A Influência de Eventos El Niño e La Niña na Avaliação dos Riscos de Ocorrência de Incêndios no Pará

Authors

  • Gustavo Corrêa Nascimento Universidade Federal Fluminense, Instituto de Geociências, Departamento de Análise Geoambiental
  • Mônica Carneiro Alves Senna Universidade Federal Fluminense, Instituto de Geociências, Departamento de Análise Geoambiental

DOI:

https://doi.org/10.11137/2020_4_189_201

Keywords:

ENOS, Fórmula de Monte Alegre, Focos de calor

Abstract

A atividade agrícola frequentemente utiliza o fogo para o manejo de terras, porém, muitas vezes, a utilização do fogo e a perda de seu controle pode acarretar a ocorrência de incêndios florestais. Sabendo que a ocorrência desses incêndios está fortemente relacionada com os fatores meteorológicos, este trabalho tem por objetivo compreender como eventos El Niño e La Niña podem influenciar o risco de ocorrência de incêndios no Pará, na Região Norte do Brasil. Para isso, utilizou-se a Fórmula de Monte Alegre para o cálculo de risco de fogo na região durante o El Niño de 2015/2016, a La Niña de 2011/2012 e um período neutro, de 2013/2014. O índice de risco meteorológico de incêndio calculado foi comparado com o total mensal de focos de calor na região, disponibilizado pelo INPE. Nos três períodos analisados, os meses de agosto a dezembro foram os mais propícios à ocorrência de incêndios, por serem meses com pouca precipitação. Observou-se um maior risco de incêndio para o ano de El Niño, se comparado ao ano neutro, devido à diminuição da precipitação e umidade relativa no local, corroborado pelo maior número de focos de incêndio, principalmente entre
os meses de junho a dezembro. Um alto risco de fogo encontrado para o período de La Niña, também entre junho e dezembro, ocorreu devido a um fenômeno chamado La Niña Modoki, porém o menor número de focos de incêndio durante esse período demonstrou a influência antrópica variável na ocorrência de queimadas, provavelmente influenciada pelo cenário econômico da época.

References

Alvares, C.A.; Stape, J.L.; Sentelhas, P.C.; Gonçalves, J.L. & Sparovek, M.G. 2013. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, 22(6): 711-728, doi: 10.1127/0941-2948/2013/0507.

Barbosa, R.I. & Fearnside, P.M. 1999. Incêndio na Amazônia brasileira: estimativa da emissão de gases do efeito estufa pela queima de diferentes ecossistemas de Roraima na passagem do evento “ El Nino” (1997/98). Acta Amazônica, 29(4): 513-534. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1809-43921999294534.

Barnston, A. 2017. How ENSO leads to a cascade of global impacts. NOAA – National Oceanic and Atmosphere Administration. Disponível em: < https://www.climate.gov/news-features/blogs/enso/how-enso-leads-cascade-global-impacts >. Acesso em: 7 jan. 2017.

BDMEP. 2017. Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/>. Acesso em: 6 jan. 2017.

Cardoso, M.F.; Sampaio, G. & Nobre, C.A. 2007. Comparação entre a ocorrência de fogo durante a seca de 2005 e o El Niño em 1998 na Amazônia. In: ANAIS SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13, Florianópolis, 2007, p. 4425-4429. Disponível em: < http://mtc-m16b.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m15@80/2006/11.14.15.57/doc/Cardoso.Compara%e7%e3o.pdf>. Acesso em 7 jan. 2017.

CEPEA. 2018. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Banco de Dados. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/consultas-ao-banco-de-dados-do-site.aspx>. Acesso em: 10 jun. 2018.

Diaz, M.C.V.; Nepstad, D.; Mendonça, M.J.C.; Motta, R.S.; Alencar, A.; Gomes, J.C. & Ortiz, R.A. 2002. O Prejuízo Oculto do Fogo: Custos Econômicos das Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia. Relatório do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em colaboração com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Centro de Pesquisa Woods Hole (WHRC), Brasília, IPAM, 43p. Disponível em: < https://ipam.org.br/bibliotecas/o-prejuizo-oculto-do-fogo-custos-economicos-das-queimadas-e-incendios-florestais-na-amazonia/>. Acesso em: 22 jun. 2020.

Ferreira, M.D.P. & Coelho, A.B. 2015. Desmatamento recente nos estados da Amazônia Legal: uma análise da contribuição dos preços agrícolas e das políticas governamentais. Revista de Economia e Sociologia Rural, 53(1): 91-108. doi: https://doi.org/10.1590/1234-56781806-9479005301005.

IBGE. 2006. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006. Rio de Janeiro, IBGE, 777 p.

IBGE. 2018. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico de 2010. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/panorama>. Acesso em 10 jun. 2018.

INMET. 2018. Instituto Nacional de Meteorologia. Gráficos climatológicos (1931 – 1960 e 1961 -1990). Disponível em:< http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos>. Acesso em: 5 jun. 2018.

INPE. 2017. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Portal do Programa Queimadas do INPE. Disponível em: < http://www.inpe.br/queimadas/portal/estatistica_estados >. Acesso em: 6 jan. 2017.

Justino, F.; Mélo, A.S.; Setzer, A.; Sismanoglu, R.; Sediyama, G.C.; Ribeiro, G.A.; Machado, J. P & Sterl, A. 2010. Greenhouse gas induced changes in the fire risk in Brazil in ECHAM5/MPI-OM couple climate model. Climatic Change, 106(2): 285-302. doi: https://doi.org/10.1007/s10584-010-9902-x.

Kug, J.S. & Ham, Y.G. 2011. Are there two types of La Nina? Geophysical Research Letters, 38(l): 16704, doi: 10.1029/2011GL048237.

Machado-Neto, A.P.; Batista, A.C.; Soares, R.V.; Biondi, D. & Morais, R.L. 2017. Avaliação dos focos de calor e da fórmula de Monte Alegre no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Pesquisa Florestal Brasileira, 37(92): 535-543. doi: https://doi.org/10.4336/2017.pfb.37.92.1440.

Martins, E.S.P.R. & Vasconcelos-Júnior, F.C. 2017. O clima da Região Nordeste entre 2009 e 2017: monitoramento e previsão. Parcerias Estratégicas, 22(44): 63-80.

Miranda, E.E.; Moraes, A.V.C. & Oshiro, O.T. 2006. Comunicado Técnico 18: Queimadas na Amazônia Brasileira em 2005. Campinas, EMBRAPA, 19p.

Morton, D.C.; Defries, R.S.; Shimabukuro, Y.E.; Anderson, L.O.; Arai, E.; Espírito-Santo, F.B.; Freitas, R. & Morisette, J.J. 2006. Cropland expansion changes deforestation dynamics in the southern Brazilian Amazon. Proceedings of the National Academy of Sciences, 103(39): 14637-14641. doi: https://doi.org/10.1073/pnas.0606377103.

Neptad, D.C.; Moreira, A. & Alencar, A A. 1999. A Floresta em Chamas: Origens, Impactos e Prevenção de Fogo na Amazônia. Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, Brasília, IPAM, 203p. Disponível em: < https://ipam.org.br/bibliotecas/floresta-em-chamas-origens-impactos-e-prevencao-do-fogo-na-amazonia/>. Acesso em: 22 jun. 2020.

NOAA. 2018. National Oceanic and Atmospheric Administration. El Niño Southern Oscillation 101 (ENSO). Disponível em: <https://www.esrl.noaa.gov/psd/enso/enso_101.html>. Acesso em 26 jun. 2018.

Nunes, J.R.S. 2005. FMA+ - um novo índice de perigo de incêndios florestais para o estado do Paraná – Brasil. Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, Tese de Doutorado. 150p.

Oliveira, G.S. 1999. O El Niño e Você: o Fenômeno Climático. São Paulo, Transec Editorial, 116p.

Oliveira, K.A. 2017. Estudo espaço-temporal de riscos de incêndios florestais na Amazônia brasileira. Programa de Pós Graduação em Meteorologia Aplicada, Universidade Federal de Viçosa, Tese de Doutorado, 234p.

Oliveira, M.C.F.; Souza-Júnior, J.A.; Cruz, P.P.N. & Souza-Filho, J.D. 2016. Risco de ocorrência de queimada e de incêndio e as medidas de prevenções, em Belém – PA, ano de 2015. Revista Brasileira de Geografia Física, 9(4): 1030-1042. doi: https://doi.org/10.26848/rbgf.v9.4.p1030-1042.

Ribeiro, L.; Soares, R.V.; Batista, A.C. & Silva, I.C. 2011. Análise do perigo de incêndios florestais em um município da Amazônia Mato-grossense, Brasil. Floresta, 41(2): 257-270. doi: http://dx.doi.org/10.5380/rf.v41i2.21873.

Rodrigues, R.R. & Mcphaden, M.J. 2014. Why did the 2011-2012 La Niña cause a severe drought in the Brazilian Northeast? Geophysical Research Letters, 41: 1012-1018. doi: https://doi.org/10.1002/2013GL058703.

Setzer, A.W. & Sismanoglu, R.A. 2017. Risco de Fogo: Metodologia do cálculo – descrição sucinta da Versão 9. São José dos Campos, INPE. Disponível em: < http://queimadas.cptec.inpe.br/~rqueimadas/documentos/RiscoFogo_Sucinto_20130911.pdf >. Acesso em: 7 jan. 2017.

Silva, J.C.; Fiedler, N.C. & Silva, G.F. 2001. Uso da Fórmula de Monte Alegre na determinação dos períodos críticos de ocorrência de incêndios florestais nas áreas de proteção ambiental do Gama Cabeça-de-Veado, Brasília, DF. Brasil Florestal, 20(1): 29-36.

Sismanoglu, R.A.; Setzer, A.; Justino, F.B. & Lima, W.F.A. 2002. Avaliação inicial do desempenho do risco de fogo gerado no CPTEC. In: ANAIS DO XII CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, Foz de Iguaçu-PR.

Soares, R.V. 1972. Índices de perigo de incêndio. Revista Floresta, 3(3): 19-40.

Soares, R.V. 1998. Desempenho da “Fórmula de Monte Alegre” índice brasileiro de perigo de incêndios florestais. Cerne, 4(1): 87-99.

Soligo, M.F. 2016. Estratégias de comercialização de soja no sul do Pará. Programa de Pós Graduação em Agronegócio, Universidade Federal do Paraná, Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização. 43p.

Souza, A.P.; Casavecchia, B.H. & Stangerlin, D.M. 2012. Avaliação dos riscos de ocorrência de incêndios florestais nas regiões Norte e Noroeste da Amazônia Matogrossense. Scientia Plena, 8(5): 1-14.

Souza, E.B.; Kayano, M.T.; Tota, J.; Pezzi, L.; Fisch, G. & Nobre, C. 2000. On the influences of the El Niño, La Niña and Atlantic Dipole pattern on the Amazonian rainfall during 1960–1998. Acta Amazonica, 30(2): 305-318. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1809-43922000302318.

Vale, J.R.B. 2019. Análise da dinâmica do uso e cobertura da terra nas áreas desflorestadas do estado do Pará por meio da Plataforma Google Earth Engine. Graduação em Engenharia Cartográfica e de Agrimensura, Universidade Federal Rural da Amazônia, Trabalho de Conclusão de Curso. 67p.

Ynoue, R.Y.; Reboita, M.S.; Ambrizzi, T. & Silva, G.A.M. 2017. Meteorologia: noções básicas. São Paulo, Oficina de Textos, 184 p.

Published

2020-12-18

Issue

Section

Article