Evidências da Estabilização do Nível do Mar no Brasil Entre os Anos 1864 e 2019

Autores

  • Antonio Paulo Faria Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, Instituto de Geociências, Departamento de Geografia, Av. Athos da Silveira Ramos 274, Cidade Universitária, 21941-916, Rio de Janeiro, RJ

DOI:

https://doi.org/10.11137/2020_2_161_172

Palavras-chave:

nível do mar, cracas, ostras

Resumo

Comparações entre fotografias antigas e atuais que mostram linhas de cracas e ostras nos afloramentos rochosos costeiros, em 18 áreas dos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, sugerem que o nível do mar no Brasil está estável pelo menos desde 1864. Entre 2017 e 2019 foram fotografados no campo os mesmos afloramentos rochosos expostos em fotos tiradas entre os anos 1864 e 1955, obedecendo os mesmos ângulos e distâncias. Os cálculos, calibrados com dados de campo, foram feitos comparando as linhas superiores, ou limite letal (LL), produzidas pelos crustáceos Balanus e moluscos Crassostrea brasiliana e Crassostrea rhizophorae. Os resultados mostraram situações idênticas em 13 áreas estudadas, enquanto que em outras 5 não foi possível ter certeza devido à qualidade das imagens. Se o nível do mar estivesse subindo, as linhas superiores atuais desses seres marinhos deveriam estar mais altas em todas as áreas, porque as respostas de crescimento dessas populações são muito rápidas. Em apenas 4 meses esses serem podem cobrir a superfície rochosa. No entanto, não foram observadas mudanças visíveis. A conclusão sugere duas possibilidades, sendo que a mais plausível é que o nível do mar se manteve praticamente o mesmo, pelo menos nos últimos 165 anos. A outra possibilidade, remota, é que a crosta continental costeira dessa parte do País está sofrendo soerguimento acelerado no mesmo período, em taxa de elevação igual ao de uma suposta subida do nível do mar, o que contradiz os modelos geológicos porque essa região se encontra em área tectônica estável, ou passiva.

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Publicado

2020-08-21

Edição

Seção

Artigos