Sistema Petrolífero Irati-Rio Bonito e Biodegradação do Óleo no Município de Araranguá, Bacia do Paraná, Estado de Santa Catarina, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11137/2020_2_392_404Palavras-chave:
Sistema Petrolífero, Biomarcadores, BiodegradaçãoResumo
Desde os anos 50 a Bacia do Paraná vem sendo alvo de campanhas exploratórias para hidrocarbonetos. Há décadas tem se realizado estudos, em algumas ocorrências de hidrocarbonetos, na tentativa de correlacionar a existência de óleos em arenitos da Formação Rio Bonito, às possíveis rochas geradoras das formações Ponta Grossa e Irati. Para as companhias de petróleo, o reconhecimento do sistema petrolífero, bem como o grau de biodegradação do óleo, afetam tanto na fase de exploração, seleção de possíveis “play” e prospecto, quanto de produção, devido ao impacto econômico no projeto de óleos degradados. A motivação no estudo de identificação da origem e grau de degradação de óleo, foi devido a ocorrência uma coluna de 26m de hidrocarboneto no poço MML-38. Através da presença ou ausência de um conjunto de biomarcadores identificados em cromatogramas e fragmentogramas torna-se possível a interpretação e identificação de sua origem bem como seus graus de biodegradação e Sistema Petrolífero. No óleo extraído do arenito da Formação Rio Bonito, presente no poço em estudo, foram feitas análises de cromatografia líquida e gasosa sendo que o conjunto de resultados; a razão pristano/fitano menor que 1, presença de gamacerano, razão gamacerano/C-30 Hopano maiores que 1/3 e razão C-27 Ts/Tm alta, sugere que o óleo teve origem na Formação Irati, confirmando o Sistema Petrolífero Irati-Rio Bonito(!). O moderado grau de biodegradação, nível 4 a 5, foi obtido a partir da razão de abundância entre os epímeros S e R do C29 esterano.
Referências
Almeida, F.F.M. 1980. Tectônica da Bacia do Paraná no Brasil.
Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São
Paulo (IPT), São Paulo, (Rel. 14.091).
Alves, R.G. & Ade, M.V.B. 1996. Sequence stratigraphy and
organic petrography applied to the study of Candiota
Coalfield, RS, South Brazil. International Journal of
Coal Geology, 30: 231–248.
Araújo, L.M.; Trigüis, J.A.; Cerqueira, J.R. & Freitas, L.C.S.
The atypical Permian Petroleum System of the
Paraná Basin, Brazil. American Association of Petroleum Geologist, Tulsa, Okla, Memoir 73, p. 377-402.
Araújo, C.C.; Yamamoto, J.K.; Rostirolla, S.P.; Madrucci, V. &
Tankard, A. 2005. Tar sandstones in the Paraná Basin of Brazil: strutural and magmatic controls of hydrocarbon charge. Marine and Petroleum Geology,
(5):671-685.
Cioccari, G.M. & Mizusaki, A.M.P. 2019. Sistemas petrolíferos
atípicos nas bacias paleozoicas brasileiras – Uma revisão. UNESP Geociências, 38(2): 367-390.
Corrêa, L.M.S.A. & Pereira, E. 2005. Estudo da distribuição das
intrusões mesozóicas e sua relação com os sistemas
petrolíferos da Bacia do Paraná. In: SIMPÓSIO DE
VULCANISMO E AMBIENTES ASSOCIADOS, 3,
Cabo Frio, 2005. Anais, 1: 21-26.
Cordani, U.G.; Brito Neves, B.B.; Fuck, R.A.; Porto, R.; Thomaz Filho, A. & Cunha, F.M.B. 1984. Estudo preliminar de integração do pré-cambriano com os eventostectônicos das bacias sedimentares brasileiras. Ciência. Técnica. Petróleo. Seção: exploração de petróleo,
Rio de Janeiro, 15: 1-70.
Della Fávera, J.C.; Chaves, H.A.F.; Pereira, E; Medeiros,
M.A.M. & Filho Câmara, L.M. 1992. Geologia da
área de Candiota. Bacia do Paraná, Rio Grande do
Sul. Relatório Curso de Projetos de Análise de Bacias, 89p.
Della Fávera, J.C.; Chaves, H.A.F., Pereira, E; Medeiros,
M.A.M. & Filho Câmara, L.M. 1994. Evolução geológica da sequência permiana da região de Candiota
– RS – Brasil. Publicações Acta Geologia Leopoldensia, 39(1): 235-246.
Freitas, R.C.; Rostirolla, S.P. & Ferreira, F.F.J. 2006. Geoprocessamento multitemático e análise estrutural no Sistema Petrolífero Irati - Rio Bonito, Bacia do Paraná.
Boletim de Geociências da Petrobras, 14(1): 71-93.
Fúlfaro, V.J.; Saad, A.R.; Santor, M.V. & Vianna, R.B. 1982.
Compartimentação e evolução tectônica da Bacia do
Paraná. Revista Brasileira de Geociências, 12(4):
-611.
Gordon Jr., M. 1947. Classificação das formações gondwânicas
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Departamento Nacional de Produção Mineral, Divisão
de Geologia e Mineralogia, Notas Preliminares e Estudos, 38: 1-20.
Head, I.; Jones, D.M. & Larter, S.R. 2003. Biological activity
in the deep subsurface and the origin of heavy oil. Nature, 426: 344-352.
Holz, M. 1998. The eo-permian coal seams of the Paraná basin
in southernmost Brazil: Na analysis of the depositional conditions using sequence stratigraphy concepts.
International Journal of Coal Geology, 36: 141-163.
Holz, M. 1999. Early Permian sequence stratigraphy and the
palaeophysiographic evolution of the Parana Basin
in southernmost Brazil. Journal of African Earth Science, 29: 51-61.
Holz, M. 2003. Sequence stratigraphy of a lagoonal estuarine
system - an example from the lower Permian Rio Bonito Formation, Paraná Basin, Brazil. Sedimentary
Geology, 162: 305-331.
Holz, M.; França, A.B.; Souza, P.A., Iannuzzi, R. & Rohn, R.
A stratigraphic chart of the late carboniferous/
permian sucession of the eastern border of the Paraná
basin, Brazil, South America. Journal of South American Earth Sciences, 29: 381-399.
Hunt, J.M. 1996. Petroleum Geochemistry and Geology. New
York, W.H. Freeman and Company, 743p.
Lavina, E.L.C. & Lopes, R.C. 1987. A transgressão marinha
do Permiano Inferior e a evolução paleogeográfica do
Supergrupo Tubarão no Estado do Rio Grande do Sul.
Paula-Coutiana, 1: 51-103.
Mackensie, A.S.; Brassel, S.C.; Eglinton, G. & Mawell, J.R.
Chemical fóssil: The geological fate of steroids.
Nature, 217: 491-504.
Loutfi, I.S.; Pereira, E.; Rodrigues, R. & Cardozo, C.L. 2010.
Controle tectonoestratigráfico dos processos de geração, migração e trapeamento do Sistema Petrolífero
Irati-Rio Bonito, na região carbonífera de Santa Catarina. Boletim de Geociências Petrobras, 18(2): 271-
Magoon, L.B. & Dow, W.G. 1994. The Petroleum System. In:
Magoon, L.B. & Dow, W.G. (eds) The pretroleum system – from source to trap. p.3-24 (AAPG Menoir 60).
Martins, L.P. 2019. Estratigrafia química e potencial gerador
da Formação. Pimenteiras, Bacia do Parnaíba. Programa de Pós-graduação em Geociências, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Tese
de Doutorado em Geologia,169p
Mello, M.R.; Koutsoukos, E.A.M; Santos Neto, E.V. & Telles
Jr, A.C.S. 1993. Geochemical and micropaleontological characterization of lacustrine and marine hypersaline environments from Brazilian sedimentary basins.
In: Source rocks in sequence stratigraphic framework.
Tulsa: p.17-34. (AAPG Studies in Geology, n. 37).
Milani, E.J. 1992. Intraplate tectonics and the evolution of the
Paraná Basin, Brazil. In: De Wit, M.J. & Ransome,
I.D. (eds.). Inversion tectonics of the Cape Fold Belt,
Karoo and Cretaceous basins of Southern África.
Balkema, 101-108.
Milani, E.J. 1997. Evolução Tectono-Estratigráfica da Bacia
do Paraná e seu relacionamento com c Geodinâmica
Fanerozóica do Gondwana Sul-Ocidental. Programa
de Pós-graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Tese
de Doutoramento, 255p.
Milani, E.J. 2004. Considerações sobre a estratigrafia do Fanerozóico no Brasil. II REUNIÃO BRASILEIRA DE
ESTRATIGRAFIA – SBG, Porto Alegre.
Milani, E.J.; Faccini, U.F.; Scherer, C.M.; Araújo, L.M. &
Cupertino, J.A. 1998. Sequences and Stratigraphic
Hierarchy of the Paraná Basin (Ordovician to Cretaceous), Southern Brazil. Boletim IG USP, Série Científica, 29: 125-173.
Milani, E.J.; Melo, J.H.G.; Souza, P.A.; Fernandes, L.A. &
França, A.B. 2007. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2): 265-287.
Milani, E.J. & Ramos, V.A. 1998. Orogenias paleozóicas no
domínio sul-continental do Gondwana e os ciclos de
subsidência da Bacia do Paraná. Revista Brasileira de Geociências, 28(4): 473-484.
Nunes, N.M.M.; Ade, M.V.B.; Rodrigues, R.; Assis, F.B.; Nascimento, F. & Leite, R.T.N. 2017. Oil Biodegradation
in Siliciclastic Reservoir: an Example from Paleogene,
Oliva Block, North of Santos Basin, Brazil. Anuário
do Instituto de Geociências, UFRJ, 40(3): 222-231.
Oliveira, E.B. 2009. Geração não convencional de hidrocarbonetos na região carbonífera de Santa Catarina.
Programa de Pos-graduação em Análise de Bacias e
Faixas Móveis, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, 141p.
Peters, K.E. & Moldowan, J.M. 1993. The Biomarkers Guide:
Interperting Molecular Fossils in Petroleum and Ancient Sediments. New Jersey, Prentice Hall, 363p.
Ribas, L.; Neto, J.M.R.; França, A.B. & Alegre, H.K.P. 2017.
The behavior of Irati oil shale before and after the
pyrolysis process. Journal of Petroleum and Engineering, 152:156-164.
Rodrigues, R. 1995. A geoquímica orgânica na bacia do Parnaíba. Programa de Pós-Graduação em Geociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Tese de
Doutorado, 251p.
Schneider, R.L.; Muhlmann, H.; Tommasi, E.; Medeiros, R.A;
Daemon, R.F. & Nogueira, A.A. 1974. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. Congresso Brasileiro De
Geologia, 28, Porto Alegre. Anais, 1: 41-65.
Silva, C.G.A. 2007. Caracterização Geoquímica Orgânica das
Rochas Geradoras de Petróleo das Formações Irati e
Ponta Grossa da Bacia do Paraná. Programa de pós-
-graduação em química, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Dissertação de Mestrado, 238p.
Sofer, Z. 1984. Stable carbono isotope composition of crue oil:
Application to source depositional environments and
petroleum alteration. American Association of Petroleum Geologists Bulletin, 68(1): 31-49.
Sofer, Z.; Regan, D.R. & Muller, D.S. 1993. Sterane isomerization ratios of oils as maturity indicators and their use
as an exploration tool, Neuquen basin, Argentina. In:
XII CONGRESO GEOLÓGICO ARGENTINO Y II
CONGRESO DE EXPLORACIÓN DE HIDROCARBUROS, Actas I, pp. 407–411.
Thomas Filho, A. & Medeiros, R.A. 1972. Projeto Rio Bonito,
Fase II, Relatório 413, PETROBRAS/DESUL.
Triguis, J.A. 1986. An Organic Geochemical Investigation of
Heat-Effected Sediments in the Paraná Basin, University of New Castle, England, Tese de Doutorado,
p.
Waples, D.W. & Machiara, T. 1991. Biomarkers for gelologists
– A practical guide to the application os steranes and
triterpanes in petroleum geology. American Association of Petroleum Geologists Bulletin, Methods in Exploration, 9:1-91.
White, N.; Thompson, M. & Barwise, T. 2003. Understanding
the structural and thermal evolution of deep-water
continental margins. Nature, 426: 334-343.
Zálan, P.V.; Wolff, S.; Astolfi, M.A.M.; Vieira, I.S.; Conceição,
J.C.J.; Appi, V.T.; Santos Neto, E.V.; Cerqueira, J.R.
& Marques, A. 1991. The Parana Basin, Brazil. In: Interior Cratonic Basin. American Association of Petroleum Geologists, Special Volume, 33: 681-708.
Zálan, P.V.; Wolff, S.; Conceição, J.C.; Marques, A.; Astolfi,
M.A. Vieira, M.I.S.; Appi, C.J. & Zanotto, O.A. 1990.
Bacia do Paraná. In: RAJA GABAGLIA, G.P.; MILANI, E.J. (cord), Origem e evolução de bacias sedimentares, Rio de Janeiro, Petrobrás, 2ª Ed., p. 135-168.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os artigos publicados nesta revista se encontram sob a llicença Creative Commons — Atribuição 4.0 Internacional — CC BY 4.0, que permite o uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, contanto que o trabalho original seja devidamente citado.