Sequências Deposicionais da Porção Central do Complexo Deltaico do Rio Paraíba do Sul (RJ, Brasil)

Autores

  • Josiane Branco Plantz Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCMN, IGEO, Departamento de Geologia, Laboratório de Geologia Sedimentar (Lagesed). Av. Athos da Silveira Ramos, 274, bloco J1, s/J1-011, 21.941-916, Campus Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Thiago Gonçalves Carelli Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCMN, IGEO, Departamento de Geologia, Laboratório de Geologia Sedimentar (Lagesed). Av. Athos da Silveira Ramos, 274, bloco J1, s/J1-011, 21.941-916, Campus Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Leonardo Borghi Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCMN, IGEO, Departamento de Geologia, Laboratório de Geologia Sedimentar (Lagesed). Av. Athos da Silveira Ramos, 274, bloco J1, s/J1-011, 21.941-916, Campus Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Renato Rodriguez Cabral Ramos Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Departamento de Geologia e Paleontologia. Quinta da Boa Vista s/n, 20.940-040, São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Claudio Limeira Mello Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCMN, IGEO, Departamento de Geologia. Av. Athos da Silveira Ramos, 274, bloco G, 21.941-916, Campus Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11137/2019_3_254_273

Palavras-chave:

Porção emersa da Bacia de Campos, Quaternário, Estratigrafia de sequências, Modelo evolutivo

Resumo

O Complexo Deltaico do Rio Paraíba do Sul (CDRPS), localizado no norte do Estado do Rio de Janeiro, compreende os depósitos quaternários da porção emersa da bacia de Campos. A região é caracterizada por conjuntos de cordões arenosos pleistocênicos ao sul, depósitos flúvio-lagunares no eixo central e conjuntos de cordões arenosos holocênicos ao norte e ganha evidência por atuar como uma importante área de estocagem e transferência de sedimentos para águas profundas. Os principais trabalhos desenvolvidos na região utilizam-se, principalmente, de dados de superfície e alguns poucos dados de subsuperfície rasos. A ausência de dados de subsuperfície profundos limita a interpretação dos dados e gera uma carência de estudos que permitam a caracterização da sucessão sedimentar e de sua distribuição. O presente estudo tem como objetivo a caracterização e análise estratigráfica de alta resolução das rochas recuperadas de três poços profundos (2-TO-1-RJ, 2-MU-1-RJ e 2-BG-1-RJ), a fim de proporcionar um melhor entendimento da evolução da porção central do CDRPS. Foram reconhecidos depósitos do Membro São Tomé da Formação Emborê, unidade não aflorante na área de estudo, e depósitos quaternários do CDRPS, representados por quatro sequências deposicionais (Q100, Q200, Q300 e Q400) limitadas por superfícies discordantes. Q100 e Q200 evoluíram a partir de eventos de regressão forçada, responsáveis pela formação de vales incisos na área de estudo. Nas fases transgressivas subsequentes, os vales incisos foram afogados, sendo responsáveis pela formação de sistemas estuarinos tanto na Q100 quanto na Q200, nesta última, o sistema estuarino evoluiu para condições marinhas francas, sendo possível correlacionar tal evento ao máximo transgressivo de 123.000 anos AP. Q300 é caracterizada por uma nova fase de queda do nível do mar, responsável por promover uma erosão localizada na porção mais interna do CDRPS e pelo desenvolvimento de uma laguna nas porções mais distais, como pode ser observado nos testemunhos dos poços 2-TO-1-RJ e 2-MU-1-RJ, respectivamente. A fase transgressiva-regressiva (regressão normal) subsequente permitiu a instalação de uma extensa planície de cordões arenosos na área de estudo. A correlação entre os testemunhos de sondagem sugere uma atividade neotectônica entre as sequências deposicionais Q200 e Q300, responsável pela movimentação de estruturas NW-SE e pelo soerguimento da área do poço 2-BG-1-RJ. A Q400 representa o desenvolvimento de uma laguna holocênica (associada ao máximo transgressivo de 5.100 anos AP) e sua colmatação por sistemas fluviais. Os dados e interpretações apresentados mostram que tanto a gênese quanto a distribuição dos depósitos do CDRPS foram controladas pelas variações relativas do nível do mar e também pela movimentação neotectônica, sendo a evolução do CDRPS muito mais complexa do que os modelos existentes sugerem.

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Publicado

2019-12-21

Edição

Seção

Artigos