Chamada pública para ARTIGOS

2024-05-06

Poéticas sonoras na arte contemporânea

A revista Arte & Ensaios convida pesquisadoras e pesquisadores interessados na cena artística contemporânea à escrita de artigos que abordem relações entre arte e poéticas sonoras. Como escreveu Moacir dos Anjos, a “experiência de viver no mundo contemporâneo não pode ser desvinculada dos muitos e diversos sons que o estruturam e o definem”.[1] Interessam-nos os diálogos implicados na investigação dos aspectos mais fundamentais do som conectados com o campo das artes visuais. 

Desde o início do século 20, as práticas de som na arte fazem parte das experimentações das vanguardas históricas, reativadas pelo trabalho de artistas que exploraram o som na criação artística ligada à produção, entre os anos 1950 e 1970, com os happenings, as instalações e a música eletroacústica. Para além do entendimento da arte como uma coleção de objetos, foi possível pensá-la como um regime aberto e sincrônico com a vida e com o espaço do vivido. O repertório que emerge dessa cena – investida fortemente pela mediação das tecnologias eletrônicas e digitais, privilegiando operações artísticas híbridas entre a música e as artes visuais, que envolvem sonoridades, espaço, tempo e práticas performativas – passou, a partir dos anos 1990, a ser denominado arte sonora.

Nesse paradigma da arte sonora, interessa o inventário de suas constituições genealógicas, conceituais e historiográficas que contribuam para os estudos no campo das artes visuais. Em face da modulação híbrida e experimental que captura o som como componente e substância estética, abre-se uma área para projetos artísticos contemporâneos a ser explorada e analisada nas discussões que tensionam seu legado histórico e a singularidade dos trabalhos e percepções locais no Brasil e na América Latina.

Listamos em seguida tópicos de interesse para a atual chamada:

  1. abordagens historiográficas e diálogos com o contemporâneo: contexto artístico; arte sonora no contexto brasileiro e da América Latina; mapeamentos; referências e precursores estruturais; música concreta; música experimental estadunidense; happenings e performances; ruídos; hibridações; desenvolvimento do meio das telecomunicações e de ambientes interativos em arte;
  2. noções e meios expressivos agrupados pela nomeação arte sonora que articulam som, espaço, tempo, movimento e imagem: soundscape, soundesign, soundsculpture e instalação sonora;
  3. desvios e deslizamentos: aspectos revisionais da participação do corpo e da corporalidade na composição musical; os usos dos intervalos e silêncios; incorporação de elementos extramusicais na poética da criação sonora; práticas coletivas; expansão do universo sonoro; pesquisas de fontes acústicas e eletrônicas na criação artística; seus diferentes gestos; usos improvisados dos dispositivos tecnológicos; utilização de instrumentos percussivos localizados; tradição; sonoridades da língua e da linguagem;
  4. imaginários sonoros e suas operatórias: sobreposição, perspectiva, repetição, velocidade e fragmentação; texturização; ferramentas tecnológicas de processamento e difusão sonora.

 

 

 

[1] Moacir dos Anjos, O barulho do mundo, 2008.

Disponível em: https://galeriavermelho.com.br/artistas/chelpa-ferro/#anchor-3. Acesso em 1 maio 2024.