Controvérsias na Descoberta do Cobre na Bahia e no Brasil: uma Análise Histórico-Geológica

Authors

  • Pedro Maciel de Paula Garcia Programa de Pós-Graduação em Geociências, Faculdade de Geociências, Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEC/FAGEO-UFMT) Grupo de Metalogênese e Exploração Mineral, Universidade Federal da Bahia (UFBA) https://orcid.org/0000-0002-7986-7218
  • Maria Estela Pinto de Almeida Guedes Membro do ex-CICTSUL - Centro de Investigação Científica, Tecnológica e Social da Universidade de Lisboa; membro da APE - Associação Portuguesa de Escritores https://orcid.org/0000-0002-9587-221X
  • Ricardo Galeno Fraga de Araújo Pereira Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia (IGEO-UFBA) https://orcid.org/0000-0003-3913-3735
  • Debora Correia Rios Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral, Programa de Pós-Graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia (IGEO-UFBA) https://orcid.org/0000-0001-9219-0937
  • Wilton Pinto de Carvalho Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (aposentado) https://orcid.org/0000-0002-8435-1849

DOI:

https://doi.org/10.11137/1982-3908_2021_44_41921

Keywords:

Depósitos cupríferos, História das Geociências, Mineração

Abstract

A produção de cobre figura entre as mais importantes do mercado mineral do Brasil, tendo resultado na terceira maior arrecadação
do setor nos últimos anos. Ainda assim, o país apresenta um balanço negativo para esta commodity, com importações superando
os valores exportados. As províncias cupríferas com múltiplos depósitos atualmente em produção, Carajás (Pará) e Vale do Curaçá
(Bahia), estão associadas a terrenos cratônicos e sistemas hidrotermais do tipo IOCG. Neste sentido, o presente estudo objetiva analisar
aspectos relativos às controvérsias em torno da descoberta do cobre na Bahia e no Brasil, de modo a contribuir com o conhecimento
econômico e histórico-geológico sobre a produção deste metal a nível nacional. O histórico da produção do cobre no Brasil remonta à
segunda metade do século XIX. O primeiro relato de cobre em terras brasileiras se deu em 1782, com notícias sobre um bloco de cobre,
supostamente nativo, que teria sido encontrado na cidade de Cachoeira, na Bahia. A história deste artefato, que se encontra em museu
de Lisboa, é pouco conhecida no Brasil e suscita debates sobre a primeira descrição de minerais cupríferos no país. O conhecimento
geológico atual corrobora com hipóteses históricas que questionam a veracidade dos relatos sobre o achamento do bloco. Deste modo, o
primeiro relato de minerais de cobre no país que coaduna com as informações geológicas atuais é atribuído ao depósito de Pedra Verde
(Ceará), em 1833, feito pelo Barão de Eschwege. Entretanto, não é possível estimar a data precisa do descobrimento deste depósito.
A data da descoberta do metal na Bahia ainda é imprecisa, visto que ocorrências do Vale do Curaçá foram documentadas em 1874, ao
passo que uma notícia de jornal de 1872 faz menção a minerais cupríferos neste estado.

Author Biography

Pedro Maciel de Paula Garcia, Programa de Pós-Graduação em Geociências, Faculdade de Geociências, Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEC/FAGEO-UFMT) Grupo de Metalogênese e Exploração Mineral, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof. Adjunto de Geologia Econômica da FAGEO-UFMT

References

Agência Nacional de Mineração 2021, Maiores arrecadadores CFEM 2020, acessado em 1 de fevereiro de 2021, <https://sistemas.anm.gov.br/arrecadacao/extra/relatorios/cfem/maiores_arrecadadores.aspx>.

ANM - vide Agência Nacional de Mineração.

Araújo, M.C., Silva, A.M., Barbosa, P.F., Boniatti, J.H., Fruchting, A., Lago, S.B. & Betancourt, R.H.S. 2021. ‘Assinatura Geofísica e Geoquímica do Depósito Pb-Zn-(Cu-Ag) Santa Maria – RS, Brasil’, Anuário do Instituto de Geociências, vol. 44, pp. 1–15. https://doi.org/10.11137/1982-3908_2021_44_41206

Arena, K.R., Hartmann, L.A. & Baggio, S.B. 2014. ‘Geological controls of copper, gold and silver in the Serra Geral Group, Realeza region, Paraná, Brazil’, Ore Geology Reviews, vol. 63, pp. 178–200. https://doi.org/10.1016/j.oregeorev.2014.05.005

Barrozo, J. C. 2015, ‘A descoberta e exploração do diamante em Mato Grosso: riqueza e pobreza’ in V. Joanoni-Neto & J. C. dos Santos (eds), A História na Fronteira: garimpos em Mato Grosso na segunda metade do século XX, Editora da Universidade Federal de Mato Grosso - EdUFMT, Cuiabá pp. 19–46.

Bettencourt, J.S. 1973, ‘Geologia da Mina de Camaquã, RS’, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo.

Canedo, G.F. 2016, ‘Os depósitos Serrote da Laje e Caboclo (Cu-Au), Nordeste do Brasil: sulfetos magmáticos hospedados em rochas ricas em magnetita e ilmenita associadas a intrusões máficas-ultramáficas’, Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília.

Carvalho, W.P. 1998, ‘Cobre de Cachoeira’, A Tarde, 15 Novembro 1998, Salvador, Bahia.

CBPM - vide Companhia Baiana de Pesquisa Mineral.

Cornwall H.R. 1956. ‘A summary of ideas on the origin of native copper deposits’, Economic Geology, vol. 51, no. 7, pp. 615–31.

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral 2011, IGBA, acessado em 14 de fevereiro de 2015, <http://igba.cbpm.ba.gov.br/>.

Garcia, P.M.P. 2017, ‘A Província Cuprífera do Nordeste Meridional: evolução dos processos e modelos metalogenéticos’, Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia.

Garcia P.M.P., Teixeira J.B.G, Misi A., Sá J.H.S. & Silva M.G. 2018. ‘Tectonic and metallogenic evolution of the Curaçá Valley Copper Province, Bahia, Brazil: A review based on new SHRIMP zircon U-Pb dating and sulfur isotope geochemistry’, Ore Geology Reviews, vol. 93, 361–381. https://doi.org/10.1016/j.oregeorev.2018.01.007

Guedes M.E. 2000, Martinho de Mello e Castro e as riquezas naturais, acessado em 26 de fevereiro de 2018, <http://www.triplov.com/coloquio_02/cobre/estela2.htm>.

Hasui, Y. 2012, ‘Compartimentação Geológica do Brasil’ in Y. Hasui, C.D.R. Carneiro, F.F.M. Almeida & A. Bartorelli (eds), Geologia do Brasil, Editora Beca, São Paulo, SP, pp. 112–22.

IBRAM - vide Instituto Brasileiro de Mineração.

Instituto Brasileiro de Mineração 2011, Informações e Análises da Economia Mineral Brasileira. 6 ed. Brasília, IBRAM, 28p.

Instituto Brasileiro de Mineração 2021, Mineração industrial brasileira fecha 2020 com desempenho positivo, acessado em 5 de fevereiro de 2021, https://portaldamineracao.com.br/ibram/mineracao-industrial-brasileira-fecha-2020-com-desempenho-positivo/

ICSG - vide International Copper Study Group.

International Copper Study Group 2020, The world Copper Factbook 2020, acessado em 10 de janeiro de 2021, <https://www.icsg.org/index.php/component/jdownloads/finish/170/3046>.

Kuyumjian, R.M., Oliveira, C.G., Oliveira, F.B. & Borges, C.E.P. 2010. ‘Depósito de cobre–ouro porfirítico Chapada, Goiás’ in R.S.C. Brito, M.G. Silva, & R.M. Kuyumjian (eds) Modelos de depósitos de cobre do Brasil e sua resposta ao intemperismo, CPRM, Brasília, DF, pp. 49–70.

Juliani, C., Monteiro, L.V.S. & Fernandes, C.M.D. 2016, ‘Potencial Mineral: Cobre’ in A.J. Melfi, A. Misi, D.A. Campos & U.G. Cordani (eds), Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, RJ, pp. 134–55.

Lacerda, I. 2021, O que a mineração representa para a economia brasileira, acessado em 10 de janeiro de 2021, <https://www.amig.org.br/noticias/o-que-a-mineracao-representa-para-a-economia-brasileira>.

Lima, T.M. & Neves, C.A.R. 2014, Sumário Mineral 2014, vol. 34, DNPM/MME, Brasília, Distrito Federal.

LME - vide London Metal Exchange.

London Metal Exchange 2021, Cooper historical price graph, acessado em 25 de janeiro de 2021, <https://www.lme.com/en-GB/Metals/Non-ferrous/Copper#tabIndex=22>.

Matos, J.H. da S.N., Santos, T.J.S. dos, Monteiro, L.V.S. 2017, ‘The carbonaceous phyllites rock-hosted Pedra Verde copper mine, Borborema Province, Brazil: Stable isotope constraints, structural controls, and metallogenic evolution’, Journal of South American Earth Sciences, vol. 80, pp. 422–43. https://doi.org/10.1016/j.jsames.2017.09.018

Melo, A. 2000, O bloco de cobre nativo na independência brasileira, acessado em 15 de abril de 2014, <http://www.publico.pt/sociedade/jornal/o-bloco-de-cobre-nativo-na-independencia-brasileira-145334>.

Misi, A. & Teixeira, J. B. G. 2006, Mapa Metalogenético Digital do Estado da Bahia, CBPM/SICM, Salvador, Bahia

Pedreira, A. J. 2002, A Chapada dos Diamantes – Serra do Sincorá, Bahia, acessado em 25 de fevereiro de 2018, <http://sigep.cprm.gov.br/sitio085/ChapadaDosDiamantes.htm>.

Pinto, M.C.S. 2000, ‘Aspectos da História da Mineração no Brasil Colonial’ in F.A.F. Lins, F.E.V.L. Loureiro & G.A.S.C.A. Albuquerque (eds), A construção do Brasil e da América Latina pela Mineração, CETEM, Rio de Janeiro, RJ, pp. 23–40.

Sanches, A.L. & Sanches, N.P.L. 2004, ‘A exploração aurífera na Bahia oitocentista: decadência, desgaste ambiental e desordem social’, Simpósio de História Ambiental de América Latina e Caribe, 2, Havana.

Simonsen, R.C. 2005, História Econômica do Brasil, vol. 34, Edições do Senado Federal, Senado Federal, Conselho Editorial, Brasília, Distrito Federal.

Toniolo, J.A.; Remus, M.V.D. & Reischl, J.L. 2010, ‘Depósito de cobre das Minas do Camaquã, Rio Grande do Sul’ in R.S.C. Brito, M.G. Silva & R.M. Kuyumjian (eds) Modelos de depósitos de cobre do Brasil e sua resposta ao intemperismo, CPRM, Brasília, DF, pp. 163–88.

Torquarto, J.R. & Nogueira-Neto, J.A. 1996. ‘Historiografia da região de dobramentos do Médio Coreaú’, Revista Brasileira de Geociências, vol. 26, no. 4, pp. 303–314.

Vandelli, D. 1797, Cobre nativo do Brazil, Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, Portugal, pp. 261.

Von Eschwege, W.L. 2011, Pluto Brasiliensis, Trad. D.F. Murta., Senado Federal, Conselho Editorial, Brasília, Distrito Federal.

Von Spix, J.B. & Von Martius, C.F.P. 1976, [1828] Viagem pelo Brasil, 1817-1820, vol. 2, Livro Sétimo, Edições Melhoramentos, São Paulo.

Wakefield, J.S. 2011, Graham Hancock, Michigan Copper in the Mediterranean, acessado em 27 de agosto de 2018, <https://grahamhancock.com/wakefieldjs1/>.

Published

2021-11-13

Issue

Section

Geology