Geologia e Mineralização dos Depósitos Auríferos Adão Roduí e Jonas Gimenez no Lineamento Cangas-Poconé, Faixa Paraguai, Centro-Sul do Estado de Mato Grosso
DOI:
https://doi.org/10.11137/2020_4_97_110Palavras-chave:
Grupo Cuiabá, Ouro Orogênico, Minério DisseminadoResumo
A atividade garimpeira é tradicional na região centro-sul do estado do Mato Grosso desde o século XVIII, onde inicialmente as lavras de ouro se davam nos aluviões e atualmente se concentram em filões com ouro livre. Entretanto, recentes verificações mostraram a presença de mineralizações disseminadas, uma forma incomum de ocorrência na região, em dois depósitos – Adão Roduí e Jonas Gimenez – localizados no município de Poconé e no distrito de Cangas, respectivamente. O minério principal é constituído por ouro, em teores significativos, associado a pirita e magnetita subordinadamente. O presente trabalho apresenta a caracterização do minério aurífero contido nestes depósitos, em concentrações que chegam a até 25,15 ppm em rocha total e a 560,25 ppm em concentrados de sulfetos. O minério é hospedado em rochas do Grupo Cuiabá (Faixa Paraguai), de idade neoproterozoica, relacionadas à Orogenia Brasiliana-Pan Africana. As rochas foram metamorfizadas em fácies xisto verde, com evidências de intensa alteração hidrotermal do tipo disseminada, em veio e stockwork, formadores de quartzo, magnetita, pirita e ouro. As rochas hospedeiras são descritas como pacotes espessos de filito e metarritmito, cujo acamamento sedimentar (S0) é sobreposto por três fases deformacionais progressivas (D1, D2 e D3), que aparentemente controlaram a entrada dos fluidos hidrotermais mineralizantes. A fase D1 é geradora de foliação S1 paralela ao acamamento sedimentar, dobras F1 recumbentes e uma família de veios de quartzo V1 de direção NE. A segunda fase deformacional D2 está relacionada a uma foliação penetrativa de alto ângulo S2, plano axial às dobras abertas a suaves, assimétricas e reclinadas F2 e uma família de veios de quartzo V2 foliados e de direção NE. A fase D3 tem características predominantemente rúpteis e é representada por famílias de foliações de direção NW S3, por vezes preenchidas por quartzo formando os veios V3, não foliados. A ocorrência
de ouro associado a assembleias hidrotermais disseminadas ou em veios, com forte controle estrutural e litológico, relacionadas a estruturas deformacionais dúcteis-rúpteis em rochas metamórficas de baixo grau sugerem que as mineralizações estudadas são do tipo ouro orogênico, apresentando similaridades com o depósito de Paracatu, em Minas Gerais, incluindo rochas hospedeiras, alteração hidrotermal, minerais de minério, ambiente tectônico e idade.
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