Comportamento Hidrológico da Região Serrana do Rio de Janeiro: Bacia do Rio Piabanha

Autores

  • Amanda Carneiro Marques Universidade Federal Fluminense (UFF), Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente, Campus da Praia Vermelha, 24210-240, Niterói, RJ, Brasil
  • Caio Reis Costa Mattos Universidade Federal Fluminense (UFF), Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente, Campus da Praia Vermelha, 24210-240, Niterói, RJ, Brasil
  • Carla Semiramis Silveira Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em Geoquímica, Departamento de Geoquímica, Campus do Valonguinho, 24020-141, Niterói, RJ, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.11137/2017_2_82_88

Palavras-chave:

chuva, vazão, ciclo, série histórica, desastres naturais

Resumo

A região serrana do Rio de Janeiro apresenta um histórico de desastres naturais. Com o objetivo de entender o comportamento hidrológico da região foram analisados dados de chuva (4 estações) e de vazão (3 estações) na bacia do rio Piabanha (2065 km2) com séries históricas de até 70 anos. O total anual médio de pluviosidade variou de 2900 mm (na cabeceira) a 1250 mm na região central da bacia. Os resultados demonstraram boa correlação entre as estações e a existência de sazonalidade com inverno seco (valores médios mensais entre 15 e 90 mm de chuva) e vazão média na foz de 16 m3/s e verão chuvoso (valores médios mensais entre 150 e 450 mm de chuva) e vazão média na foz de 80 m3/s. As séries históricas de chuva e vazão apresentaram uma ciclicidade, de aproximadamente 15 anos, marcada por anos mais secos. Os dados apontam que os registros existentes de eventos catastróficos regionais foram em anos próximos aos ápices dos ciclos de pluviosidade e vazão propostos. O último ciclo identificado iniciou-se em 1999 e o período atual (2015- 2016) representa o fim deste ciclo, representado pela fase mais seca. Entretanto, neste último ciclo o comportamento da chuva e, principalmente, da vazão é muito variável. Isto, em conjunto com o aumento recente da frequência de desastres naturais de grande magnitude, pode ser um indicativo de efeito antrópico.

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Publicado

2019-05-13

Edição

Seção

Artigos