Avaliação de Subsidência Planície Deltaica do Rio São Francisco a partir dos Vértices de Referência de Nível da Rede Altimétrica Brasileira

Authors

DOI:

https://doi.org/10.11137/1982-3908_2022_45_36503

Keywords:

Ambientes sedimentares, Movimento vertical, Monitoramento

Abstract

Os deltas são relevantes para a vida e o desenvolvimento econômico, social e ambiental de um país. Os deltas dos rios estão entre os ambientes mais vulneráveis à subsidência de terras. Processos de subsidência são caracterizados pelo movimento de uma porção da superfície da Terra, provocando um afundamento súbito ou recalque gradual do terreno. Os ambientes sedimentares deposicionais, como é o caso dos sistemas deltaicos, são propensos à subsidência devido à compactação de sedimentos. O delta do Rio São Francisco é uma planície arenosa do Quaternário construída em um baixo estrutural do Rio São Francisco na Bacia de Sergipe-Alagoas. A parte  norte desta planície é composta por regiões constantemente inundadas. Trabalhos anteriores indicaram a existência de subsidência nesta região. Diversos estudos de subsidência de deltas têm sido realizados nas últimas décadas a partir da utilização de métodos geodésicos clássicos e tecnologias geoespaciais modernas. Este trabalho tem como objetivo avaliar a subsidência da planície deltaica do Rio São Francisco a partir dos vértices de referência de nível da Rede Altimétrica Brasileira. A subsidência de alguns trechos da superfície é apontada pelo decréscimo das altitudes dos vértices, onde detectou-se um rebaixamento nas imediações da sede do município de
Piaçabuçu-AL. As constatações de rebaixamentos embasaram o projeto de uma Rede Geodésica para Monitoramento da Subsidência composta por 26 vértices geodésicos já materializados na planície deltaica. O rebaixamento pôde ser quantificado pelo desnível total no trecho 04-11 em AL-01 (-2,914 m) e o desnível total no trecho 20-11, em AL-02 (-5,433 m). Os resultados deste estudo servirão de referência para campanhas futuras de rastreio GNSS (Global Navigation Satellite System) e composição de um banco de dados de
coordenadas geodésicas tridimensionais para monitoramento da subsidência no delta do São Francisco.

References

Alencar, J. C. M. 1990. Datum Altimétrico Brasileiro. Cadernos de Geociências, v.5. p. 69-73. IBGE, Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/ geociencias/geodesia/artigos/1990- datum%20altimetrico%20brasileiro.pdf. >. Acesso em: 02 ago. 2021.

ANP. 2015. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. < http://www.anp.gov.br/brasil-rounds/round2/pdocs/pbacias/PBframe02.htm >. Acesso em: 10 dez. 2015.

Barbosa, L. M. & Dominguez, J. M. L. 2004. Coastal dune fields at the São Francisco River strandplain, northeastern Brazil: morphology and environmental controls. Earth Surface Processes and Landforms, 29(4): 443-456.

Barbosa, L. M. 1985. Quaternário costeiro no Estado de Alagoas: influências das variações do nível do mar. Programa de Pós-graduação em Geologia, Universidade Federal da Bahia, Dissertação de Mestrado, 55p.

Barbosa, L. M., Bittencourt, A. C. S. P.; Dominguez, J. M. L. & Martin, L. 1986. The Quaternary deposits of the state of Alagoas: influence of the relative sea level changes. In: Quaternary of South America and Antarctica Peninsula, 4, Rotterdam, 1986. Proceedings, p. 269-290.

Bhattacharya, J. P. & Giosan, L. 2003. Wave-influenced deltas: geomorphological implications for facies reconstruction. Sedimentology, 50: 187-210.

Bhattacharya, J. P. 2006. Deltas. In: Facies Models Revisited, Society for Sedimentary Geology, p. 237- 292.

Bittencourt, A. C. S. P., Dominguez, J. M. L., Martin, L. & Ferreira, Y. D. A. 1982. Dados preliminares sobre a evolução do delta do Rio São Francisco (SE/AL) durante o Quaternário: influência das variações do nível do mar. In: IV Simpósio do Quaternário no Brasil, Rio de Janeiro, 1982. Atas, Rio de Janeiro, p. 49-62.

Bittencourt A. C. S. P, Dominguez J. M. L, Fontes L.C. S., Sousa D. L., Silva I. R. & Silva F. 2007. Wave refraction, river damming, and episodes of severe shoreline erosion: The São Francisco river mouth, northeastern Brazil. Journal of Coastal Research, 23(4): 930-938.

Blitzkow, D., Matos, A. C. O. C., Guimarães, G. N. & Costa, S. M. A. 2011. O conceito atual dos referenciais usados em Geodésia. Revista Brasileira de Cartografia. Brasília – DF, nº 63/5, Edição Especial de Geodésia, p. 633 – 648.

BRASIL. 1983. MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA. PROJETO RADAMBRASIL, Programa de Integração Nacional, Levantamento de Recursos Minerais, v. 30, Folhas SC24/25 - Aracaju/Recife, Rio de Janeiro, 356p.

BRASIL. 1983. Lei nº 243, de 28 de Fevereiro de 1967, resolução – PR nº 22, de 21 de Julho de 1983. Dispõe sobre as Especificações e Normas Gerais para Levantamentos Geodésicos em Território Brasileiro. Disponível em: < http://www.inde.gov.br/images/inde/ bservico1602.pdf > Acesso em: 02/09/2021.

Braz Filho, P.A. 1980. Prospecto turfa (Baixo Rio São Francisco). Salvador, CPRM/SUREG, Relatório CC 2606/010, 27 p.

Cenni N., Simone Fiaschi, S. & Fabris, M. 2021. Monitoring of Land Subsidence in the Po River Delta (Northern Italy) Using Geodetic Networks Nicola. Remote Sensing, 13, 1488. DOI. 10.3390/rs13081488.

Cenni, N., Viti, M., Baldi, P., Mantovani, E., Bacchetti, M. & Vannucchi, A. 2013. Present vertical movements in Central and Northern Italy from GPS data: Possible role of natural and anthropogenic causes. Journal Geodynamic, 71: 74–85. DOI. 10.1016/j.jog.2013.07.004.

Corbau, C., Simeoni, U., Zoccarato, C., Mantovani, G. & Teatini, P. 2019. Coupling land use evolution and subsidence in the Po Delta, Italy: Revising the past occurrence and prospecting the future management challenges. Science Total Environment, 654, 1196–1208.

De Matos, R.M.D. 1999. History of the northeast Brazilian rift system: kinematic implications for the break-up between Brazil and West Africa. Geological Society, 153(1): 55-73.

Daito, K. & Galloway, D. 2015. Prevention and Mitigation of Natural and Anthropogenic Hazards Due to Land Subsidence; IAHS: Wallingford, UK, p. 372.

Dominguez, J. M. L. & Araújo, L. M. 2008. Formação Barreiras: o registro de um onlap costeiro durante o Mioceno. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 44, Curitiba, 2012. Anais, Curitiba, Sociedade Brasileira de Geologia, p. 613.

Dominguez, J. M. L. & Barbosa, L. M. 1994. Controls on Quaternary evolution of the Sao Francisco strandplain: roles of sea-level history, trade winds and climate. Field trip guide. In: INTERNATIONAL SEDIMENTOLOGICAL CONGRESS, 14, Recife, 1994. Proceedings, Recife.

Dominguez, J. M. L. 1996. The São Francisco strandplain: a paradigm for wave-dominated deltas? Geological Society, 117(1): 217-231.

Feijó, F.J. Bacias de Sergipe e Alagoas. 1994. Boletim de Geociências da Petrobras, 8(1): 149-161.

Fiaschi, S., Fabris, M.; Floris, M. & Achilli, V. 2018. Estimation of land subsidence in deltaic areas through differential SAR interferometry: The Po River Delta case study (Northeast Italy). International Journal of Remote Sensing, 39, 8724–8745.

GOOGLE. 2016. Google Maps. Disponível em: < https://www.google.com.br/maps >. Acesso em: 01 mar. 2016.

GOOGLE. 2019. Google Earth. Disponível em: < https://earth.google.com/web >. Acesso em: 01 nov. 2019.

Guimarães, J. K. 2010. Evolução do delta do Rio São Francisco–Estratigrafia do Quaternário e

Relações Morfodinâmicas. Programa de Pós-graduação em Geologia, Universidade Federal da Bahia, Tese de Doutorado, 127p.

Horton, B. P. & Shennan, I. 2009. Compaction of Holocene strata and the implications for relative sea level change on the east coast of England. Geology, 37(12): 1083-1086.

IBGE. 1983. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Resolução - PR nº 22, de 21-07-83: especificações e normas gerais para levantamentos geodésicos. 1983. Sistema geodésico brasileiro. 2016b. Disponível em: Acesso em: 02 set. 2021.

IBGE. 2019. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Reajustamento da Rede Altimétrica com Números Geopotenciais - 2019. Disponível em: < https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101666.pdf >. Acesso em 05 de setembro de 2021.

IBGE. 2019. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (BR). Cartograma da Rede Altimétrica do Sistema Geodésico Brasileiro. Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_sobre_posicionamento_geodesico/rede_altimetrica/cartograma/altitotal.pdf >. Acesso em: 01 dez. 2019.

Ihde, J.; Sanchez, L., Barzaghi, R., Drewes, H.; Foerste, C., Gruber, T., Liebsch, G., Marti, U. Pail, R. & Sideris, M. 2017. Definition and Proposed Realization of the International Height Reference System (IHRS). Surveys in Geophysics, 38(3): 549-570.

Jekeli, C. 2016. Geometric Reference Systems in Geodesy. Division of Geodetic Science School of Earth Sciences. Columbus, Ohio State University, 214 p.

Johnson, A. I., Carbognin, L. & Ubertini, L .1986. Land Subsidence: Proceedings of the Third International Symposium on Land Subsidence; IAHS: Wallingford, UK, p. 151.

Knopper, B., Medeiros, P. R. P., Souza, W. F. L. & Jennerjahn, T. 2006. The São Francisco Estuary, Brazil. In: The Handbook of Environmental Chemistry. Springer Verlag Berlin Heidelberg, p. 55-78.

Leão, Z. M. & Dominguez, J. M. 2000. Tropical coast of Brazil. Marine Pollution Bulletin, 1(41): 112-122.

Lima, W. S.; Andrade, E. J.; Bengtson, P. & Galm, P. C. 2002. A Bacia de Sergipe-Alagoas: evolução geológica, estratigrafia e conteúdo fóssil. Fundação Paleontológica Phoenix, 1: 1-34.

Lima, C. U., Bezerra H. R, Nogueira C. C., Rubson P. & Souza O. L. 2014. Quaternary fault control on the coastal sedimentation and morphology of the São Francisco coastal plain, Brazil. Tectonophysics, 633: 98-114.

Martin, L., Flexor, J. M., Vilas Boas, G. S., Bittencourt, A. C. S. P. & Guimarães, M. M. M. Courbe de variation du niveau relatif de la mer au cours des 7000 dernières années sur un secteur homogène du littoral brésilien (Nord de Salvador-Bahia). 1979. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON COASTAL EVOLUTION IN THE QUATERNARY SHORELINES, 1, São Paulo, 1979. Proceedings, São Paulo, p. 264-271.

Martin, L.; Bittencourt, A. C. S. P.; Vilas Boas, G. S. 1982. Primeira ocorrência de corais pleistocênicos na costa brasileira, datação do máximo da Penúltima Transgressão. Revista Ciência da Terra, 1:16-17.

Meckel, T. A., Ten Brink, U. S. & Williams, S. J. Current subsidence rates due to compaction of Holocene sediments in southern Louisiana. Geophysical Research Letters, 33(11): 1-5.

Medeiros, P. R. P., Knoppers, B. A., Santos, R. C. & Souza, W. F. L. 2007. Discharge and dispersion of suspended matter in the coastal zone of the São Francisco River estuary (SE/AL-Brazil). Geochimica Brasiliensis, v. 21, p. 209-228.

Moraes Rego, L. F. 1933. Notas sobre a geologia, a geomorfologia e os recursos minerais de Sergipe. Anais da Escola de Minas de Ouro Preto, 24: 24-31.

Neto, O. P. A. C., Souza-Lima, W. & Cruz, F.E.G. 2007. Bacia de Sergipe-Alagoas. Boletim de Geociências da Petrobrás, 15(2): 405-415.

O’Leary, M. & Gottardi, R. 2020. Relationship between Growth Faults, Subsidence, and Land Loss: An Example from Cameron Parish, Southwestern Louisiana, USA. Journal of Coastal Research, 36(4):812-827.

Ponte, F. C. & Asmus, H. E. 1976. The Brazilian marginal basins: current state of knowledge. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48: 215-439.

Ponte, F. C. 1969. Estudo morfoestrutural da Bacia Sergipe-Alagoas. Boletim Técnico da Petrobras. 12(3): 439-474.

Rapp, R. H. 1991. Geometric Geodesy Part I. Columbus, Ohio State University Department of Geodetic Science and Surveying, 225p.

Santos, A. A., Dutra, A. C. & Dominguez. J. M. D. 2019. Structural Control of the São Francisco River Delta from the Aeromagnetic Data, Brazil. Journal of Geography, Environment and Earth Science International, 22(2): 1-12.

Schaller, H. 1969. Revisão estratigráfica da bacia de Sergipe/Alagoas. Boletim Técnico da Petrobrás, 12(1): 21-86.

Silva Filho, M. A., Bomfim, L. F. C., Santos, R. A., Leal, R. A., Santana, A.C. & Braz Filho, P. A. 1979. Geologia da geossinclinal sergipana e do seu embasamento: Projeto Baixo São Francisco/Vaza Barris. Brasília: DNPM, 1979. 131p. Il.

Silva Filho, M. A.; Bomfim, L. F. C. & Santos, R. A. 1978. Evolução tectono-sedimentar do grupo Estância: suas correlações. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 30, Recife, 1978. Anais, Recife, p. 685-699.

Souza-Lima, W. 2006. Litoestratigrafia e evolução tectono-sedimentar da bacia de Sergipe-Alagoas, Introdução. Fundação Paleontológica Phoenix. Aracaju, 8(89).

Stein, R. S. 1981. Discrimination of tectonic displacement from slope-dependent errors in geodetic leveling from southern California. In Earthquake Prediction: An International Review; Simpson, D.W., Richards, P. G., Eds.; Maurice Ewing Series for Earthquake Prediction and International Review: Washington, DC, USA, pp. 441–456.

Törnqvist, T. E., Wallace, D. J., Storms, J. E., Wallinga, J.;,Van Dam, R. L., Blaauw M, Derksen, M. S., Klerks, C. J. W., Meijneken, C. & Snijders, E. M. A. 2008. Mississippi Delta subsidence primarily caused by compaction of Holocene strata. Nature Geoscience, 1(3): 173-176.

Uhlein, A., Caxito, F. A.; Sanglard, J. C. D., Uhlein, G. J. & Suckau, G.L. 2011. Estratigrafia e tectônica das faixas neoproterozóicas da porção norte do Cráton do São Francisco. Revista Geonomos, 19(2): 8-31.

Villwock, J. A., Tomazelli , L. J., Loss E. L., Dehnhardt, E. A., Horn, N. O., Bachi, F. A. & Dehnhardt, B. A. 1986. Geology of the Rio Grande do Sul Coastal Province. In: QUATERNARY OF SOUTH AMERICA AND ANTARCTICA PENINSULA, 4, Rotterdam, 1986. Proceedings, Rotterdam, p. 79-97.

Vitagliano, E., Riccardi, H., Piegari, E., Boy, Jean-Paul & Di Maio, R. 2020. Multi-Component and Multi-Source Approach for Studying Land Subsidence in Deltas. Remote Sensing, 12, 1465. DOI.10.3390/rs12091465.

Yuill, B.; Lavoie, D. & Reed, D. J. 2009. Understanding subsidence processes in coastal Louisiana. Journal of Coastal Research, 1(54): 23-36.

Downloads

Published

2022-05-18

Issue

Section

Geology