categoria “questão social” em debate. São Paulo: Cortez.
Raichelis, R. (2006). Gestão pública e a questão social na grande cidade. Lua Nova, 69, 13-48. https://doi.org/10.1590/S0102-64452006000400003
Salvador, E. (2012). Financiamento tributário da política social no pós-real. In E. Salvador, E. R. Behring, I. Boschetti, & S. Granemann (Orgs.), Financeirização, fundo público e política social (pp.123-152). São Paulo: Cortez.
Silva, G. S. (2012). Transferências de renda e monetarização das políticas sociais: estratégia de captura do fundo público pelo capital portador de juros. In E. Salvador, E. R. Behring, I. Boschetti, & S. Granemann (Orgs.), Financeirização, fundo público e política social (pp. 209-241). São Paulo: Cortez.
Silva, M. A. (2019). Análise crítica da proposta de reforma da previdência social no Brasil entre os anos 2016 e 2018. Serviço Social e Sociedade, (135), 213-230. https://doi.org/10.1590/0101-6628.175
Silva, R. B., & Cezar, P. C. N. (2013). Atuação do psicólogo no CREAS em municípios de pequeno porte. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 4(1), 99-109.
Sweezy, P. (1983). Teoria do desenvolvimento capitalista. São Paulo: Abril Cultural.
Titmuss, R. M. (1974). Social policy. New York: Pantheon.
Yamamoto, O. H. (2007). Políticas sociais, “terceiro setor” e “compromisso social”: perspectivas e limites para o trabalho do psicólogo. Psicologia e Sociedade, 19(1), 30-37. https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000100005
Yamamoto, O. H. (2012). 50 anos de profissão: responsabilidade social ou projeto ético-político? Psicologia: Ciência e Profissão, 32(esp), 6-17. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000500002
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais dos trabalhos publicados pertencem ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A revista adota a licença CreativeCommons "CC BY", que permite o compartilhamento do conteúdo em qualquer suporte ou formato, para qualquer fim, desde que referenciando a publicação original na Arquivos Brasileiros de Psicologia.
Ao submeterem trabalhos, os autores aceitam os termos dos direitos autorais e da licença adotada pela publicação.