Acritarcos e prasinófitas do Siluriano da bacia do Amazonas: um poderoso auxílio na calibração bioestratigráfica do Grupo Trombetas

Autores

  • Tereza Regina Machado Cardoso UERJ; Faculdade de Geologia
  • Maria Antonieta da Conceição Rodrigues UERJ; Faculdade de Geologia

DOI:

https://doi.org/10.11137/2005_1_131-142

Resumo

O presente trabalho diz respeito ao estudo do poço 1-AM-1-AM no intervalo de 1.587,80m a 1660,75m que representa a seção mais completa da seqüência de sedimentos do Siluriano da bacia do Amazonas. Foram analisados ainda os testemunhos T-40 ao T-47, liberados pela Petrobrás bem como as sondagens rasas da Eletronorte SM 1015, SM 1016, SM 1O18, SM 1047 e SM 1048 pertencentes às formações Pitinga e Manacapuru (parte inferior). Foram encontrados além dos acritarcos, quitinozoários, criptósporas, escolecodontes e fragmentos de matéria orgânica. Na seção siluriana, o material exibiu elevado índice de abundância de acritarcos bem preservados e com grande diversidade, particularmente em sedimentos da Formação Pitinga. Quarenta e oito espécies de acritarcos foram classificadas. Para cada poço fez-se a distribuição vertical discutindo-se a idade das associações e comparando-as com as datações feitas com base em quitinozoários por Grahn & Melo (1990). De acordo com esses autores mantemos para a Formação Pitinga a divisão informal em membro inferior e membro superior. Para o membro inferior (Telychiano ao Sheinwoodiano), destacam-se principalmente: Domasia limaciforme, Domasia canadensis, Domasia trispinosa, Domasia amphora, Domasia rochesterensis, Dateriocradus monterrosae e Salopidium granuliferum, Cymbosphaeridium pilar, Dactylofusa tenuistriata, Dactylofusa cucurbita, Deunffia furcata, Baltisphaeridium capillatum, Visbysphaera erratica, Micrhystridium intonsurans. O membro superior (Gorstiano), apresenta-se bem definido e separado do membro inferior por um hiato, com as seguintes espécies: Deunffia furcata, Deunffia brevispinosa, Deunffia ramusculosa Tyrannus giganteus, Eisenackidium ramiformis Gorgonisphaeridium bringewoodense, Domasia bispinosa, Domasia trispinosa, Helios aranaides, Micrhystridium stellatum, Neoveryhachium carminae, Multiplicisphaeridium caperoradiola, Leiofusa kiryanovii, Leiofusa filifera, Oppilatala insolita, Pterospermopsis marysae, Veryhachium rhomboidium, Cymbosphaeridium pilar, Cymbosphaeridium cf. ravum, Multiplicisphaeridium fisheri, Dactylofusa striatifera, Polysphaeritae, Visbysphaera microspinosa, Visbysphaera dilatispinosa, Salopidium wenlockensis e Veryhachium europaeum. Segundo Molyneux et al.(1996) muitas dessas espécies tais como Tyrannus giganteus e Perforela perforata, são formas indígenas e que foram descritas no Siluriano Superior da Espanha e norte da África, que poderão ser bons marcadores bioestratigráficos mas a distribuição bioestratigráfica de muitos dessas espécies são imprecisas quando não existe avaliação feita com graptólitos. Para a porção basal da Formação Manacapuru separada do membro superior da Formação Pitinga por um hiato destacamos Baltisphaeridium pilar, B. cariniosum, Multiplicisphaeridium saharicum, M. scaber, Domasia rochesterensis, Dateriocradus monterrosae, Neoveryhachium carminae e Perforela perforata atribuída ao Pridoli, o que está de acordo com a datação de Grahn & Melo (1990) com base em quitinozoários. Deunffia e Domasia são taxa importantes que definem o intervalo Llandovery - Wenlock, cujo valor cronoestratigráfico é inegável uma vez que os mesmos restringem-se mundialmente ao Siluriano. Segundo Cramer (1970a); Le Hérissé (1989) e Molyneux et al. (1996), o registro desses taxa mostra um aumento em abundância próximo o limite Llandovery-Wenlock. O modelo biogeográfico de latitude paralela para os acritarcos do Siluriano segundo Molyneux et al. (1996) está sendo visto com certo ceticismo pelo fato de gêneros como Deunffia e Domasia, considerados de baixa paleolatitude terem sua ocorrência junto com formas de região paleoequatorial. De acordo com o modelo de distribuição de palinofáceis proposto por Cramer (1970) para o Siluriano, os acritarcos da bacia do Amazonas estariam situados no "Brazilian Realm" provavelmente na fácies Neoveryhachium carminae, caracterizada pela alta paleolatitude e clima frio e pela abundância de acritarcos do subgrupo Netromorphitae de Evitt (1963). Le Hérissé (1989) assinalou a ocorrência de Neoveryhachium carminae no Wenlock e Ludlow da Suécia em área de clima tropical (Palinofácies Báltica) durante o Siluriano. Isto contraria o modelo de zoneamento baseado em dados de paleolatitude paralela de Cramer (1970a, apud Cramer & Díez, 1972). O mesmo ocorre na bacia do Amazonas, que durante o Siluriano ocupou região de alta latitude. Temos ocorrência de acritarcos característico de baixa paleolatitude como Domasia amphora, Deunffia monospinosa e Tylotopala piramidalis, associadas à formas de alta paleolatitude como Dactylofusa maranhensis, Baltisphaeridium capillatum, Baltisphaeridium aniae, Tyrannus giganteus, e Perforela perforata. Fato também ocorrido no Llandovery superior da Jordânia, na bacia de Ghadames (Líbia) e na bacia Tindouf no oeste da Argélia, segundo (Molyneux et al., 1996).

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Publicado

2005-06-01

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Seção

Artigos