Classificação de Espécies de Mangue no Nordeste do Brasil com Base em Imagens Híbridas de Sensoriamento Remoto

Autores

  • Bruno Cesar Pereira da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo. Lagoa Nova, 59078-970, Caixa Postal 1524, Natal /RN, Brasil
  • Venerando Eustáquio Amaro Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo. Lagoa Nova, 59078-970, Caixa Postal 1524, Natal /RN, Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, Departamento de Geologia, Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica. Lagoa Nova, 59078-970, Caixa Postal 1639, Natal/RN, Brasil
  • Anderson Targino da Silva Ferreira Universidade Guarulhos -- UNG. Programa de Mestrado em Análise Geoambiental, Laboratório de Geoprocessamento. Praça Tereza Cristina, 229, Centro, 07023-070, Guarulhos/SP, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11137/2017_1_135_149

Palavras-chave:

LANDSAT-8, RADARSAT-2, mangue, condições estruturais

Resumo

As imagens de satélites têm sido utilizadas para mapear, monitorar e quantificar a qualidade dos recursos naturais. O mapeamento detalhado da vegetação de mangue é uma demanda crescente por se tratar de um importante instrumento de gestão, manutenção e conhecimento do ecossistema manguezal frente às modificações provocadas pelas atuações antrópicas e/ou naturais. Este trabalho combinou dados multiespectrais da região do visível e infravermelho do satélite LANDSAT-8 com imagem da faixa espectral das micro-ondas do satélite RADARSAT-2 na segmentação e classificação de manguezais no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil. A composição híbrida entre o sistema óptico e de micro-ondas mostraram excelente desempenho na identificação desta unidade geoambiental e permitiram maior realce das propriedades estruturais e florísticas das espécies de mangue. Os resultados permitiram delimitar a área geral de ocupação dos manguezais em aproximadamente 5.538 ha e revelaram a ocorrência de quatro principais condições estruturais de espécies: Rhizophora mangle (porte alto e adensamento convencional), Rhizophora mangle (porte baixo e adensado), Avicennia schaueriana e regiões de espécies mistas. R. mangle é a espécie de mangue mais abundante na área estudada, ocupando área de aproximadamente 3.513 ha, cerca de 63% de todo o manguezal da área estudada. Regiões mistas de espécies ocupam área de 1.142 ha, representando 21% do total. A. schaueriana ocupa área de 882 ha, cerca de 16% do total. Os resultados ainda mostraram que a diferença na reflectância das áreas de mangue ocupadas pelas espécies ocorrentes não se dá apenas influenciada pelo teor de clorofila das espécies, pela prevalecente condição ambiental, do solo e da água de fundo, mas principalmente pelo espaçamento das copas e densidade do dossel para cada espécie ocorrente. Este estudo buscou atender às expectativas de maior eficiência em levantamentos espaço-temporais com alta acurácia para o monitoramento da qualidade dos ecossistemas manguezais, altamente sensíveis às alterações ambientais e como subsídio à sua preservação.

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2018-07-12

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Artigos