A Influência de Eventos El Niño e La Niña na Avaliação dos Riscos de Ocorrência de Incêndios no Pará
DOI:
https://doi.org/10.11137/2020_4_189_201Palavras-chave:
ENOS, Fórmula de Monte Alegre, Focos de calorResumo
A atividade agrícola frequentemente utiliza o fogo para o manejo de terras, porém, muitas vezes, a utilização do fogo e a perda de seu controle pode acarretar a ocorrência de incêndios florestais. Sabendo que a ocorrência desses incêndios está fortemente relacionada com os fatores meteorológicos, este trabalho tem por objetivo compreender como eventos El Niño e La Niña podem influenciar o risco de ocorrência de incêndios no Pará, na Região Norte do Brasil. Para isso, utilizou-se a Fórmula de Monte Alegre para o cálculo de risco de fogo na região durante o El Niño de 2015/2016, a La Niña de 2011/2012 e um período neutro, de 2013/2014. O índice de risco meteorológico de incêndio calculado foi comparado com o total mensal de focos de calor na região, disponibilizado pelo INPE. Nos três períodos analisados, os meses de agosto a dezembro foram os mais propícios à ocorrência de incêndios, por serem meses com pouca precipitação. Observou-se um maior risco de incêndio para o ano de El Niño, se comparado ao ano neutro, devido à diminuição da precipitação e umidade relativa no local, corroborado pelo maior número de focos de incêndio, principalmente entre
os meses de junho a dezembro. Um alto risco de fogo encontrado para o período de La Niña, também entre junho e dezembro, ocorreu devido a um fenômeno chamado La Niña Modoki, porém o menor número de focos de incêndio durante esse período demonstrou a influência antrópica variável na ocorrência de queimadas, provavelmente influenciada pelo cenário econômico da época.
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