7. Quando estátuas falam

Resumo

O vibrar do som e a quietude de mármore – há um terreno onde música e estátuas se encontram, dançam e desvanecem. A música, inquieta, escorre pelas frestas do tempo, enquanto a estátua repousa no silêncio, imóvel como se detivesse cada segundo em suas veias de pedra.

Mas há música na estátua, oculta na curva da mão esculpida, no olhar fixo que evoca histórias não ditas. Ela guarda, como quem se recusa a ceder à fugacidade, uma melodia interna, que só o silêncio pode tocar. E a música, por sua vez, veste-se de estatuária insuspeita: no instante em que uma nota ressoa, já guarda em si sua própria ruína, aninhada na iminência de seu desapa- recimento.

É no entrelaçar desses extremos que o paradoxo se revela. O movimento constante da música torna-se uma dança de fragmentos eternos, e o repouso sólido da estátua ressoa como uma melodia congelada. Música e estátua se contemplam, e há um espelho onde um se dissolve no outro, como a água que reflete a pedra ao mesmo tempo que a abraça.

Uma estátua de sons, e a estátua, uma sinfonia de silêncios – ambas se movendo em direções distintas, mas presas na mesma eternidade que, porinstantes ínfimos, é completa e paradoxalmente viva.

Sanannda Acácia aka Quasicrystal