Controvérsias na Descoberta do Cobre na Bahia e no Brasil: uma Análise Histórico-Geológica
DOI:
https://doi.org/10.11137/1982-3908_2021_44_41921Keywords:
Depósitos cupríferos, História das Geociências, MineraçãoAbstract
A produção de cobre figura entre as mais importantes do mercado mineral do Brasil, tendo resultado na terceira maior arrecadação
do setor nos últimos anos. Ainda assim, o país apresenta um balanço negativo para esta commodity, com importações superando
os valores exportados. As províncias cupríferas com múltiplos depósitos atualmente em produção, Carajás (Pará) e Vale do Curaçá
(Bahia), estão associadas a terrenos cratônicos e sistemas hidrotermais do tipo IOCG. Neste sentido, o presente estudo objetiva analisar
aspectos relativos às controvérsias em torno da descoberta do cobre na Bahia e no Brasil, de modo a contribuir com o conhecimento
econômico e histórico-geológico sobre a produção deste metal a nível nacional. O histórico da produção do cobre no Brasil remonta à
segunda metade do século XIX. O primeiro relato de cobre em terras brasileiras se deu em 1782, com notícias sobre um bloco de cobre,
supostamente nativo, que teria sido encontrado na cidade de Cachoeira, na Bahia. A história deste artefato, que se encontra em museu
de Lisboa, é pouco conhecida no Brasil e suscita debates sobre a primeira descrição de minerais cupríferos no país. O conhecimento
geológico atual corrobora com hipóteses históricas que questionam a veracidade dos relatos sobre o achamento do bloco. Deste modo, o
primeiro relato de minerais de cobre no país que coaduna com as informações geológicas atuais é atribuído ao depósito de Pedra Verde
(Ceará), em 1833, feito pelo Barão de Eschwege. Entretanto, não é possível estimar a data precisa do descobrimento deste depósito.
A data da descoberta do metal na Bahia ainda é imprecisa, visto que ocorrências do Vale do Curaçá foram documentadas em 1874, ao
passo que uma notícia de jornal de 1872 faz menção a minerais cupríferos neste estado.
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